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domingo, 6 de junho de 2010

Para PT, subida de Dilma ‘desarruma’ tática de Serra

Wilson Dias/ABr

Em sua última reunião, o comando da campanha petista de Dilma Rousseff chegou a uma avaliação otimista sobre os rumos da sucessão.

Em resumo feito ao repórter, um dos participantes do encontro apontou a principal conclusão: Dilma sai da fase de pré-campanha mais bem posta que José Serra.

Para os operadores de Dilma, a ascensão da candidata nas pesquisas provocou uma “desarrumação” na tática adotada pelo rival tucano.

Segundo essa visão, Serra escorou sua campanha numa premissa que a realidade conspurcou.

Contava que chegaria ao início formal da campanha, depois da Copa do Mundo, ainda no topo das sondagens eleitorais.

Com isso, poderia abster-se de criticar Lula e concentrar-se na comparação de sua biografia com a de Dilma.

Agora, estima o QG da candidata oficial, Serra será compelido a ajustar os planos e o discurso. Por quê? A imagem de Dilma tende a se fundir à de Lula.

A reunião ocorreu na última quinta (3), dois dias antes do adensamento da polêmica do dossiê, um tema que domina o noticiário deste final de semana.

Já então, o petismo tratava como um ponto fora da curva o episódio da desastrada tentativa de dotar o comitê de um núcleo de espionagem.

Estimou-se que a encrenca não prejudicaria a “boa fase” da campanha. Havia sobre a mesa, a propósito, uma pesquisa interna, feita por encomenda do PT.

Um ponto chamou especial atenção. Perguntou-se ao eleitor quem a mídia protege mais, Serra ou Dilma?

Curiosamente, a maioria respondeu que o noticiário é mais favorável à petista que ao tucano. Visão inversa à que predomina no comitê de Dilma.

Concluiu-se: as gafes e erros atribuídos a Dilma e explorados à larga nas manchetes se esvaíram numa atmosfera em que a candidata é associada a Lula.

“À medida que vão descobrindo que Dilma é a candidata do Lula, acham tudo nela lindo. E aumentam as intenções de voto”, disse o interlocutor do blog.

De resto, o alto comando de Dilma identificou os problemas que vicejam no comitê do adversário:

A “falta de clareza no discurso”, a “dificuldade para encontrar um vice”, os “contratempos com repórteres”, os “ataques à Bolívia”.

Na opinião do petismo, não há muito a fazer em relação a Dilma senão manter a estratégia, à espera da entrada efetiva de Lula na campanha.

Quanto a Serra, planeja-se contribuir para que tenha mais problemas. Numa das iniciativas, o PT mira o PP, legenda presidida pelo senador Francisco Dornelles (RJ).

Primo do grão-tucano Aécio Neves, Dornelles foi cogitado para vice de Serra. Algo que, para se tornar viável, exigiria a coligação do PP com o PSDB.

Num primeiro momento, o petismo assediara Dornelles e seus pares para reivindicar a “neutralidade” do PP. Não viria para Dilma, mas também não cairia no colo de Serra.

Hoje, imagina-se que será possível obter mais: a adesão formal do PP à candidatura de Dilma. Menos pelo tempo de TV, mais pelo baque que representará para Serra.

Trabalha-se com a seguinte lógica: Associando-se a Serra, o PP iria ao noticiário como uma derrota para Dilma...

Mantendo-se neutro, o PP se converteria em grave prejuízo para Serra, às voltas com a necessidade de tonificar o seu tempo de TV...

Incorporando-se formalmente à caravana de Dilma, o PP vira uma crise para Serra, uma nova evidência de fragilidade da campanha tucana.

Em contraposição à estratégia inimiga, o tucanato abre a semana com disposição para extrair do episódio do dossiê o máximo proveito político.

No mais, Serra não parece, por ora, tentado a escalar sobre Lula. Na quinta, disse na Paraíba que não há pressão sobre ele para que apimente o discurso.

Continua aferrado à idéia de comparar seu histórico ao de Dilma. Afora a falta de experiência, deseja fulminar a imagem de boa gestora.

Quer vender a tese de que é mais experiente para “manter o que está dando certo”, como não se cansa de repetir.

O PT acha que, com ao subir no ringue da TV e dos palanques abraçado a Dilma, Lula fará o discurso de Serra virar pó.

Daí a convicção de que o tucano vai submeter sua tática a um reajuste que o aproximará da armadilha plebiscitária urdida por Lula.