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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lula impõe derrota aos algozes e remodela o Senado

José Cruz/ABr

Tasso e Virgílio, dois dos 'pesos pesados' da oposição que a 'onda Lula' engolfou

A infantaria acionada por Lula contra os "algozes" de seu governo surtiu efeitos devastadores no Senado.

Foram à bandeja os escalpos de vários pesos pesados da oposição. Entre os senadores que tiveram a cabeça apartada do pescoço estão:

Arthur Virgilio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Marco Maciel (DEM-PE), Efraim Morais (DEM-PB), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Mão Santa (PSC-PI).

Do grupo de desafetos que Lula jurara de morte eleitoral, salvou-se apenas José Agripino Maia (RN), reeleito no Rio Grande do Norte.

Na hipótese de prevalecer sobre José Serra no segundo turno da eleição presidencial, Dilma Rousseff terá no “novo” Senado uma maioria larga.

Sob Lula, o governo arrostou dificuldades para aprovar até leis ordinárias. Emendas constitucionais, que exigem 49 votos, só saíam a fórceps.

Há no Senado, 81 cadeiras. Na nova composição, a maioria governista passa dos 50 votos.

Só o PMDB e o PT, sócios majoritários do consórcio que gravita ao redor do comitê de Dilma, somam 35 votos.

Levando-se ao balaio os senadores de legendas menores –PP, PR, PSB, PDT, PRB e PCdoB— chega-se a 53 votos. Adicionando-se o PTB, atinge-se 58.

Expurgando-se três dissidentes do PMDB –os já conhecidos Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) e o eleito Luiz Henrique (SC)-, fica-se com 55.

É um quorum de sonho. Se dispusesse de semelhante maioria em 2007, Lula talvez tivesse impedido o enterro da CPMF.

A presidência do Senado de 2011 continuará nas mãos do PMDB, cuja bancada foi tonificada. Tinha 18 senadores. Agora dispõe de 20.

O PT saltou da quarta para a segunda posição. Sua bancada foi de oito para 15 senadores. Só não chegou a 16 porque Aécio Neves não permitiu.

Além de eleger-se senador por Minas, o tucano Aécio carregou consigo Itamar Franco (PPS). Com isso, deixou pelo caminho Fernando Pimentel (PT).

Entre as novas estrelas do PT no Senado estão: Marta Suplicy (SP), Jorge Viana (AC), Lindberg Farias (RJ), Gleisi Hoffman (PR)...

...Wellington Dias (PI), Walter Pinheiro (BA) e José Pimentel (CE) –um dos responsáveis pela primeira derrota eleitoral da carreira de Tasso Jereissati.

De resto, reelegeram-se os petistas Paulo Paim (RS) e Fátima Cleide (RO), esta última uma estrela apagada.

Na composição atual, PSDB e DEM dividem a segunda colocação, cada um com 14 senadores. No “novo” Senado, a oposição vai definhar.

Os tucanos passarão a compor a terceira bancada –dez senadores. Entre eles Marconi Perillo, que disputa o governo de Goiás. Elegendo-se, ficam nove.

Seriam oito tucanos, não fosse uma surpresa produzida pelas urnas de São Paulo. Elegeu-se ali, à frente de Marta Suplicy, o grão-tucano Aloysio Nunes Ferreira.

O DEM foi, entre todas as legendas, a que mais definhou. De seus 14 senadores, restaram seis. A tribo ‘demo’ compõe agora a quarta bancada.

Um pedaço do infortúnio do DEM em Brasília se deve ao seu sucesso nos Estados. Dois titulares do DEM viraram governadores. Raimundo Colombo prevaleceu em Santa Catarina. Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte.

Ambos dispunham de mais quatro anos de mandato no Senado. A cadeira de Colombo será herdara por Casildo Maldaner (PMDB).

No assento de Rosalba será acomodado Garibaldi Alves (PMDB). Vem a ser o pai de Garibaldi Alves Filho (PMDB), reeleito neste domingo junto com Agripino Maia.

Para enfrentar no Senado um eventual governo Dilma, restaria a tucanos e ‘demos’ tentar uma aliança com outras legendas miúdas.

Porém, ainda que promovam acordos pontuais com PSOL, PMN e PPS, os dois maiores partidos da oposição reunirão em torno de si algo como duas dezenas de votos.

Lula tanto fez que proveu para Dilma o Senado que não teve. Se vencer, José Serra terá de atrair os partidos que hoje dão suporte ao governo petista.

Difícil não é. Partidos como o PMDB e assemelhados têm vocação para o governismo. Apoiam qualquer governo. Desde que recebam cargos e verbas.

Serra teria de se recompor com José Sarney. Velho desafeto do tucano, Sarney fez barba, cabelo e bigode neste domingo.

No governo do Maranhão, manteve-se a filha Roseana. Para o Senado, reelegeram-se os amigos Edison Lobão (MA) e Gilvan Borges (AP). E elegeu-se João Alberto (MA).

De quebra, renovou o mandato Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado de todas as horas. Com esse cacife, Sarney já cogita recandidatar-se à presidência do “novo” Senado.