José Cruz/ABr

“O Serra está, hoje, na situação que eu tive nas duas eleições que disputei com o Fernando Henrique Cardoso...”
“...O Serra foi candidato contra mim, em 2002, quando o povo queria mudança. Eu era a mudança, ele era situação...”
“...Agora, ele quer mudança quando o povo quer continuidade. A mesma coisa fui eu. Eu fui candidato contra o Plano Real, era um massacre”.
Os raciocínios acima, desfiados por Lula numa entrevista ao portal Terra (assista), ajudam a entender o drama da oposição brasileira.
Quem percorre o noticiário à procura de explicações sobre o favoritismo de Dilma Rousseff encontra luz numa notícia divulgada nesta quita (23).
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego do mês de agosto foi de 6,7%. É o menor patamar desde o que o índice começou a ser coletado, em 2002.
Retorne-se a Lula e às suas análises sobre a sova que levou de FHC em 1994. Disse que, sem o Real, seu contendor “talvez não seria eleito deputado federal”.
Com o Real, porém, “nós perdemos a eleição, Eu tinha quarenta e poucos por cento [nas pesquisas] no mês de março. Fui caindo, caindo, caindo”.
“Depois, quando chegou em 98, eu já sabia qual era o discurso do Fernando Henrique Cardoso: quem estabilizou vai gerar o emprego...”
“...E a gente não tinha como desfazer isso”. O mesmo se passa, na visão de Lula, com Serra.
Acha que, diante do atual cenário econômico benfazejo, o rival não tem como construir um discurso alternativo.
De fato, a oposição encontra-se numa sinuca. Com dinheiro no bolso, a maioria do eleitorado tende a empurrar para o segundo plano o pedaço ruim do governo.
Tome-se o exemplo do ‘Erenicegate’. Quando a denúncia veio à luz, o governo a desqualificou. Dilma Rousseff a chamou de “factóide”.
À medida que os malfeitos foram sendo esmiuçados nas manchetes, as autoridades foram caindo. Uma, duas, três, quatro. Entre elas a própria Erenice.
Pois bem. Agora, Lula adota comportamento duplo. Sobre os palanques, esculhamba a imprensa. Vestido de presidente, diz coisasassim:
"Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo...”
“...E quando acontece, a pessoa perde. O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país".
Ora, não fosse pela imprensa, Lula ainda estaria sendo feito de bobo por Erenice. Ou, por outra, continuaria fingindo que não sabia.








