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quinta-feira, 17 de março de 2011

Dilma adotará modelo de concessão para aeroportos

Valter Campanato/ABr
“Estamos nos preparando para ter uma forte intervenção nos aeroportos”, disse Dilma Rousseff em entrevista à repórter Claudia Safatle. 
“Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários”, ela esmiuçou.
“Vamos articular a expansão de aeroportos com recursos públicos e fazer concessões ao setor privado. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias”.
Durante a conversa, veiculada pelo jornal ‘Valor, Dilma reiterou: “Não vou permitir que a inflação volte no Brasil”.
Reforçou o compromisso com a autonimia do BC e disse que os cortes orçamentários não impedirão o país de crescer 4,5% e 5% em 2011.
Informou que prepara “portas de saída” para o Bolsa Família, comentou a tragédia do Japão e revelou o que espera da visita de Barack Obama ao Brasil. Vão abaixo algumas das declarações de Dilma:
- Japão: [...] A comunicação global em tempo real cria em nós uma sensação como se o terremoto seguido do tsunami estivessem na porta de nossas casas. Nunca vi ondas daquele tamanho, aquele barco girando no redemoinho, a quantidade de carros que pareciam de brinquedo! Inexoravelmente, a comunicação faz com que você se coloque no lugar das pessoas! Essa é a primeira reação humana.
- Reflexos econômicos: [...] Acho que um dos efeitos será sobre o petróleo. Vai ampliar muito a demanda de petróleo ou de gás para substituir a energia nuclear. Pelo que li, 40% da energia de base do Japão é nuclear. Os substitutos mais rápidos e efetivos são o gás natural ou petróleo. Acredito que esse será um impacto imediato.
- Vantagem brasileira: Nós sempre esquecemos da diferença substantiva entre nós e os outros países: água. Nesse aspecto somos um país abençoado. [...] Temos um elenco de alternativas que os outros países não têm...”.
- Tragédia atrasa recuperação da economia mundial? Acredito que atrasa um pouco, mas também tem um efeito recuperador, de reconstrução. O Japão vai ter que ser reconstruído...
- Crítica à imprensa: [...] Às vezes abro o jornal e leio que a presidenta disse isso, pensa aquilo, e eu nunca abri minha santa boca para dizer nada daquilo. Tem avaliações de que um ministro subiu, outro desceu, que são absurdas. Absurdas! Falam que tais ministros estão desvalorizadíssimos na bolsa de apostas. [...] Nenhum presidente avalia seus ministros dessa forma...
- Inflação: Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação, sob qualquer circunstância, volte...
- PIB de 2011: [...] Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano. Não tem nenhuma inconsistência em cortar R$ 50 bilhões no Orçamento e repassar R$ 55 bilhões para o BNDES garantir os financiamentos do programa de sustentação do investimento...
- Por um PIB maior pode haver um pouqinho mais de inflação? Isso não funciona. É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação...
- Cortes de R$ 50 bilhões: [...] É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. [...] Então, você tem que cortar as unhas, sempre...
- Aeroportos: Estamos nos preparando para ter uma forte intervenção nos aeroportos. Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários. Vamos articular a expansão de aeroportos com recursos públicos e fazer concessões ao setor privado. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias.
- Nova pasta: Vamos criar a Secretaria de Aviação Civil com status de ministério, porque queremos uma verdadeira transformação nessa área. Para ela irá a Anac, a Infraero e toda a estrutura para fazer a política. Estou pensando em mandar [a medida provisória ao Congresso] até o fim deste mês.
- Política monetária: O Banco Central tem autonomia para fazer a política dele e está fazendo. Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação. E não acredito que o Banco Central o faça. Eu acredito num Banco Central extremamente profissional e autônomo. E esse Banco Central será profissional e autônomo.
- Visita de Obama: [...] Vamos propor uma [parceria estratégica] na área de satélites, especialmente para avaliação do clima, e parcerias em algumas outras áreas. Vou lhe dar um exemplo: acho fundamental o Brasil apostar na formação no exterior. Todos os países que deram um salto apostaram na formação de profissionais fora. Queremos isso nas ciências exatas - matemática, química, física, biologia e engenharia. Queremos parceria do governo americano em garantia de vagas nas melhores escolas. Nós damos bolsa.
- O que espera da visita? [...] O grande sumo disso tudo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu seu papel internacional e que pode, pelos seus vínculos históricos com os Estados Unidos e por estarmos na mesma região, ser um parceiro importantíssimo. Isso a gente constrói. [...] O Brasil é um país que os EUA tem que olhar de forma muito circunstanciada. Que outro país no mundo tem a reserva de petróleo que temos, que não tem guerra, não tem conflito étnico, respeita contratos, tem princípios democráticos extremamente claros e uma forma de visão do mundo tão generosa e pró-paz?
- Direitos humanos: Se não concordo com o apedrejamento de mulheres, eu também não posso concordar com gente presa a vida inteira sem julgamento [na base de Guantânamo]. Isso vale para o Irã, vale para os Estados Unidos e vale para o Brasil...
- Reforma tributária: [...] Vamos mandar [para o Congresso] medidas tributárias e não uma reforma. Vamos mandar várias para ter pelo menos uma parte aprovada. Mandaremos também o Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e o programa de Erradicação da Pobreza. [...] Na nossa agenda, é para este semestre.
- Bolsa Família: [...] Estamos passando as tropas em revista e mudando muita coisa. E tem que ter sintonia fina. Há profissionais dedicados ao estudo da pobreza que diz que se você não focar, olhando a cara dela, você não consegue tirar as pessoas. E nós queremos, desta vez, estruturar portas de saída.