Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Reunião fechada vaza no sistema de som do Planalto

Renato Araújo/ABr

Reuniu-se nesta quarta (17), a porta fechadas, o conselho político do governo. Participaram líderes partidários, ministros e Lula.

Um pedaço da reunião vazou pelo sistema de som do Planalto. O descuido só foi percebido pouco depois que Lula entrou na sala.

Antes que a transmissão involuntária fosse interrompida, ouviram-se do lado de fora diálogos entre reveladores e esdrúxulos.

A certa altura, líderes de partidos que integram o consórcio governista pressionaram o Planalto a apoiar projeto de legalização dos bingos.

Líder do PR, o deputado Sandro Mabel (GO) disse que parte do dinheiro auferido com a jogatina poderia ser usada para tonificar as arcas da saúde.

Com isso, disse o deputado, o governo não precisaria criar um novo tributo para custear as despesas do SUS.

O líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, afirmou que as verbas do bingo poderiam ter outra serventia.

Financiariam um reajuste maior do salário mínimo que vai vigorar a partir de 2011.

Presente ao encontro, o relator do Orçamento da União, senador Gim Argello (PTB-DF) disse que há “margem” para conceder ao mínimo um reajuste mais expressivo.

Mas, sem saber que sua voz era ouvida fora da sala, Argello fez uma inconfidência.

Disse que o ministro Carlos Gabas (Previdência) lhe pediu que “segurasse em R$ 540” o valor do novo mínimo.

Por quê? Segundo Argello, o ministro está preocupado com a incapacidade financeira das prefeituras.  

Argello disse que, se o salário mínimo for fixado agora numa cifra entre R$ 560 e R$ 600, vai a R$ 700 no ano que vem.

Preocupados, os prefeitos teriam produzido um abaixo assinado com as assinaturas de 600 executivos municipais.

Nesse ponto, o empresário Sandro Mabel dirigiu ao sindicalista Paulinho um gracejo infeliz:

“Paulinho, nesta questão do aumento do salário, precisa tomar cuidado. O povo quando fica rico, fica mais exigente”.

Numa intervenção feita minutos antes, Paulinho levara à mesa uma ameaça ao futuro governo de Dilma Rousseff.

Disse que haverá uma greve nacional de policiais militares se não for aprovado no Congresso um projeto que institui o piso salarial para PMs e bombeiros.

A ameaça de Paulinho soou depois que o líder de Lula na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) sugeriu que a análise do projeto fosse adiada para 2011.

“É preciso continuar firme e não permitir que se crie dificuldades para o novo governo”, disse Vaccarezza.

Ecoando o deputado, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) também encareceu aos congressistas que não aprovassem projetos que criem novas despesas.

Referia-se a duas propostas: a que interessa a policiais e bombeiros e a que eleva os contracheques dos servidores da Justiça Federal.

Bernardo orçou o primeiro em R$ 43,5 bilhões. Quanto ao segundo, estimou que sorverá R$ 7 bilhões das arcas do Tesouro.

O ministro insinuou que há no Judiciário funcionários que recebem salários acima do teto: “Como vai dar reajuste se o cara ganha mais que o teto?"

Súbito, Lula entrou na sala de reuniões. E o som que borrifava as vozes para além das paredes foi cortado. Uma pena.

Centrais sindicais podem ter horário semanal na TV

Miran

Avança na Câmara um projeto de lei que concede às centrais sindicais dez minutos por semana nas emissoras de televisão e rádio de todo país.

O texto foi aprovado nesta quarta (17) pela comissão de Trabalho da Câmara. Prevê o seguinte:

1. As peças produzidas pelas centrais sindicais irão ao ar entre 6h e 22h todas as terças-feiras.

2. A veiculação pode ser feita em bloco de dez minutos ou subdividida em inserções de 30 segundos a um minuto.

3. As centrais sindicais poderão tratar em seus programas de três temas: A) Matérias de interesse de seus representados...

...B) Mensagens sobre sua atuação sindical; e C) Divulgação da posição das centrais em relação a assuntos “político-comunitários”.

4. A exibição não será facultativa, mas obrigatória. O horário das centrais será inscrito no Código Brasileiro de Telecomunicacões.

