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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aécio sobre mensagem de Dilma:‘Só boas intenções’

Lula Marques/Folha
Estrela do “novo” Congresso, o neosenador tucano Aécio Neves foi assediado pelos repórteres ao final da leitura da mensagem de Dilma Rousseff.
“É um conjunto de boas intenções”, pespegou. “Fiz questão de ouvir pessoalmente”.
Em verdade, como demonstram as imagens acima, Aécio não ouviu tudo o que Dilma disse.
Adepto da “oposição qualificada”, ele preferiu gastar parte do tempo com um animado cochicho de pé de ouvido.
Intercambiou sussurros com o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves.
Simpatizante do governismo ultraqualificado, Henrique aplaudiu Dilma com entusiasmo, mesmo sem tê-la escutado por inteiro.
Aécio, mais econômico, poupou as mãos. Bateu uma uma palma contra a outra duas escassas vezes. Explicou-se:
“Respeito muito as boas intenções, mas estou guardando os meus aplausos. Esse discurso não é muito diferente daquele que nós ouvimos há oito anos”.
Mesmo tendo escutado pela metade o receituário de Dilma, Aécio não teve dificuldades para elaborar o seu diagnóstico:
“O que faltou nesse discurso foi um compromiso mais claro com uma agenda, com uma pauta, com o envio de propostas” ao Legislativo.
Na mosca: Dilma falou de coisas definitivas sem definir as coisas. Ecoou compromissos tão difundidos quanto irrealizados.
Reforma política, reforma tributária, isso e aquilo. Coisas que não se materializaram, no dizer de Aécio, porque Lula absteve-se de “enfrentar contenciosos”.
De novo, acertou o alvo. Dessa vez, mirou o olho da mosca. Esqueceu de mencionar, porém, um detalhe.
Bem antes de Lula, há 16 anos, FHC também desfraldara as mesmas bandeiras. Reforma política, reforma tributária, isso e aquilo...
Não é à toa que a política brasileira virou esse diálogo de surdos. Já nem é preciso ouvir para escutar os compromissos que deixarão de ser cumpridos.
Aécio e Henrique, a propósito, não foram os únicos a sonegar a Dilma o monopólio da audição.
Considerando-se a alta taxa de alheamento do plenário, pode-se dizer que Dilma pronunciou platitudes para uma solidão repleta.