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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

CGU blinda Erenice Guerra às vésperas da eleição

Leandro Colon, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A três dias das eleições, a Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou a conclusão de auditorias em contratos mencionados no escândalo que derrubou Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. O resultado da CGU blinda Erenice, não aprofunda o tráfico de influência de seus parentes, e não aponta qualquer indício de ligação dela com os episódios investigados. No máximo, admite que ela já foi sócia de um escritório contratado pelo governo.
Veja também:
As auditorias da CGU começaram no dia 14 de setembro a pedido do presidente Lula em meio ao movimento para dar respostas políticas durante o escândalo que levou à queda do braço-direito da ex-ministra e presidenciável Dilma Rousseff (PT). Em apenas duas semanas e às vésperas da eleição, o órgão do governo apresentou seus principais resultados, favoráveis para Erenice.
Para a CGU, o episódio que culminou com a queda da ex-ministra não teve qualquer irregularidade contratual. O empresário Rubnei Quicoli acusa integrantes da Casa Civil de tentarem intermediar o pedido de financiamento - para um projeto de usina solar - feito pela empresa ERDB ao BNDES. A CGU não aborda isso e explica: "A CGU concluiu que o pleito de financiamento teve o tratamento técnico previsto nas normas internas do BNDES e que o mesmo não foi aprovado por não atender aos requisitos exigidos pelos normativos internos daquela instituição financeira".
Segundo a controladoria, não houve também qualquer irregularidade na compra do remédio Tamiflu, no ano passado. De acordo com a revista Veja, Vinicius Castro, ex-assessor da Casa Civil, recebeu R$ 200 mil de propina pela compra do medicamento. A CGU também afirma que não houve falhas nas multas aplicadas à Matra Mineração, empresa ligada ao marido de Erenice.
A CGU investigou ainda a contratação - revelada pelo Estado - do escritório Trajano e Silva Associados pela Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Uma irmã de Erenice, Maria Euriza, era funcionária do órgão e autorizou, em agosto de 2009, a contratação, sem licitação, do escritório, cujo um dos sócios era um irmão delas, Antônio Alves Carvalho. A CGU afirma que ele entrou oficialmente na sociedade só em novembro. Só que o advogado Márcio Silva, um dos sócios do escritório, informara por escrito ao Estado que o irmão de Erenice era sócio desde fevereiro do ano passado. Márcio Silva, aliás, é o advogado de campanha de Dilma.
A CGU revela que a própria Erenice já foi do quadro societário dessa banca. a auditoria admite falhas no processo de contratação sem licitação, mas minimiza o episódio, fazendo apenas recomendações. "A CGU está recomendando à EPE maior cuidado e precisão no enquadramento das hipóteses de inexigibilidade de licitações e recomendando que a empresa fundamente suas futuras contratações com base em amplas pesquisas de preço". Segundo a CGU, todos os relatórios serão enviados à Polícia Federal.
A auditoria da CGU aponta problemas num contrato entre o Ministério das Cidades e a Fundação da Universidade de Brasília (FUB), que teria o envolvimento de José Euricélio Alves de Carvalho, irmão de Erenice. Diz que há irregularidades de R$ 2,1 milhões pelo pagamento de um produto que não atendeu à demanda do ministério. A CGU, porém, não diz que o irmão de Erenice seria o culpado direto por isso. Faz somente uma ressalva: "O que se tem até o momento é constatação de que ele foi assessor na Secretaria Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana (Semob) do Ministério das Cidades, e contratado pela Editora UnB, em períodos próximos e seguidos, na época dos fatos", diz.

TRE proíbe divulgação de nova pesquisa no PR

 EVANDRO FADEL - Agência Estado

O juiz auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná Luciano Carrasco acatou requerimento da coligação Novo Paraná, que tem o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) como candidato ao governo do Estado, e proibiu a divulgação da pesquisa do Ibope, prevista para sábado, véspera das eleições. Esta é a sexta pesquisa com divulgação impugnada no Estado. Registrada sob número 22.938/2010 no TRE, a previsão é ouvir 2002 pessoas entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro.
Richa liderava as pesquisas de opinião, mas, tão logo os números começaram a apontar um empate técnico com o candidato da coligação A União faz um Novo Amanhã, Osmar Dias (PDT), partiu para representações visando impedir a divulgação. O argumento é de "inconsistência do plano amostral", uma das exigências da Resolução 23.190/2009, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na nova representação, Carrasco acatou a argumentação, destacando particularmente os porcentuais acerca do nível econômico, visto que teriam sido usados índices de estudos anteriores, feitos pelo próprio Ibope, que ele já havia rejeitado. "Não se sabe de onde foram colhidos os percentuais que deram ensejo aos índices anteriores", registrou, no processo, Carrasco.
A pesquisa anterior, também impugnada, estava registrada sob número 22.376 no TRE e deveria ter sido divulgada no dia 23 de setembro. De acordo com o juiz, outro problema refere-se à fonte dos índices de ponderação. No pedido de registro, o Ibope citou que utilizaria os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) de 2008. "Já existe o do ano de 2009, cuja diferença relevante foi trazida pelo jornal Gazeta do Povo na matéria do dia 29/09/2010, o que revela distorção que não pode ser levada para a amostragem", afirmou Carrasco.
A diretora do Ibope, Márcia Cavallari Nunes, disse que o instituto recorreria da decisão, enquanto os pesquisadores continuam em campo. Segundo ela, o Ibope fará até o fim das eleições 140 pesquisas no País e todas têm o mesmo formato de registro, com a mesma fonte de dados para amostra, mas houve impugnação somente no Paraná. "A legislação diz que tem que informar, mas não obriga a usar esta ou aquela fonte", afirmou. A diretora disse que no Pnad 2009, que foi divulgado no início de setembro, "proporcionalmente não há mudança significativa na comparação da base de dados". 


