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Cotada para o ministério de Dilma Rousseff, a diretora da Petrobras Graça Foster foi às páginas deste domingo (14) em posição, digamos, incômoda.Em notícia veiculada na Folha, a repórter Fernanda Odila conta que Colin Vaughan Foster, marido de Graça, mantém negócios com a Petrobras.
Chama-se C.Foster a empresa do cônjuge da ministeriável. Opera no ramo da tecnologia. Comercializa componentes eletrônicos.
Entre 2005 e 2007, a C.Foster firmou com a Petrobras um mísero contrato. A partir de 2007, os negócios se avolumaram.
Naquele ano, por indicação de Dilma, Graça foi guindada ao posto de diretora de Energia e Gás da estatal petroleira.
Desde então, a firma do marido dela assinou mais 42 contratos com a Petrobras, 20 dos quais sem licitação.
Até aqui, a C.Foster faturou na Petrobras pouco mais de meio milhão de reais: R$ 614 mil, para ser exato.
Dilma prestigia Graça –gestora de cara crispada e fama de brava— desde 2003, início da gestão Lula.
Primeiro, Dilma acomodou Graça, formada em engenharia, no quadro de assessores do Ministério de Minas e Energia.
Na sequência, Dilma avalizou o nome de Graça para posições de relevo na Petrobras. Antes de virar diretora, ela comandara a Petroquisa e a BR Distribuidora.
Em 2004, quando o companheiro José Dirceu ainda dava as cartas no Planalto, aportou na Casa Civil uma “denúncia” contra Graça.
Acusaram-na de favorecer a empresa do marido. Graça era, então, gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
Em ofício endereçado a Dilma, nessa época ainda sentada na cadeira de ministra de Minas e Energia, Dirceu cobrou explicações.
Acionada, a Petrobras proveu os esclarecimentos. Em documento oficial, anotou que "surgiram críticas contundentes" contra Graça.
Às críticas, somaram-se “denúncias de irregularidades nos negócios com a C.Foster". Denúncias de funcionários.
Diz o texto que foram detectadas "evidências de que houve prejuízos à Petrobras". O ofício não dimensiona o dano nem dá nome aos responsáveis.
Apenas informa que a comissão constituída para apurar o episódio “não encontrou provas de má-fé ou intuito de auferir vantagens financeiras".
Mais: “Não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”.
De resto, o texto acrescenta que, antes de assumir o cargo de gerente que ostentava à época, Graça informara à estatal que casara-se com o dono da C.Foster.
Dera detalhes: oficializada em 1994, a união fora precedida de 13 anos de namoro.
No texto do ofício enviado a Dirceu, a Petrobras reforça a fama de durona de Graça, chamada no texto pelo nome, não pelo apelido:
No texto do ofício enviado a Dirceu, a Petrobras reforça a fama de durona de Graça, chamada no texto pelo nome, não pelo apelido:
"Cumpre agregar que, nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças [Foster] era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor...”
“...Dado principalmente, como veio a externar a comissão, o modo com que tratava seus subordinados'."
A reportagem ouviu a Petrobras sobre a multiplicação de contratos com a C.Foster nos últimos três anos.
A estatal informou que Graça Foster não levou a assinatura a nenhum dos contratos firmados com a empresa do marido.
Esclareceu que tais contratos "não foram realizados por qualquer área subordinada à diretora de Gás e Energia".
E quanto à ausência de licitação? Segundo a Petrobras, nos 21 casos em que isso ocorreu, as compras somaram menos de R$ 10 mil cada uma.
Abaixo desse valor, diz a lei, a licitação não é exigida. Por que se multiplicaram os contratos a partir de 2007?
Alegou-se que a Petrobras "tem processos de pequenas compras realizadas diretamente e descentralizadas pelas unidades da companhia".
Esclareceu-se que a C.Foster não é a única fornecedora. No ramo em que opera (componentes eletrônicos) as compras da Petrobras somam R$ 10 milhões por ano.
Procurada a C.Foster não respondeu aos telefonemas.
Um dos cargos para os quais Graça Foster está cotada na futura gestão Dilma é a Casa Civil.
A mesma repartição de onde Erenice Guerra foi desalojada por conta de relações familiares e governamentais que resultaram em inusitadas “taxas de sucesso”.