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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Exército detecta volta do tráfico no morro do Alemão

Joel Silva/Folha

Decorridos dois meses e meio da “ocupação” policial-miltar do Complexo do Alemão, no Rio, traficantes de drogas voltaram a operar na área.

É o que informam relatórios confidenciais redigidos pelo CIE (Centro de Inteligência do Exército).

Obtidos pelo repórter Pedro Dantas, os dados foram acomodados em noticia veiculada nesta terça (11).

Os documentos anotam a localização de novos pontos de venda de drogas. Mencionam também o refinamento dos métodos dos criminosos.

Por exemplo: num dos “bairros” do Alemão –a Favela da Galinha— a bandidagem opera uma boca de fumo itinerante.

Para contornar o risco de prisão, mobilizaram-se olheiros. Antes estáticos, agora vigiam a movimentação de militares e policiais sobre rodas, em mototaxis.

Além das drogas, começam a voltar também os atos de violência contra moradores.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio investiga dois assassinatos ocorridos na Vila Cruzeiro, “ocupada” três dias antes do Alemão.

Suspeita-se que as vítimas tenham sido executados por traficantes. Uma foi passada nas armas. A outra feneceu a pauladas.

Com o auxílio da Marinha, que forneceu blindados sobre esteiras, a polícia carioca ganhou as ruas da Vila Cruzeiro em 25 de novembro do ano passado.

Três dias depois, com o reforço do Exército e da Aeronáutica, a PM fincou as bandeiras do Brasil e do Rio no ponto mais alto do Alemão.

Acompanhada ao vivo, a primeira operação produziu a fuga de cerca de 200 bandidos. Exibidos pela TV Globo, migraram da Vila Cruzeiro para a vizinha localidade da Grota, no Alemão.

Alardeada de véspera, a “invasão” do Alemão, em 28 de novembro, foi às manchetes como uma guerra sem tiros.

De novo, a grossa maioria dos marginais fugiu. Registraram-se as prisões de alguns poucos gatos pingados.

Desfeiteadas, as autoridades policiais prometeram uma caça aos bandidos. Desde então, as detenções só ganharam as manchetes de raro em raro.

A pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB), Lula autorizou o ministro Nelson Jobim (Defesa) a prorrogar a presença do Exército no Alemão e na Vila Cruzeiro.

Hoje, uma atmosfera de precariedade ameaça o moral da tropa. Há soldados que se encontram na área há arrastados 40 dias.

Dispõem de instalações impróprias. O alojamento mais vistoso foi instalado numa sala da estação do teleférico do Morro do Adeus, pedaço do Alemão.

Ali, não há senão colchões espalhados pelo chão. As paredes estão forradas de fotos de traficantes procurados. Não há local adequado para as refeições.

Mantido esse cenário, o alegado triunfo de novembro não tardará a consolidar-se como uma vitória de Pirro.