Para senador, governo federal não reage à falta de integração do bloco
Paula Sholl
Senador Eduardo Azeredo (MG)
Brasília (21) – Razões burocráticas e ideológicas têm impedido o avanço de acordos comerciais do Mercosul – Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina – com a União Européia e Estados Unidos, considerados mercados promissores. "O Brasil está ficando tolhido em função dessa aliança aduaneira", avalia o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (MG).
Para o senador, o bloco econômico não pode exercer a política da restrição e deve, sim, procurar acordos com os mercados desenvolvidos. "O Mercosul está na adolescência, é um bloco novo. Mas, lamentavelmente, o governo não tem dado a atenção devida para resolver os problemas dessa adolescência, que diz respeito à falta de integração", lamenta Azeredo.
Por questões ideológicas, o governo brasileiro tem desprezado os acordos com os mercados europeu e americano. Ele prefere uma política de acolhimento de países alinhados com seu pensamento, como a Venezuela, de Hugo Chávez. Com isso, o Brasil perde espaço no mercado europeu.
"Nós estamos assistindo passivamente a União Européia assinar acordo com Colômbia, Chile e Peru. Ao invés de procurar uma defesa da Venezuela, devemos concentrar esforços para destravar as amarras do Mercosul. A eventual entrada da Venezuela vai trazer problema para o bloco", afirma o senador, recordando a lentidão na discussão sobre o acordo comercial.
Para o embaixador Rubens Barbosa, há muito para ser resolvido no bloco econômico. "Temos problemas sérios para resolver na Argentina e Uruguai, Colômbia e Venezuela. E, pior, o Brasil tomou partido da Venezuela. É preciso saber o que a Venezuela tem a oferecer", ensina Rubens Barbosa. Ele dá como exemplo a dificuldade financeira da Argentina.
As negociações entre os blocos tiveram início há dez anos, mas estão paralisadas há seis em função de um impasse sobre a liberalização no setor agrícola. Só agora, com reunião da Cúpula União Europeia/América Latina, encerrada nesta segunda-feira (17), foram retomadas as negociações para um acordo de livre comércio.
De acordo com o comentarista Carlos Alberto Sardenberg, a responsabilidade pela não realização dos acordos comerciais é basicamente do Mercosul e do Brasil, não da Europa. As barreiras são enormes. Como exemplo, o produto destinado à Argentina, que passa antes pelo Brasil, é tarifado duas vezes. "Isso não ocorre em blocos comerciais", alerta Sardenberg.
"Para se ter uma idéia de como o Mercosul está atrasado, a União Européia começou a negociar com o bloco dos países sul-americanos, com o Brasil no meio, antes de vários outros países. Nesse processo todo, em que as negociações com o Mercosul não andaram e ficaram estagnadas, a União Européia fechou acordo de livre comércio, só aqui na América Latina, com Colômbia, Peru, Chile e México", diz o jornalista.
O Chile, por exemplo, firmou acordo de livre comércio com Estados Unidos, União Européia, Japão, Índia e China, num total de oito. Com a sua abertura econômica, o país andino ampliou seu acesso ao mercado asiático, em função da redução das barreiras tarifárias e não tarifárias, além de ter aumentado a demanda dos principais produtos exportados.
Fonte: Agência Tucana








