Sérgio Lima/Folha
Lula decidiu manter no cargo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, a despeito das suspeições que a assediam.
Lula decidiu manter no cargo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, a despeito das suspeições que a assediam.Acusada de facilitar a ação de lobby do filho Israel Guerra no governo, Erenice foi chamada para uma conversa com Lula.
Deu-se na noite de domingo. Testemunha da conversa, um auxiliar do presidente diz que Erenice negou participação em malfeitos.
Lula recomendou, então, que apresentasse respostas e provas –“O mais rápido possível".
Antes de se avistar com Lula, Erenice tocara o telefone para Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente. Em prantos, dissera-se vítima de calúnia.
Nesta segunda (13), depois de se reunir com advogados, a ministra anunciou a abertura de processo judicial contra ‘Veja’.
Aconselhada pelo ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, Erenice contratou a banca Tojal, Teixeira Ferreira, Serrano & Renault Advogados Associados.
Também nesta segunda, a ministra endereçou um ofício à Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
No texto, Erenice pede à comissão que se debruce sobre as denúncias veiculadas contra ela.
Abriu-se um “procedimento preliminar”. O caso foi às mãos do conselheiro Fábio Coutinho. Em dez dias, ele deve emitir um parecer sobre a encrenca.
Segundo Coutinho, a Comissão de Ética esquadrinharia o episódio mesmo sem a solicitação de Erenice. “Acredito que houve uma coincidência", disse.
Erenice é acusada de favorecer no governo negócios intermediados por uma empresa de lobby (Capital) ligada ao filho dela, Israel Guerra.
Segundo Veja, a ministra participou, junto com o filho, de quatro reuniões com o empresário Fábio Baracat.
O primeiro encontro ocorreu quando Erenice ainda era a segunda de Dilma Rousseff na Casa Civil. No último, ela já era ministra.
Baracat defendia os interesses da MTA Linhas Aéreas. Os encontros com Erenice e Israel Guerra teriam resultado na assinatura de contratos com os Correios.
Negócio de R$ 84 milhões, que renderam à Capital, firma do filho de Erenice uma “taxa de sucesso” de R$ 5 milhões.
Em nota divulgada no sábado, Erenice desmentira a notícia e informara que abriria os sigilos fiscal, telefônico e bancário. Os dela e os do filho Israel.
No ofício que endereçou à Comissão de Ética da Presidência, a ministra reitera a “disposição” de abrire os sigilos, “se necessário”.
Trata-se de uma oferta de efeito nulo. Os dados que Erenice se dispõe a exibir não podem ser abertos senão por ordem judicial.
A comissão da Presidência não tem poderes para requerer ao Judiciário a providência. A Polícia Federal poderia fazê-lo. Mas não foi acionada.
O assessor de Lula que testemunhou a conversa domingueira do chefe com Erenice disse que o presidente está “tranquilo”.
Aguarda o desenrolar dos fatos. Talvez devesse fazer algo mais além de esperar.