5. O código foi sancionado em 1962 (lei número 4.117). Fixa as obrigações das emissoras de rádio e TV.

6. O contribuinte brasileiro pagará a conta da veiculação dos programas das centrais sindicais.

7. A exemplo do que ocorre com o horário eleitoral e com os programas anuais dos partidos políticos, as emissoras poderão abater os custos de seus tributos.

O texto referendado pela comissão de Trabalho foi redigido pelo deputado Roberto Santiago (PV-SP). Dá-se ao documento o nome de “substitutivo”.

A peça resulta da fusão de outros dois projetos. Um de autoria de Vicentinho (PT-SP). Outro de Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).

Manuela propunha que os programas sindicais fossem diários –dez minutos para cada central, de domigo a domingo.

Vicentinho sugeria a veiculação semanal, às terças. Mas queria obrigar as emissoras a levar as peças das centrais ao ar em horário nobre –entre 20h e 22h.

De resto, além das inserções semanais, o deputado petista desejava instituir um programa anual para as centrais –dois minutos para cada uma em rede nacional.

O substitutivo de Roberto Santiago tramita pelas comissões da Câmara em caráter “conclusivo”.

Significa dizer que, se aprovado pelas comissões, vai direto para o Senado, sem passar pelo plenário da Câmara.

Vencida a etapa da comissão de Trabalho, restam mais duas votações: uma na comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação. Outra na comissão de Justiça.

Há no Brasil seis centrais sindicais formalmente reconhecidas pelo Ministério do Trabalho.

Considerando-se que cada uma disporá de dez minutos, o brasileiro corre o risco de ter de ouvir e assistir a uma hora de lero-lero sindical por semana.

Era só o que faltava!

Temer diz que ministério estará ‘acertado’ até dia 15

Num instante em que o PMDB de Michel Temer eletrifica na Câmara suas relações com o PT de Dilma Rousseff, o vice foi convidado pela titular para um café.

À saída da conversa com Dilma, Temer disse meia dúzia de palavras sobre a formação do ministério que tomará posse em 1º de janeiro de 2011:

Conversamos sobre a formação de governo, mas é a longo prazo. Até dia 15 [de dezembro] estará tudo acertado”.

Promotor vai acusar o PT no júri do caso Celso Daniel

Nesta quinta (18), vai a júri popular o primeiro réu do caso Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André assassinado em 2002.

Chama-se Marcos Roberto Bispo dos Santos. Será julgado no Fórum de Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

Responsável pela acusação, o promotor Francisco Cembranelli vai injetar o PT na sustentação oral que fará diante dos jurados.

Para o promotor, Celso Daniel foi morto por encomenda de quadrilha que desviava verbas das arcas de Santo André para contas prticulares e para o caixa dois do PT.

“Havia um grande esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André. A morte de Celso Daniel foi encomendada”, diz Cembranelli.

O ex-prefeito foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002. Seu corpo foi encontrado dois dias depois, numa estrada de terra de Itapecerica.

Segundo o promotor, Celso Daniel “tinha ciência da corrupção” que roía os cofres do município. Por isso, “contrataram sua morte quando ameaçou tomar providências”.

“Está documentado”, diz Cembranelli. “Existem vários processos em Santo André contra essas pessoas que dilapidaram o patrimônio público...”

O início do júri devolverá às manchetes um fantasma que retorna de tempos em tempos para assombrar o PT.

Dias atrás, a Justiça Federal converteu em réu numa ação penal sobre o caso o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e o PT.

Gilbertinho, como Lula o chama, é acusado de transportar verbas desviadas de Santo André para o então presidente do PT, José Dirceu. Ele nega a acusação.

Marcos Bispo deve ser julgado à revelia. Procurado por um oficial de Justiça na semana passada, ele não foi encontrado.

O juiz Antonio Augusto Galvão de França, de Itapecerica, decretou a prisão do réu. Advogado do acusado, Adriano Marreiro dos Santosdiz que sedu cliente não comparecerá ao júri.

Lula: PT deve respeitar ‘direito’ do PMDB no Senado

Lula Marques/Folha

Na contramão dos planos do PT, Lula associou-se à pretensão do PMDB de indicar o próximo presidente do Senado, a ser eleito em fevereiro de 2011.

