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sábado, 5 de junho de 2010

Lula reclama de derrapagem e Palocci ganha terreno

  José Cruz/Ag.Senado
O Quartel General da campanha de Dilma Rousseff sofrerá um rearranjo nas próximas semanas. Deixará de ter um comando múltiplo.

O poder decisório será gradativamente concentrado nas mãos do deputado Antonio Palocci, homem de Lula no comitê.

Palocci travava com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, uma disputa dissimulada. Prevaleceu.

Em privado, Lula revelou-se irritado com a descoberta de que um grupo de “neoaloprados” operou nos subterrâneos do comitê de Dilma.

O blog conversou, na madrugada deste sábado (5), por telefone, com um dos operadores da campanha petista.

Contou que Lula abespinhou-se sobretudo por considerar que o noticiário negativo chega num instante em que Dilma vive o seu melhor momento.

Não é hora de derrapagem, teria dito o presidente. Acha, de resto, que não se ganha eleição com denúncias.

No Planalto, associa-se a operação tida por desastrada a Fernando Pimentel. De resto, tenta-se afastar a candidata da confusão.

Dilma nada teria a ver com a malograda tentativa de montagem de um grupo de espionagem para recolher material contra o rival José Serra.

Ao contrário. Vende-se a tese de que Dilma, assim que soube da movimentação do jornalista Luiz Lanzetta (na foto), amigo de Pimentel, mandou fechar o porão.

Em prejuízo dessa versão, há o fato de que a empresa de Lanzetta, a Lanza Comunicação, contratada pelo PT para atuar na campanha, não teve o contrato rescindido.

Alega-se que Lanzetta teria apenas se informado sobre o teor de uma apuração realizada por outro repórter: Amaury Ribeiro Jr., também próximo a Pimentel.

Apuração antiga, que se destinaria à publicação de um livro. Há na peça dados pouco lisonjeiros sobre Serra e o tucanato. Daí o interesse de Lanzetta.

De novo, a versão oficial serve-se de meias-verdades. Lanzetta não se limitou a ouvir o amigo Amaury.

Promoveu, com a presença dele, uma reunião cujo objetivo era a obtenção dados frescos. Nada a ver com o mercado editorial.

Tomado pelas declarações do delegado aposentado Onézimo Sousa aos repórteres Policarpo Junior e Daniel Pereira, o encontro visava propósitos sombrosos.

Deu-se em abril a tentativa de Lanzetta de dotar a campanha de Dilma de um grupo de espionagem.

Mesmo sem atribuir responsabilidades a Pimentel, que nega participação no episódio, o PT e Lula vão cuidar para que ele deslize suavemente para fora da campanha.

Não se vai utilizar o vocábulo afastamento. Menciona-se, desde logo, a “necessidade natural” que Pimentel terá de se dedicar à sua própria campanha, em Minas.

A depender dos planos traçados em Brasília, Pimentel irá às urnas como candidato ao Senado, não ao governo mineiro, como pretendia.

Quanto ao caso do dossiê, providencia-se para Pimentel um escudo. Afirma-se que jamais partiria dele um plano que tivesse como alvo Rui Falcão (PT-SP).

Um dos alegados objetivos de Lanzetta, além de espionar José Serra, seria o de perscrutar os passos de Falcão.

Por quê? Suspeitava-se que Falcão estivesse vazando detalhes de reuniões estratégicas do comitê de Dilma.

Pois bem, diz-se que Pimentel e Falcão são amigos comuns de Dilma do tempo da militância contra a ditadura.

Algo que desautorizaria a tese segundo a qual Pimentel estaria por trás das ações de Lanzetta. A despeito disso, o leme da campanha irá às mãos de Palocci, agora sem interferências.

Tomando-se a sério o script oficial, será necessário aceitar que Lanzetta reuniu-se com gente especializada em investigação, expôs planos e cifras e não informou ao comitê –ou a parte dele— nada do que se passava no porão.