Análise: Debate da Globo entre os presidenciáveis


Os quatro principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff(PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) fizeram um debate morno na noite desta quinta-feira, 30. O evento promovido pela Rede Globo foi o último do primeiro turno. Dilma e Serra, os dois primeiros colocados nas pesquisas, fugiram do confronto direto, e não fizeram perguntas um para o outro.

 Veja os melhores momentos do debate:

0h22 - Plínio diz que “a guerra vai continuar. A guerra é derrubar esse muro que separa você de seus direitos. Eu estou falando para o futuro, para os jovens. É preciso ter coragem, tenacidade, é preciso é força. É preciso falar as coisas como elas são. 60 anos de vida pública, exílio, perda de cargo, perda de mandato. Mas valeu a pena. Se a juventude levar adiante o meu projeto. Viva o Brasil!”
0h20 – Dilma, em suas considerações finais, disse estar feliz por ter tido a chance de conhecer pessoas, e cita o Bolsa Família, o Luz para Todos e a criação de empregos. “Estou preparada para ser a primeira mulher presidente da República se você me der seu voto, que eu peço humildemente. Pode contar comigo, eu vou contar com vocês também.”
00h18 – Em suas considerações finais, Serra afirma ter estado em todos os debates. “Através de uma imprensa livre, que é o que eu defendo no nosso País”, diz. O candidato tucano pede votos e que seus eleitores consigam mais votos. “O que eu ofereço em troca? A minha história”, acrescenta. “Sempre lutei pelo nosso povo”
0h16 – Marina agradece a Deus e ao povo brasileiro. “Eu me dispus desde o início a quebrar o plebiscito. E agora eu posso dizer que a onda verde já quebrou o plebiscito. Eu havia dito que não queria o embate, eu queria o debate. E é isso que eu tenho feito em todos os debates. Eu preciso do seu voto para ir ao segundo turno.”
0h14 – “Eu volto ao que falei antes”, responde Plínio, que afirma ter havido em todos os debates duas propostas distintas. A de mudanças radicais, que ele representa, e a de melhorias pontuais, dos outros candidatos.
0h13 – Serra diz que vai colocar as agências que decidem sobre reajustes a serviço do consumidor. “Não a serviço de loteamento”, afirma. Promete retomar genéricos e voltar à questão das patentes.
00h10 – Plínio acusa os governos FHC e Lula de representarem os interesses dos ricos. “Quando a turma do celular quer aumentar o celular”, critica. “Aqui tem três candidatos do sistema, e um de fora do sistema. E por ser de fora é chamado de brincalhão, é chamado de louco”, diz Plínio.
0h10 – Serra pergunta para Plínio porque o governo faz reajustes e repassa a conta para a população.
0h08 – “Marina, não use sua régua pra medir os outros”, responde Serra. “Se eu fosse usar minha régua, diria que você e a Dilma tem muitas coisas parecidas”, ataca. Ele acusa Marina de ter ficado no governo, apesar do Mensalão.
0h08 – Marina: “Serra, não fique irritado em eu fazer a pergunta novamente para você, cada debate é um debate. As coisas vão se dando com uma lógica de promessas, não de programas. Os programas sociais são muito importantes. Você simplesmente não responde, não faz uma auto-crítica.”
0h06 – Serra lembra ter criado, quando ministro, o Bolsa Alimentação. Cita programa semelhante criado pelo ministro Paulo Renato. “O que o governo federal fez foi juntar no Bolsa Família”, acrescenta. Serra afirma que ainda assim irá ampliar o programa. “Agora, gasto social é muito mais que é isso. É também educação, é também saúde, é também saneamento, e nós fizemos isso.”
0h05 – Marina pergunta para Serra sobre programas sociais. “Várias lideranças do PSDB e do DEM foram contra Bolsa Família e políticas sociais. Você faz uma auto-crítica?”
0h03 - Marina diz que o discurso de Dilma é “fruto da visão que ela tem de desenvolvimento”, gerencial, como Serra. “Eu tenho dito que ela e Serra são muito parecidos”. “No seu mundo você coloca os acertos e os ganhos, mas não olha para os desafios”, diz. “O brasileiro não quer mais entrar no mundo azul do Serra ou no mundo cor de rosa da Dilma”, afirma.
0h03 – Dilma: “Diante da crise a gente não faz teoria, tem de ter propostas concretas e agir. Nós aumentamos os empregos, colocamos recursos para as empresas privadas manterem os empregos, reduzimos impostos. O Brasil foi o último País a entrar na crise e o primeiro a sair.”
00h01 – Marina afirma que o planeta passa por uma série de crises, que vão da economia ao meio-ambiente. “Pensar o País de forma mais abrangente é fazer que esse desenvolvimento que tanto se quer se faça em novas bases”, diz. Segundo Marina, é necessário se investir em educação para que o País tire proveito “da grande oportunidade” econômica que se coloca diante do Brasil.
0h00 – Dilma pergunta a opinião de Marina sobre a atuação do governo Lula durante a crise.
23h59 – Na tréplica, Dilma diz que a realidade do Brasil é diferente da Inglaterra. “No Brasil, todo mundo quer casa própria.”
