
Voltou para o Rio, sua cidade, aposentou-se e tornou-se um observador crítico da política externa tocada pelo ex-chanceler Celso Amorim.
Decorridos três meses da posse de Dilma Rousseff, Abdenur, uma das vozes mais respeitadas da diplomacia brasileira, trocou o ceticismo pelo otimismo.
Em entrevista levada às páginas deste domingo (27), já disponível na web, o diplomata diz: “Está ocorrendo uma correção de rumos em aspectos importantes”.
Acha que, sob Dilma, tenta-se “recolocar a diplomacia brasileira na sua trilha, a salvo de indevidas ingerências ideológicas”. A conversa vai abaixo:

– Após três meses de governo Dilma, é possível afirmar que ocorreu uma mudança na política externa? Está ocorrendo uma correção de rumos em aspectos importantes, que tenta recolocar a diplomacia brasileira na sua trilha, a salvo de indevidas ingerências ideológicas.
– Dilma está conduzindo a política externa de forma mais pragmática do que Lula? Diria que sim. Infelizmente, houve um viés ideológico muito forte no governo Lula que levou a arroubos com o Irã. No entanto, o Brasil não deve virar as costas ou ser hostil com os regimes da Venezuela, da Bolívia ou de Cuba. Não precisamos é chegar ao ponto de ser solidários e coniventes com o lado criticável desses países.
– Acredita que Lula tenha usado a política externa como um “paliativo” para as alas mais à esquerda do PT? Havia muita autenticidade e sinceridade nas preferências ideológicas do Planalto. Lula, inegavelmente, levantou o perfil do Brasil no plano internacional. Contudo, estava claro que havia posturas de solidariedade por regimes que destoam do que hoje é a sociedade brasileira. Havia também esse elemento de antiamericanismo, que apequena o Brasil.
– Qual sua expectativa em torno da diplomacia de Dilma? Estou otimista. Acho que o Planalto se saiu muito bem na votação da questão da Líbia no Conselho de Segurança da ONU. Não tomamos uma posição negativa sobre a sugestão de exclusão do espaço aéreo líbio, mas não endossamos uma operação vaga e suscetível de interpretações.
– Dilma está conduzindo a política externa de forma mais pragmática do que Lula? Diria que sim. Infelizmente, houve um viés ideológico muito forte no governo Lula que levou a arroubos com o Irã. No entanto, o Brasil não deve virar as costas ou ser hostil com os regimes da Venezuela, da Bolívia ou de Cuba. Não precisamos é chegar ao ponto de ser solidários e coniventes com o lado criticável desses países.
– Acredita que Lula tenha usado a política externa como um “paliativo” para as alas mais à esquerda do PT? Havia muita autenticidade e sinceridade nas preferências ideológicas do Planalto. Lula, inegavelmente, levantou o perfil do Brasil no plano internacional. Contudo, estava claro que havia posturas de solidariedade por regimes que destoam do que hoje é a sociedade brasileira. Havia também esse elemento de antiamericanismo, que apequena o Brasil.
– Qual sua expectativa em torno da diplomacia de Dilma? Estou otimista. Acho que o Planalto se saiu muito bem na votação da questão da Líbia no Conselho de Segurança da ONU. Não tomamos uma posição negativa sobre a sugestão de exclusão do espaço aéreo líbio, mas não endossamos uma operação vaga e suscetível de interpretações.