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terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Serra não tem coragem de juntar gente na praça’

José Cruz/ABr

No seu 13º comício em três meses de campanha, Lula ironizou o rival tucano José Serra: "Repararam como ele não faz comício, só passeata?...”

“...É capaz até que ele apareça amanhã no desfile de 7 de Setembro. Acho que ele não tem coragem de juntar gente em uma praça".

Lula esclou ao palanque, ao lado da pupila Dilma Rousseff, na cidade de Valparaíso. Fica na divisa de Goiás com o DF, a 40 km do centro de Brasília.

Favorecido pela geografia, o presidente reuniu no mesmo evento seus candidatos ao governo de Goiás, Iris Rezende (PMDB), e do DF, Agnelo Queiroz (PT).

Pediu votos para ambos. E, além de fazer troça com Serra, espicaçou os oposicionistas da região, os goianos e os brasilienses.

Revelou-se, como de hábito, atento à composição do futuro Senado. Tratou Dilma como eleita. Disse que ela não pode passar o “sufoco” que julga ter passado.

Um “sufoco” que, no dizer de Lula, que ultrapassou as fronteiras do oposicionismo para converter-se em “ódio”.

Pela enésima vez, evocou a rejeição da emenda que prorrogava, em 2007, a vigência da CPMF.

Costumava dizer que a oposição o privara de investir R$ 40 bilhões a mais na saúde. Em Valparaíso, atualizou a cifra.

Em vez do valor anual, recitou o montante que deixou de investir nos três últimos anos de seu governo: R$ 120 bilhões. “Foi uma vingança contra nós”, disse.

Atribuiu ao senador Marconi Perillo, hoje candidato do PSDB ao governo de Goiás, uma “liderança” que ele não teve na articulação que levou a CPMF à cova.

Absteve-se, de resto, de mencionar certos detalhes. Não disse que a emenda teria sido aprovada não fosse a ajuda de traidores de sua base congressual.

Tampouco mencionou que só assumiu o compromisso de destinar as verbas à saúde na última hora, em carta lida na noite em que a votação se processava no Senado.

Dedicou a Perillo um segundo ataque. Acusou-o de quebrar a companhia energética de Goiás ao tempo em que foi governador do Estado.

Lula traz Perillo atravessado na traquéia desde 2005. Depois do estouro das arcas do mensalão, o tucano disse ter alertado o presidente acerca das mesadas do PT.

Sobre o mensalão petista, Lula não disse palavra no comício de Valparaíso. Mas, ao pedir votos para o petista Agnelo, fez questão de citar o mensalão do DEM.

Durval Barbosa, o “cineasta” dos maços de dinheiro que o ex-demo José Roberto Arruda apelidou de panetones, é cria de Joaquim Roriz (PSC).

O mesmo Roriz que, a despeito de ter sido carimbado de “ficha suja” pelo TSE, recorre ao STF para continuar na briga pelo governo do DF.

"Lamentalmente, a pouca vergonha tomou conta da política”, Lula espetou. “O dinheiro colocado para fazer obras era distribuído...”

Era “...roubado por meia dúzia de pessoas. E as obras acabaram não sendo feitas".

Noves fora a ironia sobre a ausência de comícios, Lula debochou de Serra por ter utilizado a imagem dele na propaganda eleitoral da TV.

Valeu-se de uma expressão que já pingara dos lábios de Dilmal. Autodenunciando-se como autor da expressão, Lula chamou Serra de “biruta de aeroporto”.

De resto, disse que Serra está “nervoso”. Uma referência às acusações de que a campanha de Dilma está por trás da violação do sigilo fiscal de tucanos.

Levou FHC à roda. Afirmou que o antecessor voou para o exterior. Por quê? Sabe que Serra será derrotado. No mais, esboçou a resposta de Dilma ao caso do fisco:

"A Dilma aprendeu a primeira lição: não responder, não baixar o nível na TV. Quem sofreu o que ela sofreu na ditadura não vai baixar o nível".

Dilma discursara antes de seu cabo eleitoral. Falou como se desse de barato que, no plano nacional, o jogo está jogado.

Discorreu sobre a importância de o eleitor prover ao governo dela “parceiros confiáveis” no Congresso.

Quanto à acusação de que há digitais do PT nos malfeitos da Receita, Dilma disse que tudo não passa de "uma porção de falsidades, uma porção de factóides".

Creditou os ataques ao “medo” da oposição “de uma mulher dar certo” na Presidência”. E declarou: “Essa mulher aqui vai ser a primeira presidente do Brasil”.

Comparando-se ao seu patrono, recordou que, em 2003, ao tomar posse, Lula era alvejado pelas mesmas especulações de que não daria certo no governo.

Pois o "metalúrgico", disse ela, tornou-se “um grande governante”. Será imitado, a partir de 2011, pela “primeira mulher presidente do Brasil”.