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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aliados na eleição, sindicatos testam 'amor' de Dilma


Como previsto, representantes das seis maiores centrais sindicais do país reuniram-se em São Paulo. Aqui, a íntegra da nota divulgada nas pegadas do encontro.

Quem lê conclui: depois de apoiar Dilma Rousseff na campanha eleitoral, os barões do sindicalismo já não se reconhecem nela.

Decidiram pedir uma audiência à presidente. Querem checar se a Dilma que subiu a rampa do Planalto é a mesma Dilma que acaba de descer do palanque.

Se recebidos, darão uma oportunidade à Dilma da posse de provar que é a Dilma recomendada por aquele Lula com raízes políticas na porta de fábrica.

Em seu documento, as centrais requisitam a Dilma a apresentação de três provas de amor:

1. Em vez de elevar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 540, desejam que Dilma ofereça R$ 580.  

Anotam no documento que índice de reajuste proposto pelo governo (5,88%) não cobre nem a mordida da inflação de 2010 (6,47%).

2. Pedem que 80% do reajuste do mínimo seja repassado aos aposentados que recebem do INSS valores superiores à menor remuneração do país.

Cobra-se uma “política de reajuste para as pensões e aposentadorias que recebem acima do salário mínimo”.

3. Querem, de resto, que Dilma corrija a tabela do Imposto de Renda pelo índice de inflação de 2010 (6,47%).

Por quê? “Sem esta correção, virariam fumaça os aumentos reais de salário conquistados por inúmeras categorias profissionais”.

Unidas, as seis centrais esboçaram um calendário de manifestações. A primeira será na terça-feira (18) da semana que vem, na Avenida Paulista.

Prometem que, em 24 de janeiro, Dia do Aposentado, manifestantes irão às ruas das principais capitais do país.

Se Dilma provar que é Dilma, se recobrar a antiga afeição, os protestos serão interrompidos. Do contrário, prosseguirão.

As centrais realçam que, negociada sob Lula, a política de valorização do mínimo fez sorrir 47 milhões de pessoas (aumento real de 54,3% em oito anos).

Recordam à nova Dilma que foram os “índices de popularidade” de Lula que “redundaram na eleição” da Dilma de três meses atrás.

Torcem o nariz para as prioridades do governo. Mas, como que decididos a ressuscitar Dilma, atribuem a falta de foco aos auxiliares dela:

Corte de gastos públicos, arrocho do crédito e congelamento do salário [...], como propostos pela equipe econômica, é tudo o que o país não precisa”.

As centrais tentam converter a Dilma do Planalto em refém eterna da retórica eleitoral da Dilma dos palanques. Terão de entrar na fila.

Depois de descer das nuvens da campanha para o chão escorradio do cotidiano administrativo, Dilma viu-se compelida a fugir de outros cativeiros.

A tesouradas, tenta escapar do cerco inflacionário. A canetadas, administra os apetites de PT e PMDB. Se deixar, aprisionam-lhe a autoridade.