Em movimento deflagrado na semana passada, o petismo passou a “exigir” que as presidências das duas Casas do Legislativo sejam negociadas em conjunto.

Deseja-se reproduzir no Senado o pré-acordo que prevê o rodízio no exercício da presidência da Câmara –dois anos para o PT, dois para o PMDB.

Contrário à pretensão, o PMDB reagiu em dois lances. Num, relançou José Sarney para sua quarta presidência no Senado.

Noutro, festejou a formação de um megabloco na Câmara com PMDB, PP, PR, PTB e PSC. Se vingar, soma 202 deputados.

Em diálogos privados, Lula diz que o PT erra ao esticar a corda. Precipita um debate que só deveria entrar em pauta no início do próximo ano.

Acha que o acirramento de ânimos, inconveniente e prematuro, perturba o processo de composição do ministério de Dilma Rousseff.

Quem ouviu Lula ficou com a impressão de que ele defende para 2011 a reprodução do acordo que vigorou no seu governo.

Refere-se ao acerto que possibilitou o revezamento entre o petê Arlindo Chinaglia e o pemedebê Michel Temer na presidência da Câmara. 

Insinua que, no Senado, o PT deveria respeitar o “regimento”, que atribui à maior bancada o “direito” de indicar o presidente. Exatamente como quer o PMDB.

Alheio à vontade de Lula, o petismo mantém, por ora, as lanças levantadas. Na Câmara, tenta por em pé um bloco à esquerda.

O PT planeja unir-se ao PSB, PCdoB e PDT. Se chegar a um acordo, disporá de um aglomerado de 165 votos. Menos que os 202 do bloco rival.

De resto, o petismo passou a esgrimir uma tese segundo a qual a maioria do PMDB no Senado é “relativa”. Um dos operadores do PT esmiuçou o raciocínio ao repórter.

Disse: no papel, o PMDB vai dispor de 21 senadores na próxima legislatura. Dois são dissidentes: Jarbas Vasconcelos (PE) e Luiz Henrique (SC).

Dois, por “independentes”, não oferecem ao governo a segurança do voto: Pedro Simon (RS) e Roberto Requião (PR).

Outros dois, com problemas na Justiça Eleitoral, têm os mandatos ameaçados: Marcelo Miranda (TO) e Gilvan Borges (AP).

Arrematou: excluindo-se dissidentes, independentes e ameaçados, a “bancada efetiva” do PMDB cai de 21 para 15 senadores.

Acrescentou: na hidpdótese de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) virar ministro, o suplente José Eduardo Dutra, presidente do PT, assume a vaga de senador.

Nesse caso, a bancada do partido, que elegeu 14 senadores, também passaria a dispor de 15 cabeças. Daí a insistência com que o partido de Lula reivindica a reprodução no Senado do rodízio previsto para a Câmara.

Nas suas conversas privadas, Lula deixou antever a intenção de agir para serenar os ânimos. Revelou-se surpreso com o excesso de animosidade.

Nos últimos oito anos, sempre que Lula levou o seu prestígio ao tabuleiro do Congresso o PT perdeu algo.

Na Câmara, Lula "fabricou" uma presidência para Aldo Rebelo (SP), do minúsculo PCdoB. No Senado, prestigiou Sarney, contra o petista Tião Viana (AC). 

Tiriricando!

Clayton
- Via 'O Povo'. Aqui, as últimas sobre a nova investida do promotor

Alckmin anuncia 4 secretários; 2 da equipe de Serra

  Eduardo Knapp/Folha
O governador eleito Geraldo Alckmin anunciou nesta terça (16) a primeira fornada de secretários do governo de São Paulo.

Divulgou quatro nomes. Dois integraram o secretariado de José Serra e um é amigo do ex-governador.

Na estratégica Casa Civil, Alckmin acomodou o ex-deputado estadual Sidney Beraldo.

Ele já presidiu o PSDB-SP e a Assembléia Legislativa do Estado.

Sob Serra, Beraldo comandou a Secretaria de Gestão Pública, responsável pelo funcionalismo.

Na eleição de 2010, Beraldo iria às urnas como suplente do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ex-chefe da Casa Civil de Serra.

