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Ao lado do patrono Lula, Dilma Rousseff voltou a escalar o palanque na noite desta quarta (22). Deu-se em Curitiba (PR). O comício foi transmitido via web.
Na defensiva há duas semanas, a pupila de Lula atribuiu a agenda negativa que a rodeia ao “desespero” da oposição.
Sem mencionar o nome de José Serra, comparou o antagonista a um viciado. “O ódio é como droga”, disse ela. “Quando a pessoa entra, não sai mais”.
O discurso de Dilma foi pronunciado numa noite em que o Datafolhainformou que a vantagem dela sobre os oponentes caiu cinco pontos percentuais.
No curto intervalo de uma semana, a diferença, que era de 12 pontos, foi encurtada para sete.
A pesquisa revelou que 52% dos eleitores tomaram conhecimento do caso de tráfico de influência que levou à saída de Erenice Guerra da Casa Civil.
Dilma não fez referência específica às denúncias. Abordou o tema de forma indireta. Disse que, mercê do “desespero”, a oposição levanta “falsidades e mentiras”.
O objetivo, segundo ela, é “criar um clima de ódio”. Acha que a tática não vai colar, porque “o Brasil não tem o hábito de ser um país que odeia”.
Contra o “ódio”, ela acrescentou, recorrerá à “esperança no futuro e ao amor pelo povo”.
Curiosamente, quando chegou a sua vez de discursar, Lula como que borrifou raiva na atmosfera da capital paranaense.
Num par de comícios da semana passada –Juiz de Fora e Campinas— o presidente investira contra a imprensa.
Dissera que jornais e revistas viraram partidos políticos a serviço de Serra. As palavras renderam-lhe críticas.
Em Curitiba, voz alteada, Lula respondeu. Disse que “inventam” que ele e o PT constituem ameaça à democracia.
E acomodou os críticos numa espécie de Casa Grande: “Eles é que são os democratas, os donos do engenho...”
E os moradores da senzala são contra a democracia. É isso que eles estão tentando passar para a sociedade”.
No papel que mais lhe apraz, o de cabo eleitoral, Lula ironizou a guinada popular que Serra imprimiu à campanha da oposição.
"Quem passou a vida inteira arrochando o salário mínimo não pode chegar na televisão agora e falar que vai aumentar...”
“...Não pode dizer que vai dar décimo terceiro para o Bolsa Família quem antes falava que o Bolsa Família era esmola. O povo não é tolo...”
“...O povo brasileiro sabe quem fala sério e quem está mentindo”. Voltou a dizer que, passada a eleição, o tucanato só vai se relacionar “com os ricos”.
Lula pediu votos para Osmar Dias (PDT), candidato ao governo paranaense. Fustigou Beto Richa (PSDB), principal oponente de seu aliado.
Disse que, não fossem as verbas que o governo federal destinou a Curitiba durante a gestão de Beto na prefeitura, o tucano não teria o que propagandear:
“Duvido que se [o presidente] fosse o Fernando Henrique, ou alguém do partido dele, ele teria feito em Curitiba metade das obras que diz ter feito".
Mais cedo, antes de voar para Curitiba, Dilma concedera uma entrevista em Brasília. Teve de falar sobre as verdades que, à noite, chamaria de “falsidades e mentiras”.
Disse que não levou Erenice Guerra para o governo por amizade. Converteu-a em braço direito porque a conhecera na equipe de transição do governo, em 2003.
“Era do setor elétrico, advogada competente da área". Instada a comentar a predileção de Erenice pelos familiares, Dilma tomou distância:
"Não sou a favor da indicação de parentes, nem sou a favor da indicação por critérios de amizade”.
Acha correto demitir a parentela? “Se houve indicação por parentesco e critério de amizade, sim, sou a favor”.
Noutro trecho da entrevista, Dilma defendeu Erenice. Repisou a pregação de que é preciso aguardar a apuração dos malfeitos para verificar se ela é culpada.
Evocou o caso da quebra de sigilos fiscais da Receita. Disse que, durante três meses, a oposição de ser responsável pelos vazamentos.
"Agora aparece uma moça que mostra, e a investigação confirma isso, pra quem vendia e por quanto vendia. Eu pergunto: quem é que paga o meu prejuízo político?"








