Lula Marques/Folha
O pano de fundo é a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado. Havia um pré-acordo entre as duas legendas.
Previa que, na Câmara, seria reproduzido na próxima legislatura (2011-2014) o rodízio que vigorou na atual (2006-2010).
Funcionou assim: o PT presidiu a Câmara por dois anos, com Arlindo Chinaglia. E o PMDB deu as cartas por um biênio, com Temer.
No gogó, a reprodução do acerto havia sido combinada entre Temer e o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Porém...
Porém, as bancadas do PT (deputados e senadores) levaram o pé à porta. Exigem que o Senado entre no rodízio.
O PMDB responde: Não, de jeito nenhum, esqueçam.
O argumento do PMDB, repisado por Temer na entrevista desta quinta, é o de que, no Senado, o regimento interno impede um acerto.
Reza o regimento que a maior bancada tem a prerrogativa de indicar o presidente do Senado.
Em reforço à posição de seu partido, Temer evoca o acordo PMDB-PT que vigora hoje. Coisa celebrada em 2006:
"Naquela vez, nós não envolvemos o Senado, por causa do regimento da Casa, que estabelece que a maior bancada é titular do cargo [de presidente]".
Candidato do PMDB à presidência da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) diz que a exigência do PT em relação ao Senado tornou-se pedra na trilha do entendimento.
Henrique Alves afirma que o "confronto" não é o melhor caminho. Porém, será "inevitável" se o PT insistir em empurrar o Senado dentro do caldeirão da Câmara.
Como se vê, começou cedo, muito cedo, cedíssimo o lufa-lufa entre os sócios majoritários da coligação que dará suporte congressual a Dilma Rousseff.