As greves que paralisaram as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, fizeram acender uma luz amarela no painel de controle do PAC.
Preocupada com o risco de atrasos no cronograma do principal programa de infraestrutura do governo, Dilma Rousseff decidiu agir.
Ordenou ao ministro Gilberto Carvalho (Seretaria-Geral da Presidência) que se reunisse com as centrais sindicais.
Nesta quarta (23), a convite do ministro, esteve no Planalto uma comitiva da CUT –à frente, o presidente da central, Artur Henrique (foto).
Gilberto reuniu-se também com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que preside a Força Sindical.
Nessas duas conversas, o governo inaugurou a negociação do que chama de “pacto nacional” pela melhoria das condições de trabalho nas obras públicas.
Em texto levado à sua página na web, a CUT informou que foi agendada para a próxima terça (29) uma primeira reunião.
Sob a coordenação de Gilberto Carvalho, vão à mesa representantes das centrais, dos empresários da construção civil e do Ministério Público do Trabalho.
Tenta-se evitar que as paralisações de Rondônia se alastrem para outras obras do PAC e do pograma habitacional Minha Casa Minha Vida.
Deseja-se estender as regras de convivência entre empresas e operários também às futuras obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Artur Henrique, o presidente da CUT, disse que o governo já havia sido alertado para a hipótese de enfrentar problemas trabalhistas nas obras oficiais.
“Estamos cobrando medidas de garantia do trabalho decente, contrapartidas sociais, em todas as obras e projetos financiados por dinheiro público, há vários anos...”
“...Nós precisamos estabelecer mecanismos eficazes, como fiscalização permanente e punição severa para empresas que tomam dinheiro público emprestado mas que não respeitam os direitos dos trabalhadores, não respeitam a representação sindical”.
Paulinho da Força também pendurou na internet um comentário sobre a encrenca: “Precisamos acabar com a situação de trabalho degradante nas obras do PAC...”
“...Não podemos mais permitir que ocorram fatos semelhantes aos que aconteceram nas usinas de Jirau e Santo Antônio”.
A preocupação de Dilma é tonificada pelo tamanho do quadro de operários lotados nos empreendimentos do PAC.
Apenas nos canteiros das duas hidrelétricas de Rondônia cruzaram os braços cerca de 40 mil trabalhadores.
Antes da visita ao Planato, a CUT abrira negociação com a Odebrecht, empresa que lidera o consórcio responsável pela usina de Santo Antônio.