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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Temer entrega a Dilma programa do partido do noivo

Lula Marques/Folha

No Brasil, como se sabe, há mais partidos de programa do que programas de partido. Tome-se o caso do PMDB pós-redemocratização.

Tornou-se um partido, digamos, maleável. Quando sua ideologia não dá mais pé, muda para outra que exale o cheiro de poder.

Tisnado pela má fama, o ex-partido de Ulysses Guimarães tenta agora submeter-se a uma nova cirurgia plástica.

Acomodou sobre o papel um conjunto de ideias. Deu a esse ideário o nome de programa.

Nesta quarta (9), um Michel Temer prestes a escalar o altar, levou a peça a Dilma Rousseff, a candidata a noiva.

O “casal” exibiu-se às câmeras meio sem jeito. As lentes do repórter Lula Marques, sempre inconvenientes, capturaram um flagrante de falta de sincronismo.

Dilma estendeu a mão para seu pretendente. Temer, como que hipnotizado pelos flashes, não se deu conta.

Para não estragar a pose, a noiva viu-se compelida a agarrar a mão do virtual parceiro, apertando-a.

Num instante em que o matrimônio, por interesseiro, frequenta o noticiário com a aparência de patrimônio, Temer fez um esforço para salvar as aparências.

Referiu-se à junção do PMDB com o PT como "uma aliança político-eleitoral programática".Esmiuçou o raciocínio:

“Isso significa que vamos fazer verdadeiramente um presidencialismo de coalizão...”

“..No Brasil, mais do que nunca, surge a necessidade de coalizão partidária que não se dá depois da eleição...”

“...Ela está se formulando na campanha, e se dá não apenas por ajustamento político, mas junção de ideias".

O que conspurca o idealismo verbal de Temer é o fato de que, à sua volta, vicejam personagens decididos a extrair do ideal partidário o máximo lucro.