23h58 – Plínio, na réplica, diz que tem 5,6 milhões precisando casas e 5,7 milhões de casas vazias. “Tem de fazer como na Inglaterra, aluguel compulsório. Se não quer fazer isso, é porque está a favor dos proprietário. Mas se não quer ocupar, tem de construir. Isso é bolsa empreiteiro.”
23h57 – Dilma diz não saber nem que palavra usar para a proposta de Plínio. “Eu acredito que o País pode construir moradias”, diz. Ela afirma que o programa Minha Casa Minha Vida gera empregos e tem escala para resolver o problema. “Isso significa também que as mulheres vão ter a propriedade de suas casas”, diz em reação a comentário feito mais cedo por Marina, que citou as mulheres pobres como al
23h57 – Começa o quarto bloco. Plínio volta a questionar Dilma sobre deficit habitacional.
23h48 – Plínio, na réplica, diz que Serra não se comprometeu com 10% do PIB para a Saúde. “Isso significa brincar com credores, com bancos. Essa é a diferença aqui nesse debate. Entre os que melhoram e os que resolvem.”
23h46 – Em sua resposta, Serra cita que é sua a proposta de vincular os gastos da saúde ao orçamento. “Isso salvou a saúde do pior, porque a saúde do País andou para trás”, diz. Serra critica o governo por não ter apresentado projeto de lei para regularizar o aumento anual do gasto. “Depois o governo vem inventar que faltou dinheiro na saúde por causa do fim da CPMF.”
23h45 – Plínio diz que precisa destinar 10% do orçamento para a Saúde e pergunta para Serra: “Por que você não fala nisso? Por que se recusa a elevar esse gasto?”
23h43 – Plínio reitera que a “dívida está consumindo todos os recursos”, e acusa Dilma de defender as mesmas políticas “do governo Fernando Henrique Cardoso”. “O custo anual da Bolsa Família e despendido a cada 13 dias com a dívida externa.”
23h43 – Dilma afirma que o governo Lula colocou R$ 40 bilhões em saneamento. “Mais de três vezes que o governo anterior”, afirma. Dilma diz que saneamento será prioridade em seu governo e diz que o PAC 2 prevê R$ 45 bilhões para o saneamento.
23h41 – “Metade das casas no Brasil não tem esgoto”, responde Plínio. Segundo ele, para resolver o problema, será necessário gastar R$ 35 bilhões em oito anos. O candidato diz que, para solucionar o problema irá fazer auditoria da dívida externa. “Sem dinheiro não tem como resolver o problema do saneamento. O saneamento é caro, não dá dividendos eleitorais imediatos, mas é fundamental.”
23h41 – Dilma diz que será necessário colocar metas para o saneamento para fazer com que todas as casas tenham água e esgoto tratados e pergunta para Plínio como ele vê a política para o setor.
23h40 – A candidata do PT diz que irá duplicar a experiência das UPPs caso seja eleita.
23h38 – Marina: “A questão é: por que ainda não foi feito?” Marina diz que uma boa ideia como as UPPs do Rio podem se perder. “A população que mais vem sofrendo é a população jovem. A nossa população jovem está sendo ceifada.” Promete mais recursos para a segurança e policiais valorizados.
23h36 – Dilma cita a parceria com o governador do Rio como exemplo de política bem sucedida na Segurança Pública. “Essas Unidades de Polícia Pacificadora partem do princípio de que nós temos um território de guerra”, diz. A petista afirma que irá construir presídios para transportar os presos de alta periculosidade.
23h36 – Marina diz que Estados não dão conta da segurança pública sem a ajuda do governo federal e pergunta para Dilma como fazer para resolver esse problema.
23h34 – “Essa questão de tratar as coisas como passe de mágica é que precisa acabar no Brasil”, critica Marina. Ela afirma que Serra não fez o que promete como prefeito ou governador. “Eu fui lá na favela da mata virgem. É lamentável que, no Estado mais rico da federação, não haja um equipamento público nessa favela.”
23h32 – Serra diz que vai dar ênfase a quatro aspectos da habitação: regularização da propriedade, preferência a famílias que ganham menos de três salários mínimo, urbanização de favelas, e construção de vila para idosos.
23h31 – Marina diz que o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, não alcança os brasileiros de melhor renda. Ela promete ampliar o programa para as mulheres de baixa renda, que “são responsáveis e não foram beneficiada por este governo”. “Priorizar a habitação é fazer com que ela seja de qualidade, com saneamento e qualidade de vida.”
23h30 – Começa o terceiro bloco. Serra critica programa do governo federal para o deficit de moradia. “Entregaram 4 mil de um milhão prometidos. Qual a sua visão sobre isso?”, pergunta para Marina.
23h22 – “Eu gostaria de dizer que nós registramos todas as doações no Tribunal Superior Eleitoral”, diz Dilma. Parte da plateia ri quando ela diz que “nós registramos todas as doacoes oficiais no TSE, todas as doações a gente anuncia Ela lamenta a reação das pessoas “que tem outras práticas” e ganha aplausos de seu correligionários.
