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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Petista de Formiga diz ter acessado homônimo de EJ



Levado às manchetes como responsável por dez acessos aos dados fiscais do tucano Eduardo Jorge, o petista Gilberto Souza Amarante veio à boca do palco.

Ele concedeu algo muito parecido com uma entrevista. Coisa rápida: nove minutos. O cenário foi um estacionamento, atrás da agência do fisco em Formiga (MG).

Disse, em essência, o seguinte:

1. Realizou os acessos no “horário do expediente”, quando cuidava do “atendimento” da clientela que acorre ao prédio da Receita.

2. Crê ter puxado os dados de um homônimo do vice-presidente executivo do PSDB. “Há vários casos de homônimos com esse nome Eduardo Jorge”, disse.

3. Não soou peremptório: “A nossa base [de dados] é nacional. Então, o que é factível é que houve um homônimo”.

4. Sobre a quantidade de acessos (uma dezena), disse que ocorreram em “41 segundos apenas”. Contra documento do Serpro, disse que “não foram dez acessos".

5. Como assim? "O sistema registra cada mudança de página como um acesso. Então foi um acesso só”.

6. Sustentou que não levou à tela de sua máquina informações fiscais do “homônimo” de EJ. Abriu “uma base cadastral, cadastro”.

7. Insistiu: “Não foi acessado nenhum tipo de dado fiscal. Cadastro quer dizer nome, telefone..."

8. Declarou que, em 17 anos de serviço, não faz senão “acessar” o sistema do fisco, “várias vezes por dia”. Esmiuçou: "A minha função é acessar dados".

9. O servidor não soube dizer se foi ao computador a pedido do suposto “homônimo” de EJ ou de um procurador.

10. De novo, discorreu sobre possibilidades, não sobre certezas. Disse que “a hipótese mais provável” é que um EJ tenha comparecido à agência de Formiga.

11. Quanto à filiação ao PT, ocorrida em 2001, preocupou-se em “desfazer um equívoco”.

12. Afirmou: “É bom frisar que filiação partidária não se confunde com militância partidária. Nunca tive nenhum tipo de militância partidária".

É tudo curioso, muito curioso, curiossíssimo. A chave que abre as informações armazenas nos computadores da Receita é o CPF do contribuinte.

Ao farejar os acessos realizados no formigueiro dos fundões de Minas em abril de 2009, o Serpro guiou-se pelo número de CPF do EJ tucano, não de um homônimo dele.

De resto, Eduardo Jorge não é o nome completo do dirigente tucano. Ele se chama Eduardo Jorge Caldas Pereira.

Como diz o petista Gilberto, “há vários casos de homônimos com esse nome Eduardo Jorge”.

Não é impossível que haja em Formiga um EJ que também seja “Caldas Pereira”. Mas, até prova em contrário, parece improvável.

De resto, é preciso responder a uma pergunta óbvia: por que diabos um Eduardo Jorge, seja Caldas Pereira ou não, iria a uma agência do fisco para requerer os seus próprios dados cadastrais?

Para usar as palavras do petista Gilberto, “cadastro quer dizer nome, telefone...".

Assim, “a hipótese mais provável” é que o Eduardo Jorge de Formiga, acometido de amnésia, tenha esquecido o próprio nome.

Ou, por outra, esse EJ misterioso trafegava pelas ruas da cidade quando decidiu, de súbito, tocar o telefone para casa.

Como o número de sua residência lhe fugia e não havia uma lista telefônica por perto, foi pedir socorro no prédio da Receita.

Como se vê, considerando-se as abobrinhas pronunciadas em Formiga, a coisa ficou muito clara. Clara como a gema.