Terminou cedendo a vaga de suplente numa composição que o tucanato fez com o PMDB depois que Orestes Quércia, doente, desistiu de concorrer ao Senado.

Na Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência, Alckmin manteve a médica Linamara Rizzo Battistella.

Nomeada por Serra, Linamara já havia sido mantida no posto por Alberto Goldman, o vice que assumiu o governo depois que o titular virou candidato à Presidência.

Para a Secretaria da Saúde, Alckmin indicou o médico Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP.

Giovanni é amigo de Serra. Laços de amizade ligavam-no também ao ex-titular da pasta, Luiz Roberto Barradas Barata, que morreu durante a campanha eleitoral.

Por último, Alckmin anunciou o preenchimento da Casa Militar. Vai ao posto o coronel Admir Gervásio, atual corregedor da Polícia Militar.

O cheiro de Serra que exala dos primeiros nomes do time de Alckmin revela mais do que o desejo de continuidade manifestado durante a campanha.

Alckmin sinaliza a intenção de pacificar o PSDB paulista, fechando as feridas abertas na eleição municipal de 2008.

Naquele ano, Alckmin disputara a prefeitura à revelia da vontade de Serra, que apoiara a reeleição de Gilberto Kassab (DEM).

Avalizado por Serra, um pedaço do PSDB fizara campanha para Kassab, contra Alckmin. Em 2010, Alckmin pagou a traição com lealdade.

Expôs Serra em sua propaganda de governador desde o primeiro turno. Exibia o presidenciável tucano quando todos os “aliados” o escondiam.

Agora, num instante em que Kassab arma-se para enfrentá-lo em 2014, Alckmin empurra para dentro de sua equipe ex-auxiliares e amigos de Serra.

TSE cassa registro de Marcelo Miranda, eleito no TO

  Folha
Por cinco votos a dois, o TSE cassou na noite desta terça (16) o registro da candidatura de Marcelo Miranda, senador eleito pelo PMDB do Tocantins.

Com essa decisão, Miranda fica impedido de assumir, em fevereiro de 2011, a recém-conquistada cadeira de senador.

Preferido de 340,9 mil eleitores –25,41% dos votos válidos—, Miranda emergira das urnas como segundo colocado.

Agora, vai ao Senado o terceiro colocado, Vicentinho Alves, do PR. Obteve 332,2 mil votos –8,7 mil a menos que Miranda.

Junto com Vicentinho, representará o Tocantins no Senado outro senador eleito pelo PR: João Ribeiro (375 mil votos).

Miranda teve o mandato de senador passado na faca graças a Lei da Ficha Limpa. Ele havia sido cassado pelo TSE em setembro do ano passado.

Ocupava à época a cadeira de governador do Tocantins. O tribunal condenou-o por abuso do poder político.

Deu-se num processo em que Miranda foi acusado, entre outras coisas, de distribuir cheques a eleitores na eleição de 2006.

Reza a Lei da Ficha Limpa que políticos alvejados por sentenças de colegiados de juízes tornam-se inelegíveis.

A despeito da condenação pretérita do TSE, o TRE-TO havia deferido o registro da candidatura de Miranda ao Senado.

O caso subiu ao TSE graças a um recurso do Ministério Público Eleitoral. Miranda ainda pode recorrer ao STF.

Mantida a sentença desta terça, o PMDB perde uma cadeira no Senado. A bancada da legenda cai de 21 para 20 senadores.

STM libera à Folha processo da ditadura contra Dilma

Arte/UOL

Corria o mês de março de 2010. Dilma Rousseff arrumava as gavetas na Casa Civil. Preparava-se para ir aos palanques.

Presidente do STM (Superior Tribunal Militar), o ministro Carlos Alberto Soares tomou uma providência inusitada.

Uma dessas decisões que, quando escapam à autocensura, deveriam chegar às bancas de jornal envoltas em plástico escuro.

Carlos Alberto mandou ao cofre do tribunal o processo que a ditadura militar abriu contra Dilma e cerca de 70 companheiros de armas.

O ministro passou no segredo um papelório velho de 40 anos. A Folha pediu para folhear os autos. O ministro negou.

O jornal protocolou um mandado de segurança. Na petição, invocou o seu direito constitucional à informação. Carlos Alberto indeferiu.