23h22 – Plínio: “Pois eu vou pedir votos para os candidatos do PSOL. Pedir para vocês elegerem o Ivan Valente, a Luciana Genro e o Chico Alencar.”
23h21 - Plínio pergunta para Dilma por que ela não pede votos para os candidatos a deputado por seu partido. “Você tem vergonha dos candidatos de seu partido?”
23h20 – Dilma agradece a oportunidade levantada por Plínio. “Meu partido é um partido com grande popularidade no País”, diz. Dilma acrescenta considerar o País muito diverso para que apenas um partido tenha poder. “Eu não acredito que nenhum partido governa sozinho o País”, acrescenta. “Daí porque eu considero importante a coligação de vários partidos que vai sustentar o meu governo”, diz.
23h19 – Plínio diz que “gosta” de ouvir a resposta de Serra. “Com que dinheiro vai fazer isso se não fala claramente em fazer a auditoria da dívida, suspender o pagamento dessa dívida, que consome os recursos”, diz. O candidato do PSOL cita dívida de R$ 1 trilhão, que começou com o governo passado.
23h18 – Serra: “Metrô é ferrovia. E o governo federal tirou o time de campo nessa questão.” Segundo candidato, governo federal não investiu em Metrô em nenhuma capital.
23h16 – “O que eu sinto é que a ênfase na ferrovia está prejudicando o transporte ferroviário e hidroviário”, responde Plínio. Ele afirma que Serra usa o metrô porque essa é uma vitrine dos tucanos, mas diz que é necessário ver se o tucano fez o mesmo para outros tipos de transporte. “Eu concordo que tem que fazer metrô, mas tem que fazer ferrovia e tem que fazer hidrovia”, acrescenta.
23h16 – Serra pergunta as propostas de Plínio para o metrô nas grandes cidades.
23h14 – “Os recursos federais, são poucos, não são gastos na sua totalidade”, critica Serra. O candidato volta a citar sua atuação como governador e lembra do trabalho na Serra do Mar, em São Paulo.
23h13 – Marina: Quem acompanhou o lamentável episódio do Morro do Bumba e do Morro dos Prazeres sabe o que é o sofrimento de perder sua casa.”  Também promete um sistema para  evitar esse tipo de problema.
23h11 – “Eu vou criar uma defesa civil nacional, bombeiros, técnicos e especialistas que estejam estacionados em Brasília”, diz Serra. Ele promete qualificar melhor as prefeituras e cita os incêndios que atingiram parte do País. “Nós não temos nem os hidroaviões.” O tucano cita a “experiência como governador”, em São Luiz do Paraitinga, e critica o governo federal, que “vai se arrastando”, como no Rio, exemplifica. “O governo federal tem que ajudar os Estado e Municípios.”
23h10 – Marina pergunta o que Serra fará para prevenir desastres.
23h09 – Marina reitera: “É essa visão fragmentada das coisas que faz com que passa ano, e a gente fique com a ideia de que ainda se vai complementar a solução”, diz. A candidata do PV critica a resolução pontual dos problemas. “Quando pensamos de forma fragmentada, nós pensamos a presidência do País como se fosse uma prefeitura. Isso é uma eleição para pensar o País”
23h08 – Na réplica, Dilma afirma que há um plano nacional de logística. “É por causa dele que nós sabemos que precisa fazer integração entre ferrovia, hidrovia e rodovia. Vou completar toda a ferrovia norte-sul, e a ferrovia de integração do centro-oeste. A Transnordestina vai ser completada no meu governo”.
23h05 – “Eu acho que a gente precisa pensar a infraestrutura para o século 21″, diz Marina. “É lamentável que não tenhamos um plano para a infraestrutura”, continua. Ele critica a falta de um plano para a ampliação da malha ferroviária. Ela afirma que há hoje apenas “um plano de gestão”. “No governo anterior a gente não tinha nem isso”, diz. Para a candidata verde, é necessário que esse plano conjugue a melhoria da qualidade de vida e os desafios do meio-ambiente.
23h05 – Começa o segundo bloco. Dilma pergunta a Marina sobre ferrovias. “Como você a expansão das ferrovias e das hidrovias?”
22h58 - A candidata do PV diz que os idosos não estão sendo acolhidos de forma adequada. “Do outro lado está a juventude”, diz. “As políticas públicas não estão ajudando os jovens”, continua, afirmando que é necessário aproveitar o bônus demográfico para solucionar o problema
22h57 – Serra diz ter defendido desde a Constituinte uma reforma que separe quem já está trabalhando daqueles que ainda não entraram no mercado de trabalho. Diz que se eleito, irá propor 10% de aumento aos aposentados e R$ 600 reais para o salário mínimo.
22h55 - “De fato nós temos um grande problema na Previdência e temos que enfrentá-lo enquanto a população ainda é jovem”, diz Marina. A candidata do PV diz que irá propor um modelo em que o sistema saia do déficit e entre na capitalização. “Criando um mecanismo de recuperação do poder aquisitivo”, explica Marina. Ela critica a campanha dos adversários, que, nas suas palavras, prometem resolver os problemas sem pensar na sustentabilidade social e econômica das propostas. E estende a crítica aos governo Lula e FHC, que não solucionaram as questões da Previdência.
22h55 – Serra pergunta a Marina sobre sua proposta para a Previdência.
