
Em junho de 2005, depois de implodir o mensalão numa entrevista a Renata Lo Prete, Roberto Jefferson refugiou-se num apartamento funcional da Câmara.
Entre quatro paredes, acompanhado apenas de seus rancores, passou a receber a visita de uma professora de canto.
Num certo dia, a voz grave de Jefferson alcançou os tímpanos dos repórteres que faziam vigília na portaria do prédio.
Em vez das árias de fel que o mantinham nas manchetes, Jefferson entoou ‘Cuore Ingrato’. Era como se desejasse homenagear José ‘Sai Daí’ Dirceu.
Pois bem. Cassado e inelegível, Jefferson ganhou tempo livre para lapidar as cordas vocais. Agora, conta a repórter Cátia Seabra, lança seu primeiro CD: ‘On The Road’.
A peça inclui clássicos como ‘Smile’ e ‘Fly me to the moon’. Na faixa lá do alto, ouve-se ‘Let me try again’.
Jefferson canta em inglês. Não virou um Sinatra. Mas não chega a dar vexame. Na estrofe principal, em tradução livre, ele soa assim:
“Deixe-me tentar de novo / Pense em tudo que tivemos antes / Deixe-me tentar mais uma vez / Podemos ter tudo / Eu e você novamente / Por favor me perdoe ou vou morrer / Deixe-me tentar de novo”.
Vertendo-se a letra para a política, Jefferson talvez não possa ter tudo. Está associado à candidatura presidencial de José Serra.
Quanto ao “tentar de novo”, é preciso saber se o STF vai deixar. Estima-se que o processo do mensalão, no qual figura como réu, vai a julgamento em 2011.
De qualquer modo, se não for perdoado com uma absolvição, Jefferson já não precisa morrer. Pode aproveitar o degredo para impulsionar a carreira de cantor.