No par de vezes em que deu bom dia à censura, o presidente do STM alegou que queria evitar a exploração política dos papéis.

Nesta terça (16), em sessão plenária, os ministros que compõem o STM julgaram um recurso da Folha contra a decisão de Carlos Alberto.

Relator do caso, o ministro Marcos Torres votou contra o jornal. Escorou-se numa alegação insólita.

Disse que o acesso ao processo que resultou na prisão e tortura de Dilma representaria invasão à intimidade e à privacidade da presidente eleita.

Graças aos votos de outros dez ministros, o bom senso prevaleceu sobre o ponto de vista do relator. O jornal foi, finalmente, autorizado a manusear o processo.

A ministra Maria Elizabeth Rocha, que assessorou Dilma na Casa Civil antes de ser guindada ao STM, tentou impor uma limitação ao acesso.

Disse que os pedaços do processo que contêm relatos de tortura deveriam ser mantidos sob sigilo.

Por quê? Para preservar a intimidade dos envolvidos. A posição de Maria Elizabeth foi rejeitado por seus colegas.

Um deles, o ministro Artur Vidigal de Oliveira, foi ao ponto: "Não existe liberdade de imprensa pela metade".

Assim que a decisão for publicada, o que deve ocorrer na semana que vem, a Folha poderá apalpar o trecho da história de Dilma que se encontra no cofre.

O julgamento desta terça deveria ter ocorrido antes da eleição presidencial. Mas a sessão sofreu dois adiamentos.

A última protelação ocorrera em 19 de outubro, em pleno segundo turno da campanha presidencial.

Deveu-se a uma intervenção da AGU (Advocacia-Geral da União), órgão que pende do organograma da Presidência da República.

Embora não tivesse patavina a ver com o peixe, a AGU requereu no STM o direito de manifestar-se nos autos. Tentou azedar a decisão desta terça, protelando-a.

Argumentou que Dilma e as outras sete dezenas de pessoas citadas no processo que a Folha deseja tatear deveriam ser ouvidas sobre a liberação dos papéis. Perdeu.

Desse modo, com atraso, o jornal está na bica de revelar o naco de história que o STM escondeu no cofre e que a campanha petista se absteve de iluminar.

Difícil compreender os receios que levaram à censura que sonegou à platéia um trecho da biografia de Dilma do qual ela diz se orgulhar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Além do flerte com PMDB, Kassab fala em ir para PSB

ABr

Liderança graúda do DEM, o prefeito paulistano Gilberto Kassab parece mesmo decidido a levar a oposição à xepa. Age no atacado e no varejo.

No atacado, Kassab tentou trocar o hardware oposicionista do DEM por circuitos que rodassem o programa governista do PMDB.

No varejo, Kassab fala mal de companheiros de partido e acomoda na banca que montou na feira partidária um 'Plano B'.

Há três dias, o prefeito teve um diálogo privado com o tucano Márcio Fortes (RJ), candidato derrotado a vice-governador do Rio, na chapa de Fernando Gabeira.

Kassab disse a Fortes que cogita trocar o DEM pelo protolulista PSB. Contou que trataria do tema com o padrinho José Serra, a quem deve o cargo de prefeito.

Até então, sabia-se que o prefeito considerava a hipótese de se mudar para o PMDB do vice-presidente eleito Michel Temer.

Explicou a novidade do PSB de maneira singela: a legenda presidida pelo governador pernambucano Eduardo Campos carece de lideranças no Sudeste e no Sul.

Ou seja: no PMDB, Kassab seria “mais um”. No PSB, ocuparia o posto de principal liderança no pedaço de baixo do mapa do Brasil.

Tomado pelo que diz nos subterrâneos, Kassab tornou-se um político capaz de tudo, menos de fazer oposição à gestão de Dilma Rousseff.

Tentou empinar a fusão do DEM com o PMDB. Encontrou resistências. Na quinta-feira (11) da semana passada, fustigou os opositores pelas costas.

Deu-se num almoço que o prefeito ofereceu, em sua casa, a expoentes do DEM. Presente, Jorge Bornhausen ponderou:

Se o DEM fosse à fusão como se encontra hoje, dividido e desorganizado, seria engolido pelo PMDB. E muitos tomariam outro rumo.