22h54 – Na réplica, Plínio diz que vai zerar o ICMS. Diz que Serra não fala em desvincular as despesas sociais e defende a taxação de grandes fortunas.
22h53 – “Eu só contra essa vinculação”, diz Serra em reposta a Plínio. “Eu sou contra coisas que foram feitas pelo governo, inclusive por coisas feitas pela Dilma, como o imposto sobre a água e o esgoto.”
22h50 – “A minha proposta de reforma tributária alivia a carga de impostos sobre os pobres. É ao contrário do que você disse”, afirma Serra. Ele cita emenda de sua autoria na Constituinte e promete retirar impostos dos alimentos básicos, dos remédios e combater a sonegação. “Muita gente não paga imposto e quem paga, paga o dobro”, diz. Segundo Serra, a carga tributária brasileira é a maior “do terceiro mundo”. “Mais justiça e mais eficiência na arrecadação.”
22h50 – Chamando Serra de ‘Zé’ e arrancando risadas de jornalistas, Plínio acusa o adversário de propor reforma tributária que aumenta imposto para pobres e diminui para ricos. Se atrapalha no tempo e não faz a pergunta.
22h48 – Na tréplica, Plínio diz que a Petrobrás não é pública. “Uma porcentagem enorme de suas ações está na mão de pessoas privadas. ”O Sr. Eike Batista é o oitavo homem mais rico do mundo. Isso no seu governo”, diz o candidato do PSOL. Na questão do funcionalismo o que precisa de fato é recompor a força do Estado brasileiro, para que o Estado brasileiro possa cuidar de você.”
22h47 - Dilma nega que tenham ocorrido privatizações durante o governo Lula e cita a Petrobrás como exemplo de valorização dos funcionalismo público.
23h45 – Plínio: “Minha política para o funcionalismo público é completamente diferente da do seu governo. Sem arrocho, sem terceirazação. Quero saber se você se compromete a não privatizar, a não terceirizar e a recuperar as estatais que foram vendidas.”
22h44 – Dilma escolhe perguntar para Plínio de Arruda Sampaio. Ela defende o funcionalismo pela meritocracia e pergunta a proposta do candidato para o funcionalismo.
22h43 – Dilma volta a destacar a criação de empregos no governo Lula, defende a manutenção dos direitos trabalhistas. Para ela, o Brasil precisa ter crescimento para continuar gerando empregos.
22h42 – Marina diz que sua questão não foi adequadamente respondida. “Nós temos cerca de 50% da força de trabalho na informalidade. Precisamos manter os direitos dos trabalhadores, mas ao mesmo tempo diminuir as dificuldades para contratar.”
22h40 – Dilma: “Uma das grandes conquistas do governo foi a melhoria da formallização do trabalho. Tanto é assim que batemos recordes, chegaremos perto de 15 milhões de postos de trabalho criado ao final do ano. ” Candidata destaca também aumento do crédito durante o governo Lula e o combate à crise.
22h40 - Marina pergunta para qual sua proposta para resolver a informalidade.
22h40 - Começa o debate.
22h32 - Entre os tucanos que acompanham Serra no estúdio está o candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. O deslocamento do aliado, em plena campanha em São Paulo, se justifica pela estratégia de mostrar a união do partido em torno de Serra, como delineado na noite de ontem pelo próprio candidato, em comício em São Paulo. Nas palavras de um assessor de Alckmin, “a tucanada toda vem pra cá hoje.”
22h26 – Todos os candidatos que participarão do debate desta noite já se encontram no Projac. Na sala de imprensa, além de jornalistas de todo o Brasil, há grande presença de correspondentes internacionais, como o da RTP, de Portugal. Na visão dele, o que mais chamou a atenção no processo eleitoral até agora é o “nível baixo” da campanha. “Não se discutem propostas”, avalia. “Mas não é diferente da Europa.” O português também se diz surpreso com a ascensão meteórica de Dilma. “Há um ano e meio ninguém a conhecia.”
22h09 - Plínio de Arruda Sampaio já está no Projac. Segundo ele, “esse é o debate que vai decidir.”
21h32 - Entre os profissionais de imprensa, chama atenção o homem de cabelos grisalhos na altura do pescoço, fácil de reconhecer entre os que acompanharam a campanha pela internet. É coordenador de Dilma na internet, Marcelo Branco, que também irá tuitar o debate a partir da sala de imprensa. Assediado por alguns jornalistas, ele diz que não haverá novidade para esta noite. Apostará na estratégia que tem dado certo: bombardear as redes sociais com informações sobre a candidata petista. Sobre a campanha de Dilma na web, Branco avalia que foi bem sucedida. “Nas redes sociais, somos mais bem avaliados do que ele”, diz. Ele é o candidato do PSDB, José Serra. E a que ele atribui o sucesso? “A diferença é que fizemos uma campanha propositiva. Eles (os tucanos) usaram a internet para atacar.”
21h28 – Jornalistas de todo o Brasil acompanharão o debate de hoje de uma sala de imprensa anexa ao estúdio em que será realizado o debate. O contato com os presidenciáveis acontecerá apenas ao final do encontro, em breve entrevista coletiva.

