Marcelo Justo/Folha
Ao defender a fixação do reajuste do salário mínimo para R$ 540, Lula como que enfraqueceu os pendores governistas de Paulinho da Força.
Presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) divulgou uma nota. Escreveu: "No final de seu mandato, o presidente Lula...”
“...Parece querer que esqueçamos que seus oito anos de governo foram direcionados para o enfrentamento das desigualdades sociais".
Já sob Dilma Rousseff, o governo enviará à Câmara uma MP (medida provisória) fixando o valor da mínima remuneração a vigorar em 2011.
Paulinho avisa que, na pele de deputado, vai enganchar na MP um par de emendas. Numa, proporá que o mínimo suba para R$ 580.
Noutra, sugerirá a elevação de 10% para os aposentados que recebem do INSS benefícios acima do piso.
Curiosamente, Paulinho é filiado ao mesmo PDT de Carlos Lupi, o brizolista que Lula nomeara para a pasta do Trabalho e que Dilma acaba de confirmar no posto.
Em entrevista veiculada no sábado (24), na Folha, Lupi destoara do governo ao advogar um mínimo de R$ 560.
Ao insinuar que levará às últimas consequências os R$ 580 preconizados pelas centrais sindicais, Paulinho destoa muito mais.
Como que decidido a constranger o governo que supostamente apoia, o deputado realça em sua nota os dividendos políticos da política de valorização do mínimo.
Anota que, tal política, acertada pelo governo com os mandarins do sindicalismo em 2006, "teve forte impacto nos índices recordes de aprovação do presidente Lula".
O diabo é que os R$ 540 refugados por Paulinho respeitam, com rigor matemático, o acordo deitado sobre o papel quatro anos atrás.
Acertara-se que reajuste anual do salário mínimo incorporaria a inflação do ano anterior mais a variação do PIB dos dois anos anteriores.
Em 2007 e 2008, o PIB cresceu 6,1% e 5,2% respectivamente. Algo que vitaminou os reajustes de 2009 e 2010.
No ano passado, sob os efeitos da crise financeira international, o PIB registrou queda de 0,6%. Daí o aumento mixuruca de 2010.
No dizer de Lula, as centrais não podem querer que o acordo vigore apenas nas fases de vacas gordas. Paulinho dá de ombros.
“Os insensíveis tecnocratas, ainda enraizados na área econômica, insistem em dar um pífio aumento para o salário mínimo”, escreve na nota.
A rebeldia do deputado expõe a fragilidade da (i)lógica que norteia o mercado persa da composição do primeiro escalão do governo.
Em tese, os partidos aquinhoados com ministérios deveriam retribuir com apoio político e votos no Congresso. Na prática, dá-se coisa diversa.
Lula e Dilma não podem nem alegar surpresa. Paulinho sempre foi um “aliado” de conveniência. É movido a vantagen$, não a ideologias.
Enquanto pareceu vantajoso, fez o contraponto à CUT, braço sindical do petismo. Foi governo sob Collor e sob FHC.
Celebrou na era tucana convênios que desandaram em malfeiros que, hoje, frequentam os escaninhos do Judiciário ações movidas pelo Ministério Público.
Em 2002, Paulinho foi candidato a vice na chapa de Ciro, então no PPS. Tratado a pão e água no primeiro reinado de Lula, apoiou o tucano Alckmin em 2006.
Reeleito Lula, achegou-se de novo ao governo e aos cofres. Estreitou sua inimizade com a CUT.
Brindado com o ministério do Trabalho, lambuzou-se nos repasses do imposto sindical, empurrou o PDT para dentro da coligação de Dilma e deu sobrevida a Lupi.
Agora, Paulinho posa para sua clientela como um governista de resultados, do tipo que belisca o bônu$ sem se comprometer com o ônus. Uma beleza.
Ao defender a fixação do reajuste do salário mínimo para R$ 540, Lula como que enfraqueceu os pendores governistas de Paulinho da Força.
Presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) divulgou uma nota. Escreveu: "No final de seu mandato, o presidente Lula...”
“...Parece querer que esqueçamos que seus oito anos de governo foram direcionados para o enfrentamento das desigualdades sociais".
Já sob Dilma Rousseff, o governo enviará à Câmara uma MP (medida provisória) fixando o valor da mínima remuneração a vigorar em 2011.
Paulinho avisa que, na pele de deputado, vai enganchar na MP um par de emendas. Numa, proporá que o mínimo suba para R$ 580.
Noutra, sugerirá a elevação de 10% para os aposentados que recebem do INSS benefícios acima do piso.
Curiosamente, Paulinho é filiado ao mesmo PDT de Carlos Lupi, o brizolista que Lula nomeara para a pasta do Trabalho e que Dilma acaba de confirmar no posto.
Em entrevista veiculada no sábado (24), na Folha, Lupi destoara do governo ao advogar um mínimo de R$ 560.
Ao insinuar que levará às últimas consequências os R$ 580 preconizados pelas centrais sindicais, Paulinho destoa muito mais.
Como que decidido a constranger o governo que supostamente apoia, o deputado realça em sua nota os dividendos políticos da política de valorização do mínimo.
Anota que, tal política, acertada pelo governo com os mandarins do sindicalismo em 2006, "teve forte impacto nos índices recordes de aprovação do presidente Lula".
O diabo é que os R$ 540 refugados por Paulinho respeitam, com rigor matemático, o acordo deitado sobre o papel quatro anos atrás.
Acertara-se que reajuste anual do salário mínimo incorporaria a inflação do ano anterior mais a variação do PIB dos dois anos anteriores.
Em 2007 e 2008, o PIB cresceu 6,1% e 5,2% respectivamente. Algo que vitaminou os reajustes de 2009 e 2010.
No ano passado, sob os efeitos da crise financeira international, o PIB registrou queda de 0,6%. Daí o aumento mixuruca de 2010.
No dizer de Lula, as centrais não podem querer que o acordo vigore apenas nas fases de vacas gordas. Paulinho dá de ombros.
“Os insensíveis tecnocratas, ainda enraizados na área econômica, insistem em dar um pífio aumento para o salário mínimo”, escreve na nota.
A rebeldia do deputado expõe a fragilidade da (i)lógica que norteia o mercado persa da composição do primeiro escalão do governo.
Em tese, os partidos aquinhoados com ministérios deveriam retribuir com apoio político e votos no Congresso. Na prática, dá-se coisa diversa.
Lula e Dilma não podem nem alegar surpresa. Paulinho sempre foi um “aliado” de conveniência. É movido a vantagen$, não a ideologias.
Enquanto pareceu vantajoso, fez o contraponto à CUT, braço sindical do petismo. Foi governo sob Collor e sob FHC.
Celebrou na era tucana convênios que desandaram em malfeiros que, hoje, frequentam os escaninhos do Judiciário ações movidas pelo Ministério Público.
Em 2002, Paulinho foi candidato a vice na chapa de Ciro, então no PPS. Tratado a pão e água no primeiro reinado de Lula, apoiou o tucano Alckmin em 2006.
Reeleito Lula, achegou-se de novo ao governo e aos cofres. Estreitou sua inimizade com a CUT.
Brindado com o ministério do Trabalho, lambuzou-se nos repasses do imposto sindical, empurrou o PDT para dentro da coligação de Dilma e deu sobrevida a Lupi.
Agora, Paulinho posa para sua clientela como um governista de resultados, do tipo que belisca o bônu$ sem se comprometer com o ônus. Uma beleza.