A certa altura, foi à mesa o nome de Rodrigo Maia, presidente do DEM. E Kassab: “Esse rapaz esteve comigo no sábado passado e disse que era a favor da fusão...”

“...Só não queria negociar com o Eduardo Paes [prefeito do Rio], mas com o [Sérgio] Cabral [governador do Rio]”.

Em privado, Rodrigo diz aos amigos que Kassab mente. Estiveram juntos no domingo anterior, não no sábado.

Rodrigo discorreu sobre as dificuldades que a fusão com o PMDB imporia ao DEM do Rio. Eduardo Paes é inimigo de seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia.

Com Sérgio Cabral, o diálogo seria possível, mas para eventuais coligações futuras, não para a fusão.

No repasto de quinta, Kassab também mastigou ACM Neto (DEM-BA). Disse que o deputado também quer a fusão, só que com o PSDB.

Sob reserva, ACM Neto também desdiz Kassab. Não almeja a fusão. Apenas dissera que, havendo a fusão com o PMDB, não lhe restaria senão migrar para o PSDB.

Dois dias depois de morder os companheiros de partido na sala de refeições, Kassab abriu as portas de sua casa para Rodrigo Maia.

Em conversa que contou com a presença de Jorge Bornhausen, viu-se compelido a aceitar a ideia de divulgar uma nota negando a tese da fusão.

Na sequência, pôs-se a empinar a tese da renovação da direção partidária. Passou a impressão de que iria à presidência do DEM, desalojando Rodrigo da cadeira.

Simultaneamente, esboça o Plano B. Em meio ao flerte com o PMDB, levou ao baralho, na conversa com Márcio Fortes, a carta do PSB.

Qualquer ‘B’ lhe serve, desde que abra uma brecha até Dilma e o tonifique para a queda de braço que deseja travar com o tucano Geraldo Alckmin em 2014.

República Seminova!

Humberto

PSB complica articulação para levar Dutra ao Senado

  Antônio Cruz/ABr
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, cultiva em segredo o plano de assumir uma cadeira no Senado em fevereiro de 2011.

Para que a intenção se converta em realidade, basta que o senador Antonio Carlos Valadares (SE), líder do PSB, vire ministro.

Acomodado na equipe de Dilma Rousseff, Valadares teria de se licenciar do mandato. No seu lugar, assumiria o suplente.

Como se chama o primeiro suplente de Valadares? José Eduardo Dutra. Sim, ele mesmo, o mandachuva do PT.

A operação parecia caminhar bem. A Dilma interessa ter Dutra no Senado. Assumiria a liderança do PT na Casa.

Súbito, a cúpula do PSB expediu um aviso: não se opõe à nomeação de Valadares para o ministério. Mas, se for à Esplanada, vai na cota de Dilma, não na do partido.

PMDB fala em ‘trocar’ a Integração pelos Transportes


No lufa-lufa em que se converteu a composição do ministério de Dilma Rousseff, o PMDB ajustou o discurso.

Antes, quebrava lanças para manter sob seu controle as seis pastas que recebeu de Lula. Agora, admite o intercâmbio de pastas.

Já não faz questão, por exemplo, da Integração Nacional, cobiçada pelo PSB –uma legenda que cresceu nas urnas de 2010 e que Dilma deseja premiar.

Como generosidade e PMDB são valore$ inconciliáveis, o partido do vice Michel Temer pede em troca o Ministério dos Transportes.

Na visão do PMDB, a Integração é, por assim dizer, laranja chupada. Sua obra mais relevante, a transposição do São Francisco, já foi licitada.

Afora alguns empreendimentos mixurucas do PAC, a pasta proporcionaria mais enroscos do que dividendos.

Traz no organograma um órgão-problema (Defesa Civil) uma autarquia falida (Denocs) e uma logomarca de ação restrita ao Nordeste (Codevasf).

No Ministério dos Transportes, ao contrário, concentram-se as principais obras do PAC. Ali, as arcas são mais fornidas.

Para 2011, estima-se que a rubrica de investimentos da pasta roçará a casa dos R$ 17 bilhões.

