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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Na disputa da Câmara o DEM pende para Vaccarezza

Adversário feroz do PT, o DEM cogita protagonizar um movimento inusitado: o apoio ao petista Candido Vaccarezza na briga pela presidência da Câmara.

Líder de Lula na Câmara, Vaccarezza mede forças com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves.

Em minoria, a oposição não tem nenhuma chance de emplacar um nome próprio. Terá de optar por um dos dois governistas.

Em privado, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que a vitória de Vaccarezza serve mais aos interesses de sua legenda.

Na opinião de Rodrigo, revelada entre quatro paredes, é essencial para a oposição impedir que o PMDB comande as duas Casas legislativas.

Dá-se de barato que o partido de Michel Temer terá, por majoritário, o comando do Senado. E deseja-se evitar que leve também a Câmara.

Do ponto de vista político, imagina a cúpula do DEM, um petista na Câmara levará ao aumento da fricção entre os dois sócios majoritários do governo Dilma.

De resto, numa visão mais pragmática, a tribo dos ‘demos’ enxerga em Vaccarezza um interlocutor mais confiável do que Henrique Alves.

Embora tenha saído das urnas mais fraco, o DEM logrou eleger 46 deputados. Com esses votos, pretende negociar um bom acordo.

As conversas passarão pela escolha das comissões da Câmara, pela indicação de relatores para projetos relevantes e pelas emendas ao Orçamento.

No capítulo das emendas, o DEM imagina que o apoio a Vaccarezza pode atenuar os efeitos de um fenômeno corriqueiro.

O governo costuma preterir os congressistas de oposição na hora de liberar as verbas destinadas, via Orçamento, às bases eleitorais de cada um.

Na visão do DEM, Vaccarezza teria, sob Dilma, mais acesso ao governo do que Henrique Alves. Na hora das liberações, influiria mais.

De resto, aos olhos do DEM, o PMDB constitui uma ameaça maior do que o PT. Vive a tentar cooptar os seus quadros.

Agora mesmo, a direção do partido de Michel Temer assedia o prefeito ‘demo’ de São Paulo, Gilberto Kassab.

Embora o movimento do DEM em direção a Vaccarezza pareça inusitado, não é propriamente algo inédito.

Em disputas anteriores pelo comando da Câmara, o partido de Rodrigo Maia apoiou o comunista Aldo Rebelo (PCdoB-SP), contra o PMDB.

Antes de se servir do apoio do DEM, Vaccarezza terá de lidar com o seu próprio partido. Há, hoje, quatro petistas na briga pela presidência da Câmara.

Além de Vaccarezza, cobiçam o posto Arlindo Chinaglia (SP), João Paulo Cunha (SP) e Marco Maia (RS).

Nos subterrâneos, Vaccarezza tenta costurar um acordo que promova a unidade do petismo. Do contrário, terá de disputar a indicação partidária no voto.