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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dilma sanciona Orçamento e governo anuncia cortes

Valter Campanato/ABr
Dilma Rousseff programou para esta quarta (9) a sanção do Orçamento da União de 2011, aprovado pelo Congresso em dezembro passado.
A sanção converte o projeto em lei. A presidente vinha protelando a providência. Antes, queria saber o tamanho do corte de gastos que terá de fazer.
Uma vez sancionado o Orçamento, os ministérios do Planejamento e da Fazenda ficam liberados para descer a faca.
Prevê-se que o anúncio dos cortes deve ser feito também nesta quarta, o mais tardar na quinta (10). Um auxiliar de Dilma disse ao blog que o talho roça os R$ 50 bilhões.
A cifra é bem maior do que a estimativa de corte feita no início de janeiro. Dizia-se, então, que a poda dos gastos oscilaria entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões.
Essa previsão inicial levava em conta as despesas novas que os congressistas haviam injetado no projeto de Orçamento que o Executivo enviara ao Legislativo.
Em seu formato original, a peça previa despesas de R$ 1,2 trilhão para 2011. Deputados e senadores adicionaram a esse valor R$ 25,5 bilhões.
Aprofundando-se nas contas, o governo concluiu que a incisão teria de ser maior. Sob pena de não produzir a economia de 3% do PIB, meta de superávit para 2011.
O anúncio dos cortes chega em momento delicado. Justamente na hora em que Dilma submete a teste a fidelidade de seu consórcio partidário no Congresso.
Até o final da semana, a presidente enviará ao Parlamento o projeto que eleva o valor do salário mínimo para R$ 545. Cobra aprovação rápida. Sem alterações.
É sob essa atmosfera que vão ao noticiário os cortes. Incluem despesas criadas por meio de emendas que deputados e senadores penduraram no Orçamento.
Dito de outro modo: Dilma passa na lâmina parte das emendas dos parlamentares e, ao mesmo tempo, cobra deles lealdade na votação do mínimo.
Mais: nesta terça (8), operadores políticos do governo levaram aos ouvidos dos líderes de legendas governistas um aviso que soou como chantagem.
Alertou-se, nos subterrâneos, que uma eventual elevação do salário mínimo terá de ser compensada com novos cortes orçamentários.
Pior: se tiver de correr novamente a faca, o governo dará preferência às emendas dos parlamentares, podando-as ainda mais.
Afora a variável dos cortes, a equação congressual de Dilma inclui a variante dos cargos. O PMDB da Câmara pega em lanças pelas poltronas do segundo escalão.
Abespinhado com a perda do controle de Furnas, o líder pemedebê Henrique Eduardo Alves cobra compensações para a bancada do Rio, dona de oito votos.
À frente desse pedaço do PMDB está o deputado Eduardo Cunha (RJ). Era ele quem dava as cartas em Furnas.
Agora, deseja acomodar seu baralho noutro pano verde da máquina estatal. O diabo é que a simples audição do nome de Cunha provoca urticária em Dilma.
Em português claro: Dilma quer prevalecer na votação do salário mínimo impondo cortes em emendas e sonegando cargos a aliados tóxicos. Se obtiver êxito, lavrará um tento.