Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Em guerra, DEM tenta armistício num almoço em SP

Fábio Pozzebom/ABr
Representantes dos dois grupos que guerreiam pelo controle do DEM agendaram um almoço para esta segunda (14), em São Paulo.
Vão à mesa o senador José Agripino Maia (RN) e os ex-senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC).
Agripino é candidato declarado à presidência do partido. Maciel é insuflado por Bornhausen para enfrentá-lo.
Além de Bornhausen, empurra Maciel para a disputa o prefeito paulistano Gilberto Kassab, que não participará do repasto.
Durante a refeição, os caciques ‘demos’ tentarão mastigar as diferenças e esboçar os termos de um armistício.
A simples realização do almoço representa um avanço notável. Até a semana passada, os dois grupos nem se falavam.
O gelo começou a ser quebrado numa visita do deputado ACM Neto (BA) a Kassab. Deu-se há três dias.
Aliado de Agripino, Neto acaba de se tornar líder do DEM na Câmara. Prevaleceu numa disputa contra Eduardo Sciarra (PR), candidato de Bornhausen e Kassab.
A vitória de ACM Neto deu a Agripino a aparência de franco favorito na briga pela presidência da legenda, que será travada em 15 de março.
Escaldado, Maciel frequenta o ringue como litigante não-declarado. Sabendo-se em desvantagem, hesita em assumir a condição de candidato.
Na conversa com Kassab, ACM Neto tentou demover o prefeito da ideia de desfiliar-se do DEM. Assegurou-lhe espaço na legenda.
Errático, Kassab não disse que sim nem que não. O novo líder saiu do encontro como entrara: em dúvida quanto aos próximos movimentos do interlocutor.
No rastro desse encontro, foram a Agripino, em Brasília, três expoentes do grupo Bornhausen-Kassab.
Estiveram com o senador: o deputado Sciarra, aquele que ACM Neto derrotou; o ex-deputado Roberto Brant (MG); e Índio da Costa, ex-vice de José Serra.
A conversa foi testemunhada por ACM Neto. A tróica rival deixou claro que não compartilha com Kassab o anseio de abandonar ou enfraquecer o DEM.
Agripino e Neto depreenderam do diálogo que tampouco Bornhausen e Maciel levam a associação com Kassab às últimas consequências.
Sob o efeito dessa reunião, Agripino animou-se a tocar o telefone para Bornhausen. Do telefonema resultou a marcação do almoço desta segunda. Sem Kassab.
Julgando-se favorito, o grupo de Agripino não enxerga em Maciel disposição para pegar em lanças. E acena com o acordo de paz.
ACM Neto se dispõe a compor o quadro de vice-líderes do DEM com deputados do grupo derrotado, inclusive Sciarra.
Quanto a Agripino, tenta produzir um entendimento que o converta em candidato único à presidência do partido.
Em privado, o senador revela a disposição de compor uma Executiva que acomode os dois grupos. Busca um arranjo que assegure a maioria ao seu grupo sem alijar personagens como Maciel.
Assim como ACM Neto, também Agripino faz acenos para Kassab. Almeja mantê-lo na legenda.
Na noite deste sábado (12), Agripino disse a um amigo que sonha a "unidade". Não contempla a ideia de defecções.
“Quero presidir um partido que tenha dois governadores [RN e SC], 43 deputados, cinco senadores e o prefeito de São Paulo”, disse, referindo-se ao quadro atual do DEM.
Confirmando-se o favoritismo de Agripino, Kassab não deve ter vida fácil caso opte por transferir-se para o PMDB ou por constituir uma nova legenda.
Tomado pelo que declara em privado, Agripino tende a reivindicar na Justiça Eleitoral o mandato de Kassab e dos ‘demos’ que se animarem a segui-lo.
Não parece contemplar a hipótese de aliviar a barra de Kassab. Argumenta: se afrouxar com um, o DEM perde a autoridade para endurecer com os demais.
Em meio à autoflagelação, o DEM, segunda maior legenda da oposição, revela-se capaz de tudo.
Só não demonstrou, por ora, disposição para se opor com afinco ao recém-instalado governo petista de Dilma Rousseff.