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domingo, 13 de março de 2011

Ministérios do ‘Nada’ sorvem R$ 100 mi em aluguéis

Lula Marques/Folha
Festa besta o Carnaval. Alegria com hora pra acabar. Quatro dias de folia. E o aviso: acabou. Depois, 361 Quartas-Feiras de Cinzas.
Ah, que Brasil maravilhoso seria o Brasil se o ano fosse inteiramente dedicado ao samba. De cabo a rabo, como se diz.
Já imaginou? Feriadão de 365 dias! Nenhuma medida provisória do Executivo. O Legislativo em recesso eterno. Desperdício zero.
Mera fantasia. O aviso já soou. Acabou. As caldeiras foram reabertas. Os gastos inúteis estão de volta.
Deve-se aos repórteres Leandro Colon e Tânia Monteiro a revelação do penúltimo descalabro.
A dupla conta que a Esplanada dos Ministérios ficou pequena. Para abrigar as novas pastas, o governo aluga prédios noutras partes de Brasília.
Os alugueis custam à Viúva cerca de R$ 9 milhões por mês. Mais de R$ 100 milhões por ano.
O brasileiro paga a conta e não consegue nem lembrar os nomes dos ministros. O pais passou a conviver com ministérios do Nada.
São pastas ocupadas por senhores e senhoras do Nada. Quem tenta olhar enxerga o Nada. É como se não houvesse corpos nas cadeiras.
Embora invisíveis, eles têm um custo. Tome-se o exemplo do Ministério da Pesca.
A atual titular da pasta, Ideli Salvatti (PT-SC), dá expediente na Esplanada, junto com 67 assessores.
Longe dali, outros 374 servidores ocupam um prédio de 14 andares. Alugado, custa R$ 575 mil por mês em aluguel –R$ 7 milhões por ano.
Criado por Lula, o Ministério da Pesca começou com um orçamento anual de R$ 11 milhões. Decorridos oito anos, gasta agora R$ 803 milhões.
O salto orçamentário não se refletiu na produção nacional de pescado. Era de 990 mil toneladas há oito anos. Hoje, permanece no mesmo patamar.
O Brasil já teve 12 ministérios. Sob FHC, o número de pastas foi a 26. Lula criou mais 11, legando para Dilma Rousseff 37 ministérios.
Como se fosse pouco, a presidente está na bica de criar mais duas pastas: o da Micro e Pequena Empresa e o da Infraestrutura Aeronáutica.
Nesse ritmo, antes do próximo Carnaval será necessário abrir a 40ª pasta: o  Ministério do Desperdício.
- Atualização feita às 16h57 deste domingo (13): A propósito do texto acima, o Ministério da Pesca enviou ao blog uma nota. Informa o seguinte:
1. A produção brasileira de pescados subiu. Em 2003, era de 990,2 mil toneladas. Em 2009, foi de 1,2 milhão de toneladas. A conta de 2010 ainda não foi fechada.
Atribui-se o aumento à “organização da cadeia produtiva da pesca”. Coisa nunca antes vista na história do país. Na fase pré-Lula, diz o texto, “o setor estava completamente abandonado”.
2. Os gastos do Ministério da Pesca (investimentos e despesas fixas) “são infinitamente inferiores à dimensão e riqueza do setor”, que, além de economicamente viável, é útil no combate à miséria.
3. Discute-se no momento a hipótese de acomodar todos os servidores da pasta num mesmo prédio, se possível na Esplanada.