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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lula e Dilma se juntam para extrair votos do pré-sal



Ricardo Stuckert/PR

Em operação casada, Lula, Dilma Rousseff, a Petrobras e a Agência Nacional de Patróleo uniram esforços para extrair dividendos eleitorais do pré-sal.

A quatro dias da eleição, o cabo eleitoral, a candidata, a estatal e a agência petroleira protagonizaram eventos organizados com método.

No Rio, Lula participou de pajelança preparada pela Petrobras. Deu-se na cidade de Angra dos Reis.

A pretexto de presenciar a retirada das primeiras gotas de óleo bombeadas à superfície por navio-plataforma, Lula enfiou-se no macacão alaranjado da estatal.

Em discurso, celebrou o início da exploração comercial do pré-sal. O navio de Angra deve produzir 100 mil barris por dia. Coisa para 2012, se tudo correr bem.

Lula lambuzou as mãos de óleo. Imprimiu as digitais no peito estufado do governador Sérgio Cabral (PMDB), também fantasiado de operário da Petrobras.

A cerimônia desta quinta (28) poderia ter acontecido em qualquer data –há 15 dias ou na semana que vem. Lula determinou que ocorresse à beira da urna.

Em Brasília, Dilma recebeu a direção da FUP (Federação Única dos Petroleiros). Uma entidade filiada à CUT, braço sindical do PT.

Bandeira da federação sobre a mesa, os petroleiros declararam apoio à pupila de Lula. Em entrevista, Dilma cuidou de borrifar José Serra na cena.

Disse que, sob FHC, a Petrobras era uma empresa pequena. Na era Lula, tornou-se a segunda maior empresa de petróleo do mundo.

Respondeu à propaganda de Serra, que a “acusa” de ter "privatizado" a exploração de 108 jazidas, entregando-as a empresas privadas.

Dilma repetiu que, descoberto o “bilhete premiado” do pré-sal, o governo modificou o modelo de exploração –de concessão para partilha.

Martelou: é o tucanato quem deseja “privatizar o pré-sal”. Lembrou que os congressistas do PSDB votaram contra o modelo que fez das jazidas patrimônio “dos brasileiros”.

A propaganda de televisão ecoou a candidata. Numa peça, contrapôs a “verdade” às "falsidades" do rival, “desesperado” com os resultados das pesquisas.

Noutra inserção, exibiu o símbolo “Petrobrax” como evidência de que FHC só não privatizou a Petrobras porque "não deu tempo".

Para completar a operação petro-eleitoral, o aliado Haroldo Lima (PCdoB), diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), veio à boca do palco.

Sob holfotes, anunciou para esta sexta (29), a divulgação da quantidade de óleo de uma das jazidas do pré-sal: o campo de Libra, na bacia de Santos.

O potencial do campo? Suspeita-se que operadores do mercado já saibam. Mas o eleitor só vai ficar sabendo na antevéspera da eleição.

Em tempo para que Dilma capitalize a novidade no debate presidencial noturno, a ser exibido pela TV Globo.

A junção de todos os lances desta quinta acomodaram no centro da arena sucessória uma espécie de estatal virtual: a Petrovotos.

Valter Campanato/ABr