Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

sábado, 2 de outubro de 2010

FHC: ‘O país merece 2º turno, para ver as diferenças’


‘Tática plebiscitária do nós bons X eles maus não  colou’

Serra e Marina seguram ‘rolo compressor do oficialismo’


Paula Sholl/Divulgação

Em artigo veiculado neste domingo (3) eleitoral, Fernando Henrique Cardoso anota: “O país merece um segundo turno”. 

Por quê? Para que ocorra “o confronto aberto” entre José Serra e Dilma Rousseff. Algo que permita ao eleitor comparar “as diferenças entre os caminhos propostos”.

Em harmonia com as pesquisas, FHC trata a perspectiva de prolongamento da campanha como uma probabilidade:

“A votação de hoje provavelmente nos levará ao segundo turno”, escreve. Considera “pouco provável” que a pupila de Lula alcance 50% dos votos.

As pesquisas demonstram que o segundo turno, se vier, terá as digitais de Marina Silva, cuja candidatura alcançou 17% dos votos válidos no Datafolha.

Em seu artigo, FHC como que reconhece o papel da candidata verde. Mais que isso: ele como que inclui Marina no jogo do PSDB.

“Pelo menos 40% dos eleitores não se dispõem a coonestar” o projeto oficial, anota. Acha foi à breca a tática eleitoral urdida por Lula:

“A tentativa plebiscitária do ‘nós bons versus eles maus’ não colou, a menos que se condene metade do país ao infortúnio de uma qualificação negativa perpétua”.

Para FHC, a eleição deste domingo “é importante porque abre um caminho para a convergência entre os que resistem ao rolo compressor do oficialismo”. 


FHC deu nome às forças que resistem a Lula e ao projeto que Dilma personifica: “O PSDB com Serra e o PV com Marina”.

No miolo do artigo, FHC desanca Lula. Acusa-o de portar-se como “chefe de facção”, não como “chefe da nação”.

Recorda que Lula chegou “a falar em extermínio de adversários”. Sustenta que o governo jogou na campanha uma “massa de recursos”.

Dinheiro de “propaganda direta ou indireta, com as cornucópias públicas a jorrar rios de anúncios sobre ‘grandes feitos’.”

Acrescenta que, a despeito do “personalismo imperial do presidente em sua verborreia incessante”, a estratégia do plebiscito não vingou.

Como exemplo do estilo que condena em Lula, FHC fez referência à cerimônia de capitalização da Petorbrás, na Bovespa:

“Lula na Bolsa [de Valores], se autodefinindo como sumo sacerdote do capitalismo financeiro global, representou o coroamento de uma trajetória...”

“...Como se de suas mãos escurecidas de petróleo brotassem ações ricas em dividendos futuros...”

“...E não do esforço árduo de gerações de trabalhadores, técnicos e políticos para viabilizar a Petrobras como uma grande companhia, da qual todos nos orgulhamos”.

Noutro trecho, FHC escreve: “O governo de Lula e do PT se iniciou disposto a exercer o papel de renovador da política e da ética...”

“...Termina abraçado com a despolitização e o clientelismo. Ser pragmático é o que conta...”

“...Ter bons índices de popularidade, aproveitar as águas calmas de um PIB em ascensão para distribuir benesses para todos os lados...”

“...Fazer discursos inconsistentes, mesmo que chulos, para agradar cada audiência”.

No dizer de FHC, “existem opções reais”. Na campanha, foram "desfiguradas pelas técnicas mercadológicas”, mas representam “distintas visões do país”.

Sob Serra e Marina, diz ele, acomodam-se as forças que tem “em comum a recusa ao caminho personalista e autoritário”. Daí, acredita, a importancia do segundo turno.

-ServiçoAqui, a íntegra do artigo de FHC, no Diário Catarinense, que antecipa na web a edição de domingo.