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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Incêndios anulam efeitos de serviços ambientais por Redd na Amazônia

Segundo pesquisa, queimadas crescem mesmo onde o corte é reduzido.
Alternativa seria aplicar agricultura intensiva para minimizar impactos.
Serviços de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd) aplicados na Amazônia brasileira evitam o envio de gases poluentes na atmosfera, mas a ocorrência de queimadas é 59% maior em áreas em que o desmatamento foi reduzido. Este problema poderia ser minimizado com uma gestão adequada das terras, que reduz em até 69% a incidência de queimadas. Se não houver cuidado, porém, as emissões provenientes de incêndio podem anular parcialmente o efeito do carbono não enviado com serviços de Redd.


As conclusões fazem parte do estudo "A incidência de Fogo na Floresta Amazônica com implicações para Redd" (do inglês, em tradução livre), divulgado nesta quinta-feira (3) e publicado na edição desta semana da revista "Science".

Foto: Luiz Aragão/ Divulgação

Segundo autores, as chances de incêndio aumentam em áreas desmatadas e também onde as taxas de corte foram reduzidas. (Foto: Luiz Aragão/ Divulgação)

Desenvolvida por Luiz Aragão e Yosio Shimabukuro, a pesquisa analisou imagens de satélite sobre desmatamento e incêndio na Amazônia geradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo os autores, as consequências da aplicação de serviços de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (Redd) sobre os riscos de incêndio na floresta ainda são mal compreendidas.


De acordo com o estudo, a ocorrência de incêndios em anos de seca na Amazônia emite quantidade de poluentes similar ao carbono proveniente de áreas de desmatamento. O problema poderia se agravar no século 21, que será provavelmente mais seco, segundo os autores.

Foto: Luiz Aragão/ Divulgação

Com uso de agricultura intensiva, a incidência de queimadas poderia ser reduzida em até 69%. (Foto: Luiz Aragão/ Divulgação)

A pesquisa considera três tendências sobre o uso da terra na Amazônia. Na primeira, os incêndios poderiam diminuir com a redução do desmatamento. Na segunda, as queimadas aumentariam mesmo com menos corte de florestas. A terceira hipótese considera que a mudança de gestão extensiva de terras para um método intensivo poderia reduzir os incêndios
Os autores avaliaram que a ocorrência de queimadas aumenta na maior parte das áreas em que há desmatamento. As imagens também mostraram, porém, que o fogo continua a se agravar em 59% das áreas com redução nas taxas de desmatamento. As maiores taxas de incêndio foram observadas no sudeste e no centro do Pará, no nordeste do Mato Grosso, no norte de Rondônia e no Maranhão.

Segundo o estudo, a frequência de incêndios associada ao desmatamento mecanizado para plantações comerciais de soja, por exemplo, é maior se comparada a formas menos invasivas de se limpar a terra. A chance de queimadas, porém, é similar em qualquer forma de uso da terra quando pelo menos 25% da área já foi desmatada. Quando o uso da agricultura intensiva é usado em mais de 35% do terreno, observa-se uma queda na chance de incêndios que pode ser de até 69%.