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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PT pede à PF que investigue Amaury, repórter de MG

Renato Araújo/ABr

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, convocou a imprensa para informar que o partido vai pedir à Polícia Federal a abertura de uma investigação.

O petismo quer que a polícia esquadrinhe os movimentos do repórter Amaury Ribeiro Jr., ex-funcionário do jornal ‘O Estado de Minas’.

Depois de deixar os quadros do jornal, Amaury achegou-se ao comitê de Dilma Rousseff. Carregava consigo as informações que coletara.

Dados relacionados à gestão FHC. Entre os alvos, José Serra, a filha dele, Verônica, e os personagens ligados ao tucanato que tiveram os dados fiscais vazados do fisco.

Antes da entrevista de Dutra, conforme noticiado aqui, Dilma Rousseff voltara-se para Amaury numa conversa que teve com os repórteres.

“Uma coisa me intriga”, disse a candidata. “Nesse período [2009, quando foram vazados os dados dos tucanos na Receita], ele [Amaury] trabalhou no Estado de Minas...”

“...Nunca vi ninguém perguntar ao Estado de Minas. Gostaria que algum de vocês fizesse essa pergunta".

O que Dilma e Dutra não explicitam é o verdadeiro interesse do petismo. Deseja-se caracterizar os vazamentos do fisco como um caso de “fogo amigo” contra José Serra.

Mais: o que o PT quer é arrastar para o epicentro do caso o ex-governador Aécio Neves, hoje candidato ao Senado pelo PSDB de Minas.

Nos subterrâneos, Dilma e os operadores da campanha dela atribuem a Aécio a encomenda da “investigação” contra Serra.

Nesta segunda (6), Aécio disse ao signatário do blog, por meio de sua assessoria: 1) Nem conhece Amaury. 2) Não é afeito à pratica de confeccionar dossiês.

Em público, Dutra evitou citar Aécio, mencionado à farta nos diálogos privados dos grão-petistas: "O PT não desconfia de ninguém”, disse o mandachuva da legenda.

“Queremos que se investigue. Queremos que as pessoas envolvidas sejam ouvidas para saber quais documentos foram obtidos, de que maneira e se há alguma relação com o suposto dossiê".

O dossiê a que se refere o presidente do PT tem nome: “Operação Caribe”. Está acomodado em cerca de 40 folhas.

Em sua última edição, Veja noticiou que o papelório contém, entre outros dados, informações fiscais de Verônica Serra e dos tucanos alvejados no caso da Receita.

A revista diz ter ouvido Amaury. Informa que ele admitiu ser o autor do texto. Contou que fora convidado a integrar o comitê de Dilma.

Algo que não se concretizou, segundo ele, por falta de acerto financeiro. Disse, de resto, que o texto intitulado "Operação Caribe" foi furtado de seu computador.

Atribuiu a violação de sua máquina a petistas. Teriam invadido o quarto em que se hospedara, em Brasília. Acomodações alugadas, segundo Veja, pelo comitê de Dilma.

O nome de Amaury ganhara o noticiário entre maio e junho. Fora exposto como personagem de uma reunião realizada em 20 de abril, num restaurante de Brasília.

Encontro organizado pelo amigo Luiz Lanzetta, supostamente a pedido de Fernando Pimentel, hoje candidato do PT a uma cadeira de senador por Minas.

Lanzetta é sócio da empresa Lanza Comunicação, que o PT contratara para cuidar da comunicação da campanha de Dilma.

Do encontro do restaurante participaram, além de Amaury e Lanzetta, um delegado aposentado da PF, Onézimo Sousa, e ex-agentes da comunidade de informações.

A conversa foi às manchetes como tentativa frustrada de organizar uma operação de espionagem contra Serra. Coisa admitida por Onézimo. E desmentida pelos demais.

Nesta segunda, Dutra declarou: "O jornalista [Amaury] nunca participou da campanha...”

“...É público e notório que o PT tinha um contrato com a Lanza, mas não podemos ter responsabilidade pelas relações dessa empresa com outras pessoas".

E quanto ao envolvimentos de filiados do PT nos acessos criminosos aos dados fiscais de tucanos na Receita?

"Não há nenhuma participação institucional do partido ou da campanha nesses vazamentos”, repete Dutra.

“Eles [os petistas] deverão responder na Justiça e ao partido pelos atos que cometeram".

Resta agora saber se a PF abrirá o inquérito que o PT solicita.

Se abrir, restará saber como vai reagir Amaury à fogueira que o petismo acende para espalhar as brasas.