Dilma estuda medidas contra os efeitos do real forte
Alan E.CoberNo rol de temas que inquietam Dilma Rousseff a sobrevalorização do real ocupa posição de destaque.
Desde maio, o real valorizou-se 11% em relação ao dólar. Considerando-se os dois reinados de Lula, a alta acumulada supera os 100%.
Empurrada para dentro do elevador a contragosto, a moeda brasileira tornou-se uma das mais sobrevalorizadas do planeta.
Em consequência, produtos importados, mais baratos que os nacionais, invadem o mercado brasileiro. Na outra ponta, decaem as exportações.
O repórter Brian Winter informa: para conter os efeitos da encrenca cambial, Dilma cogita agir em duas frentes. Numa, deve salgar as taxas do Imposto de Importação.
Noutra, deve aliviar a carga de tributos cobrados de determinados setores nacionais. Uma forma de proteger a produção doméstica e tonificar as exportações.
No pedaço que prevê a imposição de barreiras aos produtos estrangeiros, a estratégia prevê a ampliação de providência que Lula acaba de adotar.
No apagar das luzes de sua gestão, o presidente elevou de 20% para 35% o Imposto de Importação de 14 tipos de brinquedos.
A providência golpeou sobretudo os fabricantes da China, que despejam brinquedos nas prateleiras do Brasil a preços mais convidativos que os similares nacionais.
Estima-se que a mesma tática será adotada em relação a outros setores. Quais? Os operadores de Dilma se esquivam de informar.
Embora não seja a melhor maneira de combater a distorção cambial, a imposição de barreiras tarifárias é vista como mecanismo de defesa legítimo.
Cada país protege-se como pode. Os EUA emitem dólares. A China resiste em valorizar a sua moeda.
Ao Brasil, restaria a adoção de medidas pontuais. Para conter a entrada de dólares especulativos no país, por exemplo, Lula elevou o IOF...
Agora, para conter a enxurrada de importados que ameaçam os empregos de brasileiros, acena-se com a radicalização das tarifações.
Num cenário ideal, a queda da taxa de juros produziria uma correção mais saudável dos desacertos da taxa de câmbio. Porém...
Porém, fustigado por uma inflação que soluça, o Banco Central não contempla a hipótese de podar os juros no curto prazo.
Ao contrário, crescem as expectativas de que os juros sejam puxados para o alto no alvorecer da gestão de Dilma Rousseff.