André Coelho/Ag.Globo/UOL

Levada ao forno pela Câmara, a batata do reajuste dos aposentados terminou de ser assada no Senado, na noite desta quarta (19).
Foi enviada à sanção de Lula, ainda quente, com 7,72% de aumento e com o fim do fator previdenciário.
Nomeado relator do projeto, Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, anunciara na véspera que reduziria a temperatura do fogo.
Manteria os 7,72%, mas daria um jeito de restituir o fator previdenciário, uma fórmula criada sob FHC para desestimular as aposentadorias precoces.
Premido pelos colegas e, sobretudo, pelas galerias, apinhadas de cabeças brancas, Jucá deu meia-volta.
Levou a voto o texto que viera da Câmara. Recomendou a aprovação. Passou em votação simbólica. E as galerias: “Aposentado unido jamais será vencido!”.
O aumento destina-se a corrigir as pensões e aposentadorias que superam o valor do salário mínimo. Coisa de 8 milhões de idosos.
Gente com direito a voto. Mais: com filhos e netos também aptos a se pronunciar nas urnas. Quem haveria de se opor? Nem o líder de Lula ousou fazê-lo.
Transferiu-se para o presidente o dissabor de exercer o direito constitucional ao veto. O fator previdenciário será restituído, adiantou Jucá.
E quanto aos erros que vieram dea Câmara? Foram rebarbados. E quanto ao reajuste de 7,72%? Bem, o presidente nunca disse, preto no branco, que vetaria.
Mas tudo leva a crer que vai manejar a caneta. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, disse e reafirmou que, prevalecendo os 7,72%, o veto seria inevitável.
Na medida provisória que enviara ao Congresso, Lula propusera reajuste menor: 6,14%. Vaccarezza negociara 7%. Deu chabu.
A proximidade das urnas provocou no consórcio governista uma espécie de estouro de boiada. Não há líder nem presidente que consiga fechar a porteira.
Com a palavra, Lula.








