Fábio Pozzebom/ABr
Sob a presidência de Michel Temer, o PMDB reúne nesta quarta (6), em Brasília, o seu Conselho Político.
Sócio majoritário da coligação de Dilma Rousseff, o partido tenta curar as feridas abertas na primeira fase da campanha.
Entre todas, a fratura mais exposta é a da Bahia. Candidato derrotado ao governo baiano, Geddel Vieira Lima tornou-se um paço de mágoas.
Reduzido a um quarto lugar, Geddel sentiu-se preterido por Lula e, sobretudo, por Dilma. Acha que foi desrespeitado um compromisso.
Ficara acertado que, onde houvesse dois candidatos governistas, seria acionada a tática do palanque duplo.
Lula gravaria mensagens de apoio para os dois. Ou não gravaria para nenhum. Na Bahia, só levou o rosto à campanha vitoriosa de Jaques Wagner (PT).
Pelo acordo, Dilma escalaria os dois palanques. Na Bahia, só frequentou os comícios de Wagner.
Pior: na reta final da campanha, Dilma declarou que só apoiava um candidato: Wagner.
Para Geddel, Lula e Dilma dedicaram a ele tratamento de adversário, não de aliado. Por isso, demora-se em dizer como vai se comportar no segundo turno.
É improvável que Geddel evolua para o rompimento. Ele integra o grupo de Temer, que é vice de Dilma.
A cúpula do PMDB move-se para agendar um encontro do magoado com a candidata. Acena-se com a participação de Geddel num eventual governo Dilma.
Na busca da pretendida unidade, o PMDB tenta, de resto, mobilizar os diretórios estaduais que, no primeiro turno, apoiaram Serra ou ficaram em cima do muro.
No primeiro grupo inclui-se o Mato Grosso do Sul. Reeleito numa disputa contra Zeca do PT, o governador André Puccinelli fechou com José Serra.
Foi um apoio mais retórico do que efetivo. Puccinelli não se animou a levar Serra à sua propaganda. Agora, o PMDB pede que evolua, pelo menos, para a "neutralidade".
Nesta terça (5), o governador pronunciou uma frase curiosa: “O Serra perde a eleição no segundo turno, mas mantenho meu apoio a ele”.
Ou seja, à sua maneira, Puccinelli começa a entregar a encomenda do PMDB federal. Mais do que neutro, tornou-se um aliado tóxico de Serra.
Na ala do muro, inclui-se o diretório do PMDB do Rio Grande do Sul. Foi às urnas com José Fogaça, derrotado pelo petista Tarso Genro.
O PMDB gaúcho não declarou apoio formal a Serra. Mas um pedaço do partido fez campanha para o tucano. Algo que o grupo de Temer tenta agora reverter.
Nos subterrâneos, a direção do PMDB esgrime dois argumentos. Num, realça que a presença de Temer na chapa de Dilma desaconselha a desunião.
Noutro, recorda que a unidade será indispensável quando chegar a hora de negociar a participação da legenda num futuro governo que considera certo.