Pacientes aguardam até cinco anos para conseguir uma cirurgia
Paula Sholl
Deputado Leonardo Vilela (GO)
Brasília (24) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transformar os eficientes mutirões de cirurgias, implantados quando o pré-candidato à Presidência da República, José Serra (SP), comandava o Ministério da Saúde (1998-2002), num verdadeiro "calvário" para as pessoas que procuram socorro no Sistema Único de Saúde (SUS).
O deputado Leonardo Vilela (GO) acredita que houve uma piora expressiva na qualidade do atendimento à população. "Sem dúvida nenhuma o governo fez dos mutirões um verdadeiro calvário para a população, o atendimento caiu, as filas triplicaram. A população está cada vez menos assistida", critica.
Nas principais capitas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba –, ao menos 171,6 mil pacientes esperam numa interminável fila para conseguir operar, uma demora que, a depender da situação, pode chegar a cinco anos.
Como revela o jornal O Globo, o número se refere às chamadas cirurgias eletivas – as que são agendadas, por não implicarem risco imediato à vida. São mais de mil procedimentos, que vão de uma retirada de amígdala à correção de uma fratura na coluna.Ao contrário de países como a Inglaterra,por exemplo, onde existe limite para a espera, no Brasil tornou-se natural uma pessoa ficar três, cinco anos na lista. Para especialistas, é preciso fixar um prazo máximo para um paciente aguardar por sua operação.
O problema piorou com o fim dos chamados mutirões de cirurgia, em 2006. Criado por José Serra, o programa realizou três milhões de operações – catarata, retinopatia diabética, varizes e próstata – e dois milhões de exames pré-operatórios. Com os mutirões, as cirurgias ocorriam em, no máximo, quatro meses.
De 1999 a 2006, o total investido no projeto foi de R$ 1,2 bilhão – dinheiro extra do montante destinado aos atendimentos ambulatoriais e hospitalares. As cirurgias da catarata eram o carro-chefe do programa, com 80% dos recursos repassados pelo ministério.
À época, médicos alertaram que o tempo de espera poderia chegar a um ano, aumentando o risco de cegueira. Foi o prenúncio. A demora excessiva para realizar a operação trouxe resultados negativos. A extinção dos mutirões deixou um saldo de 146,6 mil pessoas com cegueira em 2009, contra 67,5 mil em 2005.
A decisão de mudar as regras foi classificada como política. E o retrocesso no combate à cegueira joga luz sobre a forma como o governo federal gerencia suas políticas públicas, colocando as rivalidades partidárias acima dos interesses da sociedade. Quem perde é a própria sociedade, como mostra o aumento da taxa de cegueira no País.
"O descompromisso com a população mostra a falta de gestão do governo, que não tem capacidade nem competência para gerenciar as políticas de saúde. Esse descompromisso revela ainda a falta de prioridade", lamenta Vilela.
Fonte: Agência Tucana