Há duas pedras no caminho do PMDB: 1) o PR controla os Transportes e não admite abrir mão do posto. 2) o PT ambiciona o mesmo ministério.

De volta a Brasília, Dilma inicia montagem da equipe

Folha

Depois de passar o final de semana em Porto Alegre, Dilma Rousseff viajou para Brasília na tarde desta segunda (15).

Voou nas asas da FAB. E instalou-se em seu novo endereço na Capital: a Granja do Torto.

No início da noite, Dilma recebeu dois petistas que integram o gabinete de transição: os deputados Jose Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo.

Presidente do PT, Dutra coleciona os anseios dos partidos que se dispõem a prover apoio congressual a Dilma.

Nessa fase da montagem do ministério, vão ao tabuleiro os nomes dos candidatos a ministro.

Para desassessego dos partidos, Dilma não tem pressa. Seus operadores informam que a equipe só deve ser fechada na segunda quinzena de dezembro.

A soma dos anseios é maior do que o número de pastas disponíveis. Significa dizer que a equação resultará em insatisfeitos.

Imagina-se que, misturadas ao peru do Natal e às lentilhas do Ano Novo, as frustrações tendem a ser engolidas pela atmosfera de festa. A ver.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PSDB e PPS analisam hipótese de fundir as legendas

  Fotos: ABr e Folha
Sem alarde, PSDB e PPS analisam a viabilidade e a conveniência de fundir as duas legendas numa só.

As conversas, ainda embrionárias, começaram há duas semanas, nas pegadas da derrota do tucano José Serra para a petista Dilma Rousseff.

Coube ao senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) procurar o deputado eleito Roberto Freire (SP), presidente do PPS federal.

Ex-chefe da Casa Civil do governo Serra em São Paulo, Aloysio propôs a fusão.

Escorou a ideia numa apreensão legislativa. Disse que, juntas, as legendas teriam maior poder de fogo no Congresso.

O PSDB saiu das urnas de 2010 com 53 deputados e 11 sedadores. O PPS, com 12 deputados e um senador.

Na cabeça de Aloysio, a nova legenda abrigaria os “descontestes” de outros partidos –do PMDB ao DEM, passando por PDT e PSB.

Citou-se o exemplo do senador Jarbas Vasconcelos (PE), um oposicionista aninhado no protogovernista PMDB.

O debate ocorre num instante em que o tucanato tenta fazer a digestão de sua terceira derrota presidencial.

O senador eleito Aécio Neves (MG) fala em “refundar” o PSDB. FHC cobra a defesa explícita do legado da era tucana no governo federal.

O repórter foi ouvir Roberto Freire. Ele confirmou o contato de Aloysio Nunes e admitiu que as conversas caminham.

Deu a entender que atribui ao PSDB, não ao seu PPS, a iniciativa dos próximos movimentos: “Ninguém faz fusão a partir de um partido minoritário”.

Disse: para que a articulação avance, o PSDB precisa, primeiro, se convencer de que precisa buscar reforço, incorporando setores da “esquerda democrática”.

Depois, seria necessário “ter clareza do que vai ser esse novo partido”. Como assim?

“Não pode ser um amontoado, um ajuntamento”, disse Freire. “O Brasil não precisa de outro PMDB”.

Para Freire, se o objetivo for apenas o de dar maior efetividade às ações da oposição no Congresso, a formação de um bloco oposicionista pode resolver o problema.

Na hipótese de evoluir para a fusão, PSDB e PPS flertam com um risco que seus dirigentes parecem desconsiderar.

Da fusão resultaria uma terceira legenda, com programa e estatuto novos. Algo que desobrigaria os congressistas dos dois partidos do compromisso da fildelidade.

Pela lei, os filiados do PSDB e do PPS estariam livres para buscar refúgio em outras legendas. Tornariam-se alvos automáticos da cooptação governamental.

Maia e Kassab medem forças pelo comando do DEM

Partido prepara nota negando plano de fusão com PMDB
Conflagrada, legenda discute substituição de  dirigentes

  Divulgação
Parceiro de derrota do tucano José Serra, o DEM atravessa uma crise que pode converter em realidade o sonho de Lula de “extirpar” a legenda de cena.

No último sábado (3), o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, voou do Rio, onde mora, para São Paulo.

