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quinta-feira, 17 de março de 2011

Japão tira foco da Líbia e ditador aproveita para atacar Benghazi

Sem o olhar exclusivo da mídia, Gaddafi ganha espaço,
O trio formado por terremoto devastador, tsunami e, mais recentemente, uma crise nuclear, desviaram nesta última semana o foco da mídia da Líbia para o Japão. O fato funcionou como “alívio” ao ditador Muammar Gaddafi e oportunidade de endurecer seus planos ofensivos contra os rebeldes – desta vez, sem o olhar implacável e constante da comunidade internacional.
Esse cenário criou um ambiente favorável para que na noite desta quinta-feira (17) ele ameaçasse “grandes bombardeios” à Benghazi, cidade que é o principal reduto da oposição. O anúncio ocorreu durante um discurso que o ditador fez à população na TV estatal líbia, de acordo com a rede de televisão árabe Al Jazeera. 

Essa é a análise de especialistas em relações internacionais feita ao R7 na semana em que as milícias do ditador conseguiram grandes conquistas no leste da Líbia, reduto dos opositores e do conselho de transição. Forças governistas dizem ter tomado Ajdabiya, a última cidade-chave no caminho de Benghazi, capital improvisada dos rebeldes.
Para Alexandre Uehara, coordenador do curso de relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, a atenção deslocada para o Japão permitiu que Gaddafi aumentasse seu poder de força e violência durante os ataques, sem enfrentar críticas dos organismos internacionais.

- Nesta semana Gaddafi usou mais força e recuperou espaços com a sua milícia. Tomou ações mais duras sem chamar, na mesma proporção, a atenção do exterior.
Moral de rebeldes está abalada
O foco dividido com as repercussões da tragédia japonesa também afeta o “psicológico” dos opositores, destaca o cientista político e professor de Relações Internacionais da ESPM, Heni Ozi Cukier.

- Veículos importantes da imprensa internacional, como a CNN [rede de TV americana], cobriam o conflito muito intensamente, mostrando que a opinião pública condenava as atrocidades do governo. Isso, de certa maneira, levantava moral dos rebeldes e diminuía poder de força de Gaddafi.

Cukier aponta que um fato emblemático foi a mudança nos planos do famoso âncora do telejornal noturno da CNN, Anderson Cooper, que em vez da Líbia foi para o Japão.

- Ele era uma voz de oposição ao regime Gaddafi muito crítica e tinha resolvido ir pessoalmente para lá. Sua capacidade de formar uma opinião pública era muito grande.

ONU autoriza bombardeios
O Conselho de Segurança da ONU autorizou na noite desta quinta-feira (17) uma intervenção militar na Líbia, para “proteger a população civil”. A resolução aprovada por 10 votos a favor e cinco abstenções (nenhum contra), cria uma zona de exclusão aérea no país e autoriza bombardeios, mas sem ocupação terrestre de tropas.

O documento estabelece que os países membros da ONU adotem “todas as medidas necessárias” para evitar um massacre por parte do regime de Muammar Gaddafi, o que inclui ataques aéreos para “proteger civis e áreas povoadas, incluindo Benghazi”.

Benghazi, situada no leste do país, foi a primeira cidade a ser tomada pelos rebeldes anti-Gaddafi. Após o avanço da oposição em direção a Tripoli, forças leais ao regime contra-atacaram, ganharam terreno e estão prestes a retomar Benghazi.

Apesar de autorizar os bombardeios, o documento do Conselho de Segurança não autoriza a presença de tropas terrestres no país.

A resolução, defendida pela França, Reino Unido e Líbano, proíbe qualquer voo no espaço aéreo líbio e autoriza a utilização de “todas as medidas necessárias para garantir a zona de exclusão aérea”. A Liga Árabe apoiou a iniciativa.

R7.