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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Obama promete à Rússia, aliada nas sanções ao Irã, apoio e investimento

Diálogo de potências. Um ano após prometer uma nova era nas relações entre Washington e Moscou, presidente americano encontra em clima descontraído o líder do Kremlin com promessas de investimentos e apoio ao ingresso russo na OMC

  • WASHINGTONEUA e Rússia consumaram ontem o reinício - ou "reset" - das relações bilaterais. Em encontro na Casa Branca, os presidentes Barack Obama, dos EUA, e Dmitri Medvedev, da Rússia, arremataram uma aliança política que envolve a facilitação de Washington ao ingresso de Moscou à Organização Mundial do Comércio (OMC) ainda neste ano e a injeção de investimentos americanos no ainda inseguro mercado empresarial russo.    
O primeiro gesto de aproximação foi feito com a assinatura do novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start), em abril. Uma das contrapartidas de Moscou foi adiantada no mês passado, com o voto favorável às sanções do Conselho de Segurança contra o Irã e a suspensão do contrato de venda de mísseis S-300 a Teerã.
À imprensa, Medvedev assegurou a adoção das sanções contra o Irã, um dos principais sócios parceiros comerciais da Rússia. Mas ponderou que a resolução terá de passar pela inevitável aprovação do Parlamento da Rússia.
O relançamento das relações EUA-Rússia foi uma das primeiras iniciativas do governo Obama - e um dos desastres da agenda de seus antecessores. Em março do ano passado, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, entregou uma caixa com botão vermelho ao chanceler russo, Sergei Lavrov, em alusão ao aparelho que poderia ter detonado uma guerra nuclear. Ao lado do botão, foi escrita a palavra "reset", que sugeriu o reinício das relações bilaterais.
Ontem, os aparatos da Guerra Fria voltaram à conversa dos dois líderes. Obama chamou a atenção para o fato de ambos usarem o Twitter e repetiu a brincadeira que fizera diante da imprensa. "Talvez, seja a hora de nos livrarmos dos velhos telefones vermelhos", afirmou, antes de levar Medvedev a pé da Casa Branca ao prédio da Câmara de Comércio Americana, onde os esperavam os executivos de grandes corporações do país.
Prazos na agenda. "Eu conto com o fato de a Rússia fechar, em breve, negócios relevantes com os EUA", afirmou Medvedev, ao referir-se à sua expectativa de remoção de "obstáculos" americanos ao comércio e investimentos em seu país.
"Insisti com Medvedev que não é só interessante para os EUA e a Rússia o seu ingresso na OMC, mas para todo o mundo. Temos de fazer o possível para concluir o acordo no mais breve prazo", replicou Obama.
O líder russo, entretanto, assinalou o dia 30 de setembro como prazo máximo para a conclusão das negociações bilaterais com os EUA para o ingresso de seu país à OMC. A Rússia terá ainda de fechar acordos similares com seus outros principais parceiros comerciais e assumir os compromissos de incorporação das regras da OMC que, em muitos casos, se confrontam com a legislação nacional em vigor.
Medvedev visitou Washington a caminho das reuniões de cúpula do G8 (as sete economias mais industrializadas e a Rússia) e do G20 (os principais países desenvolvidos e emergentes).
Na quarta-feira, no Vale do Silício, Califórnia, extraiu o compromisso da Cisco Systems de investir US$ 1 bilhão ao longo de 10 anos em projetos de alta tecnologia na Rússia.
No mesmo dia, Medvedev havia sido recebido ainda pelo criador da Apple, Steve Jobs, que o apresentou aos novos apetrechos da inovadora empresa de computação.
Relações tensas
Escudo antimíssil
Rússia se opôs aos planos dos EUA de instalar um sistema de defesa antimísseis na Europa.
O projeto foi suspenso temporariamente
Arsenal nuclear
Assinaram novo acordo para a redução de ogivas, prevendo o máximo de 1.550 para cada país. Projeto ainda não passou pelo Congresso dos EUA
Questão iraniana
Kremlin apoiou a quarta rodada de sanções contra o programa nuclear do Irã depois que o documento foi suavizado, mas criticou a Casa Branca por
sanções adicionais a Teerã
Expansão da Otan
Moscou mantém campanha contra incorporação de mais ex-repúblicas soviéticas,
sobretudo Ucrânia e Geórgia
OMC
Moscou quer o apoio de Washington para o fim das restrições comerciais à Rússia e sua entrada na Organização Mundial do Comércio