A Organização dos Estados Americanos (OEA) lembrou nesta quarta-feira em uma sessão de seu conselho permanente o primeiro aniversário do terremoto do Haiti com um compromisso "sustentado e de longo prazo" com a recuperação do país caribenho.
Para o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, a data é "um dia triste e solene", ao lembrar a "tragédia de proporções históricas" que representou o terremoto que assolou o Haiti em 12 de janeiro de 2010, deixando mais de 200 mil mortos, um número similar de feridos e 1,5 milhão de desabrigados.
"O trabalho pela frente é ainda enorme e os desafios e obstáculos são arrasadores, mas devemos perseverar, devemos isso a todos no Haiti e à memória dos que morreram", declarou Insulza. "Devemos reconhecer que a comunidade internacional só pode ter sucesso no Haiti com o apoio do Governo e do povo do Haiti", acrescentou.
Por sua vez, o representante do Haiti, Duly Brutus, expressou sua "emoção" e agradeceu "o gesto da OEA de homenagear a memória das vítimas de 12 de janeiro". Brutus classificou a reconstrução do Haiti como um "dever histórico" e manifestou "a convicção" de que o povo do Haiti "poderá recuperar-se".
Durante a reunião do conselho permanente realizada na sede do organismo multilateral em Washington, discursaram diversos embaixadores que expressaram sua solidariedade ao Haiti e seu apoio para assentar as bases do futuro desenvolvimento do país. A representante do Brasil, Márcia Maro da Silva, cujo país lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), expressou a necessidade de "fortalecer as instituições" haitianas para um desenvolvimento sustentável.
Igualmente, o embaixador adjunto dos EUA diante da OEA, Milton Drucker, assinalou que "o momento crítico no Haiti será o da transferência oportuna de poder para realizar uma recuperação bem-sucedida e sustentada". Por isso, acrescentou, "pedimos ao Governo haitiano para que transmita o mais rápido possível um calendário eleitoral para a transferência efetiva de poder, segundo as recomendações da Missão da Comunidade do Caribe (Caricom) e OEA".
Um relatório da equipe técnica da Missão de Observação Eleitoral da OEA e a Comunidade do Caribe (Caricom), que visitou recentemente o país, "será entregue nos próximos dias" ao Governo do presidente René Préval e ao Conselho Eleitoral Provisório do país caribenho. O conselho terá de decidir agora se aceita as recomendações da OEA antes de ditar a data do segundo turno, previsto inicialmente para 16 de janeiro, embora as autoridades já tenham descartado sua realização nessa data.
A minuta do relatório, já vazado para a imprensa, aponta que, após revisar os votos do primeiro turno, o segundo lugar será do cantor e candidato Michel Martelly, em detrimento do governista Jude Celestin. Deste modo, os dois candidatos que disputariam a Presidência do Haiti no segundo turno seriam Martelly e a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, vencedora do primeiro turno.