"Tudo o que se espera é que ele parta, o resto não tem qualquer interesse para nós", afirmou o conselheiro diplomático de Alassane Ouattara, o presidente eleito da Costa do Marfim. Ali Coulibaly reagia, assim, à oferta feita ontem por Laurent Gabgbo para negociar uma "saída pacífica" para a crise.
A oferta de Gbagbo, que perdeu as presidenciais de 28 de Novembro, mas insiste em manter-se no poder, foi feita aos mediadores da União Africana (UA) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que, na segunda-feira, se deslocaram a Abidjan para tentar - mais uma vez - pôr fim à crise que já fez perto de 200 mortos, mais de 20 mil refugiados e paralisou o país.
Para Ouattara, que a comunidade internacional reconhece como presidente eleito, e o seu campo "já chega de negociações" com Gbagbo, em quem já não confiam. E nem a promessa de que ele iria levantar o cerco ao hotel Golf, onde Ouattara se encontra sob protecção de capacetes azuis, alterou a posição do homem que ganhou as eleições.
Por outro lado, o primeiro-ministro do Quénia, Raila Odinga, que foi a Abidjan em nome da UA, afirmou que uma "solução de partilha de poder", como a utilizada no Quénia e no Zimbabwe, está absolutamente fora de questão.
A CEDEAO, que se fez representar pelos presidentes Boni Yayi (Benim), Ernest Koroma (Serra Leoa) e Pedro Pires (Cabo Verde), manteve a ameaça de uma operação militar se Gabgbo se recusar a deixar o poder. Segundo várias fontes, a operação está já em preparação, mas analistas questionam-se sobre a forma como ela irá ser concretizada, tendo em conta que Gbagbo continua a ter o apoio do exército, o que leva a temer um banho de sangue em Abidjan.
A França, que tem 900 militares na Costa do Marfim para proteger os 15 mil franceses que ali se encontram e apoiar os capacetes azuis, já fez saber que os seus soldados "não têm qualquer vocação para se imiscuir" nos assuntos internos daquele país africano. O Presidente Nicolas Sarkozy, ao fazer esta declaração, sublinhou que segue "atentamente a situação" e que o Chefe do Estado da Costa do Marfim "é Alassane Ouattara e foi escolhido pelos marfinenses".