Com a ajuda de Lula, o PT desenvolve um “arrastão” partidário nos Estados do Sul. Nesse naco do mapa, José Serra prevalece sobre Dilma Rousseff nas pesquisas.O petismo realiza dois movimentos. Num, tenta armar os palanques de Dilma. Noutro, trabalha para desarmar os de Serra. Abaixo, o mapa da guerra:
1. Paraná: O palanque dos sonhos do PT tem a seguinte composição: para o governo, Osmar Dias (PDT). Para o Senado, Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT).
Nesta quarta (2), Lula recebeu, em privado, o governador paranaense, Orlando Pessuti (PMDB). Era vice de Requião. Herdou dele a cadeira de governador.
Candidato à reeleição, Pessuti resistiu aos apelos de Lula para que abdicasse de suas pretensões em favor de Osmar Dias.
Pessuti repetiu a Lula o que dissera ao presidente do PMDB, Michel Temer, num jantar realizado na véspera. Não abre mão do projeto reeleitoral. Mas se dispõe a promover uma composição com o bloco pró-Dilma.
Deseja acomodar a petista Gleisi, mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), como vice de sua chapa. Para o Senado, Requião e Osmar Dias.
A fórmula não serve aos interesses de Lula. Primeiro porque Pessuti frequenta as pesquisas com a cara de azarão. Segundo porque Osmar Dias, segundo nas sondagens eleitorais, ameaça se compor com o líder, o tucano Beto Richa.
Lula e Pessuti combinaram de empurrar para o final de junho as convenções do PMDB e do PT no Paraná. Uma forma de ganhar tempo, para tentar chegar a um acordo.
2. Santa Catarina: Nesse Estado, o petismo considera duas hipóteses. Uma está sendo tricotada com a deputada Ângela Amin, candidata ao governo pelo PP.
A outra envolve uma negociação com Eduardo Pinho Moreira, presidente do PMDB-SC e candidato do partido ao governo local.
Dá-se preferência, por ora, ao acerto com Ângela. Líder nas pesquisas, a deputada é assediada também pelo PSDB de Serra.
Para fechar com o PT, Ângela exige que o partido a apóie já no primeiro turno. Algo que levaria o petismo a sacrificar a candidatura de Ideli Salvatti.
Num surpreendente surto de pragmatismo, o PT federal passou a considerar a sério a hipótese de “rifar” Ideli, empurrando-a para a reeleição ao Senado.
Eis o que disse ao repórter um dos operadores de Dilma: “Se estivermos convencidos de que faremos um palanque forte, com chance de vitória, nada é impossível...”
“...A candidatura da Ideli é questão fechada para o PT de Santa Catarina, não para o diretório nacional...”
“...Se nós vamos abrir mão da candidatura do [Fernando] Pimentel em Minas, não faria sentido fechar as portas em Santa Catarina”.
Em movimento simultâneo, o PT abriu negociação também com Pinho Moreira, o candidato do PMDB. Nesse caso, o objetivo primordial é atrapalhar a vida de Serra.
O PMDB catarinense integrava a chamada tríplice aliança, junto com PSDB e DEM. Serra tenta reunificar as três legendas. Por ora, sem sucesso.
Enquanto dialoga com Serra, Pinho Moreira achegou-se a Michel Temer, o virtual vice de Dilma. Apresentou duas fórmulas que, se adotadas, o fariam dar adeus a Serra.
Na primeira, ele encabeçaria a chapa e ofereceria a vice ao deputado Claudio Vignatti (PT-SC). Ideli trocaria o governo pelo Senado. A segunda vaga de senador iria para o ex-governador Luiz Henrique (PMDB), hoje alinhado com Serra.
Na segunda fórmula, Pinho Moreira admite a manutenção da candidatura de Ideli ao governo. Desde que o PT desista de fechar acordo com Ângela Amin.
Nessa hipótese, Pinho Moreira abriria seu palanque para Dilma. Mediria forças com Ideli. Assumiria o compromisso de apoiá-la caso vá ao segundo turno. E vice-versa.
3. Rio Grande do Sul: Nesse Estado, Dilma já dispõe do palanque de Tarso Genro (PT). Tenta-se agora impedir que o PMDB de José Fogaça feche com Serra.
Rival histórico do petismo gaúcho, o PMDB é majoritariamente favorável ao acerto com o tucano. Enfrenta, porém, uma conspiração urdida em Brasília.
O PDT gaúcho dará o vice do pemedebê Fogaça. Acionado, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT federal, ameaça melar a coligação.
Lupi assumiu com Lula o compromisso de arrancar seu partido da coligação de Fogaça se o candidato franquear o palanque para Serra.
Pelas informações que chegaram a Michel Temer, o PMDB gaúcho acusou o golpe. Parece se encaminhar para uma posição de neutralidade. Nem Dilma nem Serra.








