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domingo, 30 de janeiro de 2011

Brasil observa a crise do Egito com um olho nos EUA

Khaled Desouki/AFP
Os operadores de política externa de Dilma Rousseff observam com óculos bifocais a convulsão social que rói a autoridade do ditador egípcio Hosni Mubarak.
Com o pedaço da lente que corrige a visão de curta distância, Brasília olha para o Cairo. Com a parte que permite enxegar ao longe, repara em Washington.
O repórter ouviu uma das vozes que levam aos tímpanos de Dilma análises sobre o terremoto que sacode as ditaduras árabes e que atingiu o ápice no Egito.
Vai abaixo um resumo do miolo do pensamento do governo brasileiro acerca do que ainda está por acontecer:
  
“Nos últimos 30 anos, a Casa Branca cevou a bomba social do Egito. Por um desses azares do destino, o artefato estourou no colo de Barack Obama...”
“...Parte do problema, a Casa Branca tenta tornar-se parte da solução. Quando explodiram os protestos, os EUA imaginavam que o futuro incluía Mubarak...”
“...Coube a Hillary Clinton resumir o sonho. Ela disse que o governo egípcio, ainda estável, lograria atender aos interesses legítimos de seu povo...”
“...O ditador acionou sua máquina de repressão, custeada com verbas americanas. Cortou internet e celular. Decretou toque de recolher e liberou os tanques...”
“...As ruas do Egito continuaram cheias. Soldados passaram a oscilar entre a coerção e a confraternização com a turba rebelada...”
“...Em poucas horas, a ficha de Washington começou a cair. Em novas falas, Hillary e o próprio Obama ajustaram o tom...”
“...Passaram a cobrar o comedimento do ditador e a realçar a legitimidade das mágoas que nutrem a revolta da sociedade egípcia. Perceberam que o futuro não inclui Mubarak...”
“...De repente, a Casa Branca começou a brandir a ameaça de cortar parte do US$ 1,8 bilhão que despeja anualmente sobre a máquina militar egípcia...”
“...O fechamento da torneira parece inevitável, mas não apaga o passado. Na era da internet e do WikiLeaks, a sujeita virá à tona cedo ou tarde...”
“...É impossível manter debaixo do tapete a íntima parceria monetária da democracia norte-americana com a ditadura conveniente do Egito...”
“...Entornando-se o caldeirão, do caldo pode emergir não a democracia, mas uma teocracia islâmica. O fantasma de um novo Irã é, hoje, o pesadelo de Obama.