Debate na TV Globo reúne quatro candidatos à Presidência


Programa nesta quinta-feira (30) teve cerca de duas horas de duração.
Último debate do primeiro turno, encontro foi estruturado em quatro blocos.


Candidatos à Presidência participam de debate na TV Globo (Foto: Alexandre Durão/TV Globo)

Quatro candidatos à Presidência da República participaram na noite desta quinta-feira (30) de debate promovido pela TV Globo nos estúdios da emissora no Rio de Janeiro.


Participaram do debate os candidatos Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), convidados por integrarem partidos com representação na Câmara dos Deputados.
O encontro durou cerca de duas horas e teve mediação do jornalista William Bonner. O posicionamento dos candidatos no estúdio foi definido por sorteio. Da esquerda para a direita, posicionaram-se José Serra, Marina Silva, Dilma Rousseff e Plínio de Arruda Sampaio. Foi o último debate antes da eleição do próximo domingo (3).
O debate foi dividido em quatro blocos. No primeiro e no terceiro blocos, os temas foram definidos por sorteio. No segundo e no quarto blocos, os temas foram livres. Cada candidato teve 30 segundos para perguntas, dois minutos para respostas, um minuto para réplica e um minuto para tréplica. Os candidatos ainda tiveram dois minutos cada um para considerações finais no último bloco.
As questões foram feitas de candidato para candidato. Para que todos os candidatos perguntassem e respondessem ao menos uma vez por bloco, houve um rodízio entre os candidatos para que o primeiro a perguntar fosse o último a responder.
Primeiro bloco
O primeiro tema sorteado foi legislação trabalhista. Marina Silva questionou Dilma Rousseff sobre como resolver a informalidade no mercado de trabalho. Em seguida, a candidata do PT perguntou a Plínio de Arruda Sampaio sobre sua política para o funcionalismo público. Após a resposta, foi a vez de o candidato do PSOL questionar José Serra sobre impostos, o terceiro tema sorteado. Previdência foi o assunto seguinte. José Serra questionou Marina Silva sobre suas propostas para o setor.
Segundo bloco
No segundo bloco, os candidatos puderam fazer perguntas com tema livre. A primeira a perguntar foi Dilma, que escolheu Marina para responder sobre ferrovias e hidrovias. Em seguida, Marina questionou Serra sobre propostas de ações em desastres naturais. Na sequência, Serra perguntou a Plínio sobre a importância e propostas para metrô. Em sua vez de perguntar, Plínio questionou Dilma, afirmando que a pergunta se estendia aos outros candidatos, se ela tem vergonha de seu partido.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, os temas voltaram a ser sorteados. O primeiro foi habitação. Serra escolheu Marina e perguntou sobre o déficit habitacional no país. O segundo assunto sorteado foi segurança, e Marina questionou Dilma sobre como resolver o problema do setor no país. O tema seguinte foi saneamento e Dilma perguntou a Plínio sobre suas propostas na área. Para finalizar  o bloco, Plínio elaborou questão a Serra sobre saúde. Questionou o candidato sobre sua suposta recusa em se comprometer a elevar os gastos em saúde a 10% do Produto Interno Bruto.
Quarto bloco
Plínio de Arruda Sampaio abriu o quarto bloco, que teve tema livre, e questionou Dilma Rousseff sobre redução de jornada de trabalho sem redução de salário, limite à propriedade de terras e cobrança de aluguel compulsório em imóveis vazios. Após réplica e tréplica, Dilma questionou Marina Silva sobre sua avaliação a respeito de ações do governo federal diante de crises externas. Em seguida, Marina escolheu os programas sociais como tema para questionar José Serra. Com direito a uma pergunta na sequência, Serra perguntou a Plínio sobre reajustes acima da inflação.
Os candidatos tiveram ainda dois minutos cada um para as considerações finais.

