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sábado, 26 de março de 2011

Abdenur: ‘Há correção de rumos’ na política externa

Embaixador do Brasil em Washington no primeiro reinado de Lula, Roberto Abdenur foi apeado do posto em 2007, no alvorecer do segundo reinado.
Voltou para o Rio, sua cidade, aposentou-se e tornou-se um observador crítico da política externa tocada pelo ex-chanceler Celso Amorim.
Decorridos três meses da posse de Dilma Rousseff, Abdenur, uma das vozes mais respeitadas da diplomacia brasileira, trocou o ceticismo pelo otimismo.
Em entrevista levada às páginas deste domingo (27), já disponível na web, o diplomata diz: “Está ocorrendo uma correção de rumos em aspectos importantes”.
Acha que, sob Dilma, tenta-se “recolocar a diplomacia brasileira na sua trilha, a salvo de indevidas ingerências ideológicas”. A conversa vai abaixo:
– Após três meses de governo Dilma, é possível afirmar que ocorreu uma mudança na política externa? Está ocorrendo uma correção de rumos em aspectos importantes, que tenta recolocar a diplomacia brasileira na sua trilha, a salvo de indevidas ingerências ideológicas.

– Dilma está conduzindo a política externa de forma mais pragmática do que Lula? Diria que sim. Infelizmente, houve um viés ideológico muito forte no governo Lula que levou a arroubos com o Irã. No entanto, o Brasil não deve virar as costas ou ser hostil com os regimes da Venezuela, da Bolívia ou de Cuba. Não precisamos é chegar ao ponto de ser solidários e coniventes com o lado criticável desses países.

– Acredita que Lula tenha usado a política externa como um “paliativo” para as alas mais à esquerda do PT? Havia muita autenticidade e sinceridade nas preferências ideológicas do Planalto. Lula, inegavelmente, levantou o perfil do Brasil no plano internacional. Contudo, estava claro que havia posturas de solidariedade por regimes que destoam do que hoje é a sociedade brasileira. Havia também esse elemento de antiamericanismo, que apequena o Brasil.

– Qual sua expectativa em torno da diplomacia de Dilma? Estou otimista. Acho que o Planalto se saiu muito bem na votação da questão da Líbia no Conselho de Segurança da ONU. Não tomamos uma posição negativa sobre a sugestão de exclusão do espaço aéreo líbio, mas não endossamos uma operação vaga e suscetível de interpretações.