Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

domingo, 30 de maio de 2010

Pouco menos verde e mais ácida

Senadora deixa tema ambiental de lado e investe em outras áreas
Murilo Rocha
Brasília. Com um percentual de intenção de votos variando de 8% a 12%, a pré-candidata do PV à Presidência, a senadora Marina Silva, decidiu "lançar pedras" em seus principais adversários para tentar dar fôlego à sua candidatura, definida por ela como uma batalha de Davi contra Golias. Nem mesmo o governo Lula, o qual Marina foi ministra do Meio Ambiente por cinco anos, tem escapado da mudança de rota da campanha verde e sido alvo de ataques frequentes da ex-petista.

Em eventos recentes com a presença dos três presidenciáveis, ela já se referiu indiretamente à candidata do PT, a ex-ministra Dilma Rousseff, como "gerentona", atacou reiteradas vezes o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e alfinetou os projetos anunciados pelo candidato tucano, o ex-governador José Serra (PSDB).

"Temos de deixar de lado essa questão de quem é mais gerente ou tem mais currículo. (...) Eles tiveram 16 anos para fazer e não fizeram", discursou a senadora em um encontro com prefeitos, referindo-se aos rivais e às gestões do PSDB e do PT na Presidência. Em relação ao lançamento de Lula do PAC 2, neste ano, Marina se referiu como "marmita requentada".
"Não estamos fazendo ataques, nem pela boca da Marina Silva nem ataques anônimos na internet. É apenas uma diferenciação programática necessária do pensamento da nossa candidata em relação aos outros candidatos. Isso é fundamental numa eleição", alega o coordenador geral da campanha do PV à Presidência, o vereador Alfredo Sirkis (RJ).

Sirkis, no entanto, reconhece a adoção de posições mais duras da presidenciável em relação a comentários dos dois principais adversários. "Pontualmente, alguns episódios merecem ser comentados. Dilma e Serra defendem um modelo clássico desenvolvimentista. Nós defendemos uma nova proposta, de desenvolvimento sustentável. Por isso, temos de diferenciar e explicar por que a eleição não pode ser plebiscitária", explica Alfredo Sirkis.

Risco. Na opinião do cientista político Rodrigo Mendes, a adoção de um discurso mais incisivo contra os concorrentes pela senadora é uma tática arriscada porque pode criar uma rejeição por parte do eleitorado com a sua candidatura. "Talvez o melhor fosse falar direto com o eleitor, um discurso mais propositivo sem o ataque direto. Flanquear é o melhor caminho", avalia.
Ainda conforme Mendes, a ideia de despolarizar a eleição entre José Serra e Dilma Rousseff será uma tarefa "muito complicada" porque os dois candidatos estão plenamente identificados com o governo Lula ou com a oposição.

"O fato de ela ser uma mulher, de ter pertencido ao governo e agora estar criticando esse governo e sua candidata (Dilma) pode favorecer o tucano José Serra. Porque ele é mais identificado com a oposição ao governo Lula e essas críticas podem fazer eleitores indecisos migrarem para ele. Não para ela", sustenta.

A própria candidata do PV brincou com o fato de ter de apelar para o confronto nos debates como uma forma de tentar tirar votos dos presidenciáveis do PT e do PSDB. "Por favor, não saiam dizendo que eu quero acertar a Dilma ou o Serra na testa com uma pedra. A pedra no lugar certo, neste caso, é defendendo ideias, projetos de país", disse, referindo-se mais uma vez à luta mitológica de Davi contra o gigante Golias.
Alianças ainda são problema
Brasília. Um dos principais problemas ainda enfrentados pela campanha da senadora Marina Silva (PV) à Presidência da República é a dificuldade em consolidar os palanques próprios do partido nas disputas estaduais com a sua candidatura.

Em Minas Gerais, por exemplo, o PV está dividido entre o apoio à candidatura própria, liderada pelo deputado federal José Fernando Aparecido, e o apoio à reeleição do governador Antonio Anastasia (PSDB), do mesmo partido do presidenciável tucano José Serra.

Mesmo com a orientação da executiva nacional da sigla de lançar candidato em Minas, parte da militância verde disse ser contra a ideia e deve migrar para a campanha tucana em nível estadual. No Rio de Janeiro, onde o deputado federal Fernando Gabeira oficializou a sua candidatura pelo PV ao governo do Estado, a legenda enfrenta um problema semelhante.

Lá, além da sigla, fazem parte da coligação PSDB, PPS e DEM, os três últimos são a base de apoio da candidatura de Serra ao Palácio do Planalto. No lançamento da candidatura de Gabeira na semana passada, alguns militantes do Partido Verde chegaram a esconder as faixas com o nome de Marina para não constranger os aliados. (MR)


Monotemático
Tática de campanha é buscar discurso mais abrangente
Brasília. O estilo mais agressivo da presidenciável do PV não se restringe a críticas. Marina Silva também tem deixado de lado o discurso monotemático da sustentabilidade ambiental para dar mais espaço na agenda de campanha a temas como saúde, educação e segurança pública.
A senadora disse ser favorável à Emenda 29 – vinculando 10% da receita da União para a área de saúde –, prometeu tentar um pacto com os partidos para fazer a reforma tributária, reconhecendo ser “difícil”, e na área de educação defendeu mudanças no ensino profissionalizante e na educação básica.

Ela chegou a sugerir inclusive o pagamento pelo governo federal de uma remuneração complementar temporária para a mãe quando ela optar por largar o trabalho para cuidar do filho em casa.

“Temos deixado claro: o ponto central neste momento da nossa pré-campanha é a educação. Mas a questão ambiental perpassa por todos outros pontos-chave como saúde e saneamento. Falar em meio ambiente não é só falar de parques e árvores”, argumenta o coordenador da campanha de Marina Silva, Alfredo Sirkis. (MR)