Para promotor, candidatura de Tiririca de uma fraude


O promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes tentou. Mas a Justiça Eleitoral não permitiu que Tiririca (PR-SP) fosse subetido a um teste de alfabetização. 

Pela Constituição, brasileiros analfabetos não podem concorrer a cargos eletivos. Há indícios de que o palhaço Tiririca não sabe ler nem escrever.

Frustrado, o promotor Maurício disse que tinha idealizado um texto simplório: “Era ler três linhas da Constituição Federal”.  

A rejeição do pedido levou o promotor a concluir: "Estamos assistindo a uma fraude eleitoral com o registro da candidatura do Tiririca...”

“...Não consigo imaginar que motivos sinistros e estranhos movimentam o Poder Judiciário em encobrir essa situação".

Sobre o planeta Gliese 581c (Superterra)

 Descoberta de um planeta semelhante ao nosso representa um salto espetacular da ciência na busca pela vida extraterrestre
Há milhares de anos o homem olha para o céu na tentativa de entender melhor a si próprio e ao planeta que o abriga. Questões cruciais da cosmologia já foram respondidas, desde as que dizem respeito ao Sol e seus planetas até as que lidam com os grandes movimentos do universo. Uma pergunta, justamente a que mais atiça a curiosidade humana, permanece sem resposta: estamos sós no universo? E, se houver outras formas de vida em outros planetas, elas serão inteligentes? Em sendo inteligentes, serão capazes de se comunicar com outros mundos através de sinais eletromagnéticos? A descoberta de um planeta semelhante à Terra fora do sistema solar, o GL 581c, revelada na semana passada, é o maior passo já dado até hoje pela humanidade na busca de vida extraterrestre. Os chamados planetas extra-solares, aqueles encontrados fora da nossa vizinhança cósmica, o sistema solar, eram todos insatisfatórios, com ambientes inadequados para o surgimento e a reprodução da vida como a conhecemos. A maioria deles são imensas esferas de gases venenosos submetidas a forças gravitacionais colossais. Nada muito animador para quem procura um berço propício à vida. A descoberta da semana passada muda tudo. Na última década, mais de 200 planetas foram identificados fora do sistema solar – o GL 581c é o primeiro que pode ser considerado um irmão da Terra.
O novo planeta fica na constelação de Libra e reúne muitas das condições ideais que na Terra permitiram o nascimento de seres vivos e sua espetacular especiação, a criação de espécies diferentes, entre elas essa que procura planetas no universo. O grupo de cientistas europeus responsável pela descoberta sustenta que, pelo tamanho e pela massa do planeta, é grande a possibilidade de que ele abrigue água em estado líquido. As temperaturas em sua superfície devem variar entre 0 e 40 graus – nada muito drástico quando se sabe que na Terra elas variam de 88 graus negativos no inverno dos pólos a até 58 graus positivos nos desertos equatoriais. Em tamanho, o GL 581c é uma espécie de "Superterra", com uma cintura 50% maior que a do terceiro planeta do sistema solar, a frágil bola azul que habitamos. A Superterra da constelação de Libra é aquecida por uma fornalha estelar já bastante velha em termos cósmicos, uma estrela do tipo anã vermelha batizada de Gliese 581. O que Gliese tem de velha tem também de confiável e previsível. Ela emite a mesma quantidade de calor e luz há bilhões de anos e deve manter-se imutável pelo menos nos próximos 5 bilhões de anos. Em comparação com outros quadrantes convulsionados do universo onde também já foram encontrados planetas, pode-se dizer que o espaço onde está o GL 581c é uma aprazível vizinhança. Embora seja muito mais maciço, o novo planeta tem força de gravidade compatível com a estrutura óssea e muscular do ser humano. Se algum dia uma mulher ou um homem caminhar na superfície do GL 581c, ela ou ele vai se locomover com um pouco mais de dificuldade, como se carregasse uma mochila cheia de pedras, por exemplo.
O fato de o recém-descoberto planeta ser parecido com a Terra abre a possibilidade de ele um dia ser uma alternativa de abrigo para a espécie humana? Por enquanto, essa é uma possibilidade teórica. O GL 581c está situado a 20,5 anos-luz da Terra. Para se ter uma idéia mais precisa do que isso significa, é útil comparar com o nosso Sol. A luz solar leva apenas oito minutos para chegar à Terra. Para atingir o novo planeta e usá-lo como tábua de salvação, uma nave terrestre viajando na velocidade da luz levaria duas décadas até o destino. As naves terrestres conseguem atingir hoje apenas ínfimas frações da velocidade da luz. O veículo espacial mais rápido já construído, a New Horizons, da Nasa, que atualmente se dirige a Plutão, levaria 400.000 anos para alcançar o GL 581c. "O grande desafio do homem na conquista do espaço, hoje, é conseguir desenvolver equipamentos mais velozes", diz o astrofísico carioca Eduardo Janot Pacheco, representante brasileiro na missão do satélite de pesquisas francês Corot, lançado há quatro meses.