Encontrou-se com o prefeito Gilberto Kassab e com o ex-senador Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM.

A dupla disse a Rodrigo que deseja antecipar as eleições internas para a “renovação” do quadro de dirigentes do partido.

A coisa começaria nos municípios, iria aos Estados e alcançaria o DEM federal.

Tudo até o meio do ano, não no final de 2011, como estava previsto.

Assim, com sutileza de elefante, Kassab e Bornhausen informaram ao interlocutor que almejam apeá-lo do posto de presidente.

Como pretexto, mencionou-se a tese segundo a qual a injeção de sangue novo vai “fortalecer” o partido, preparando-o para a eleição municipal de 2012.

Se é assim, respondeu Rodrigo, o primeiro passo é exorcizar o fantasma da fusão com o PMDB. Eliminada a falta de nexo, o DEM iria cuidar, sem pressa, de sua reestruturação.

Patrono da ideia de empurrar o DEM para dentro de uma legenda aliada de Lula e sócia de Dilma Rousseff, Kassab concordou. Bornhausen tampouco fez objeção.

Nos próximos dias Rodrigo divulgará uma nota. No texto, negará o desejo de fusão e dirá que o DEM continua na oposição.

A súbita recuperação dos pendores oposicionistas de Kassab e Bornhausen é vista de esguelha por seus próprios pares:

Ouça-se, por exemplo, o deputado Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM: “Isso é história da carochinha...”

“...O que eles querem é colocar o Kassab na presidência do partido para, depois, voltar com a ideia da fusão com o PMDB...”

“...Há duas maneiras de prestar serviço ao governo. Uma é a adesão do DEM ao PMDB...

“A outra é fazer papel de quinta coluna, fomentando a briga na nossa trincheira, no instante em que deveríamos cuidar da estruturação do partido na oposição”.

O bloco antifusão inclui outros expoentes do DEM. Entre eles Agripino Maia (RN) e Demóstenes Torres (GO), dois senadores que sobreviveram ao tsunami Lula.

A resistência, aparentemente majoritária, forçou Kassab a reordenar sua infantaria. Aconselhado por Bornhausen, o prefeito recolheu momentaneamente as armas.

Toma fôlego, esboça a investida contra a presidência de Rodrigo Maia e equipa o paiol para o embate final.

Na parte que diz respeito à fusão, a batalha do DEM é um filme preto e branco. Na batalha pelo controle da legenda, há uma área cinzenta.

Nem todos os que se opõem à rendição ao governo são contrários à substituição de Rodrigo Maia. É nessa zona de sombras que Kassab se move.

Gente como Caiado promete levantar barricadas: "Comigo vão ter trabalho. Não me peçam a solidariedade do suicídio..."

"...Lula falou em extirpar o DEM. Querem dar a ele a autoextirpação. Vou lutar com todas as minhas forças para evitar".

Proclamação da República


 A proclamação da República teve nuances de golpe militar, pois tinha apoio em setores das Forças Armadas, sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca.
A derrocada do Império estava planejada para o dia 20 de novembro de 1889. No final do dia 14 divulgou-se a notícia, mais tarde sabida falsa, de que o movimento estava descoberto e seriam presos o republicano Benjamin Constant e o Marechal Deodoro da Fonseca: isto precipitou o golpe para a madrugada do dia 15 de novembro.
O primeiro movimento dos republicanos foi tomar o quartel-general do Rio de Janeiro e o Ministério da Guerra, onde foi preso o presidente do Conselho de Ministros do Império, o Visconde de Ouro Preto.
As escaramuças não encontraram resistência, pois o movimento tinha amplo apoio popular. O ato de proclamação, na tarde do dia 15, foi cominado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
O imperador, em Petrópolis, pensando que se tratava de pressão para substituir o Ministério, tratou de organizar um novo, sob a presidência do conselheiro José Antônio Saraiva, mas, para sua surpresa, na manhã do dia 16, o major Frederico Sólon entregou a D. Pedro II o comunicado que o cientificava da proclamação da República e “solicitava” a sua partida para a Europa.
Clique na imagem e leia o Decreto n° 1 da República dos Estados Unidos do Brasil, assinado pelo Marechal Deodoro da Fonseca