Os desbravadores sempre enfrentaram dificuldades técnicas, e nem por isso o homem deixou de conquistar o Novo Mundo, a Lua, e de mandar artefatos para todos os cantos do sistema solar. "Uma das razões pelas quais somos tão bem-sucedidos como espécie é essa inquietação para descobrir o que há além do que estamos habituados a ver", disse a VEJA o astrônomo Andy Cheng, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, e um dos pesquisadores envolvidos no Projeto New Horizons. O certo é que já estão em estudo tecnologias capazes de impulsionar naves a velocidades próximas à da luz. São motores experimentais desenhados dentro de especificações que seguem as mais sólidas teorias científicas. Mesmo que não se descubra nenhuma outra forma de energia impulsora no futuro próximo, esses motores, sejam eles nucleares, sejam quânticos, serão fortes o bastante para levar a bandeira da humanidade a pontos nunca visitados da galáxia.

A energia confiável e estável fornecida por Gliese e a própria estrutura do novo planeta – em especial a possibilidade de ele abrigar reservatórios de água líquida – são compatíveis com as condições onde a vida surgiu e se propagou na Terra. Existiria vida no GL 581c? Nenhum astrofísico arrisca-se a responder a essa pergunta com segurança. O maior avanço trazido pela descoberta do novo planeta, no entanto, independe dessa resposta. Seu valor é estatístico. Pouco tempo atrás nenhum cientista sério acreditava que pudessem existir outros sistemas solares estáveis o suficiente para ter planetas sólidos a sua volta. Para confirmar essa teoria, registre-se que até meados dos anos 80 nenhum telescópio ou outro instrumento ou método de detecção conseguira confirmar sinais da existência de planetas fora do sistema solar. Com o refinamento das técnicas de detecção baseadas em medições de ligeiras variações das órbitas das estrelas, os sinais dos planetas foram surgindo. A conta já chega a 210 planetas. A família cresce a cada ano.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostra que três em cada dez cientistas acreditam que possa existir vida em outros planetas. No topo do panteão dos otimistas e incentivadores da busca por ETs figura Carl Sagan (1934-1996). Dizia ele: "A química que criou a vida na Terra é reproduzida facilmente por todo o cosmo. Parece improvável que sejamos os únicos seres inteligentes. É possível, mas improvável". Eis uma questão desafiadora. Embora se aceite que a vida na Terra tenha surgido espontaneamente da interação durante bilhões de anos de moléculas cada vez mais complexas, nenhum laboratório do mundo conseguiu até hoje criar vida reproduzindo as condições dessa "sopa primordial". Mas, fora da hipótese teológica, no campo limitado ao método científico, a "sopa primordial" é a melhor aposta racional para explicar o surgimento da vida. Pelo mesmo raciocínio, e dando-se crédito a Carl Sagan, não ofende a razão a hipótese de que o mesmo processo químico tenha resultado na criação de formas primitivas de vida em outros planetas.

Infelizmente, para a aventura intelectual humana e para a frustração do desejo inato de encontrar seres inteligentes em outros planetas, essa busca ainda não saiu do ponto zero. A complexidade de produzir vida inteligente é incomensuravelmente maior do que a de gerar bactérias e outras formas primitivas de vida. Quem melhor descreveu essa complexidade foi um dos maiores neodarwinistas de todos os tempos, o americano nascido na Alemanha Ernst Mayr, morto aos 100 anos, em 2005. Mayr mostrou que o crescimento em tamanho e complexidade do cérebro humano é um evento tão insólito – e misterioso – que dificilmente pode ser explicado pela evolução apenas. "O desenvolvimento do cérebro humano é uma mutação que não necessariamente trouxe vantagens evolutivas à espécie. Foi uma aposta que deu certo até agora, mas nada indica que continuará dando", dizia Mayr. O célebre cientista gostava de lembrar que o cérebro humano é muito frágil, protegido por um crânio não muito espesso, além de consumir um quinto de toda a energia disponível no organismo, proporção que nenhum outro ser vivo se deu ao luxo de gastar com apenas um órgão. Para enfatizar ainda mais a complexidade da trajetória evolutiva rumo à civilização, Mayr lembrava que de todos os 50 bilhões de espécies que existem ou já existiram no planeta apenas uma, a humana, desenvolveu um cérebro capaz de aprender. Conclui Ernst Mayr: "Quando se coloca na equação a variável de que os homens só desenvolvem cultura quando vivem em sociedades humanas e, antes, são cuidados por mães e pais até o fim da puberdade, a complexidade dos processos de produção de uma civilização tecnológica atinge um grau tal que talvez não possa ser repetido em nenhum outro lugar". Mais uma razão para olharmos para o cosmo com espanto e para a nossa única Terra com mais humildade e carinho.