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terça-feira, 15 de março de 2011

Sob crise, DEM troca o presidente e aclama Agripino

Lula Marques/Folha
Como previsto, o DEM elegeu por aclamação o senador José Agripino Maia (RN) para substituir o deputado Rodrigo Maia (RJ) na presidência da legenda.
A mudança ocorreu em convenção convocada extraordináriamente. Agripino exercerá o comando pelos próximos seis meses.
"Queria agradecer a manifestação de apoio a uma indicação que foi feita para o meu nome exercer a presidência do partido num mandato-tampão que irá até setembro”.
De saída do oposicionista DEM rumo a um novo partido de contornos governistas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não deu as caras na convenção.
No epicentro da crise interna da legenda, Kassab foi como que isolado. Já não há a perpectiva de que carregue consigo levas de ‘demos’ insatisfeitos.
Agripino logrou acomodar em torno de si ex-aliados de Kassab e integrantes do grupo de Rodrigo Maia, agora convertido em ex-presidente.
Ao discursar, Rodrigo realçou que a opção por Agripino reforça a opção do DEM pela trilha oposicionista, hoje renegada por Kassab:
"Não abrimos mão dos nossos princípios e idéias que nos colocam na oposição. A certeza que a democracia se faz em ciclos".
Ao lado de Agripino, Rodrigo foi às lágrimas ao ouvir o discurso de ACM Neto (BA), líder do DEM na Câmara, que o recobriu de elogios.
Os louvores de ACM Neto soaram como espécie de desagravo às críticas que Kassab e o grupo dele fazem à gestão que termina.
A senadora Kátia Abreu, por exemplo, disse que decidiu permanecer no partido, momentaneamente, por conceder a Agripino um “voto de confiança”.
Sobre Rodrigo, a senadora disse: "Tivemos um mau resultado em 2010 por causa da má gestão do presidente Rodrigo Maia...”
“...Ele se apoiou em lideranças cartoriais nos Estados e fez um acordo para não mudar os diretórios".
E Rodrigo: "Eu aceito as críticas e não são elas que vão diminuir o trabalho que eu fiz dentro do partido".
No poder desde o tempo das caravelas, o DEM –ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL— foi à oposição em 2003, com a posse de Lula. Desde então, só diminuiu.
"Fazer oposição no Brasil não é fácil”, disse ACM Neto. Herdeiro político de ACM, o avô, personificação dos tempos gordos do ex-pefelê, o neto confia no futuro:
“Por ter mantido a nossa coerência nos últimos oito anos, talvez tenhamos perdido alguns quadros...”
“...Mas o futuro já de retribuir esse sacrifício que muitos de nós estão fazendo".
Otimista, Rodrigo Maia ecoou: "O governo vai ficar 12 anos no poder [Lula + Dilma] e eu tenho certeza que podemos construir um projeto nosso".
Gestor de uma legenda ainda em crise, Agripino reconheceu: "Todos os partidos têm divergências e o DEM não é uma exceção".
Acenou com a “renovação” de todos os diretórios regionais do partido.
O novo presidente acha que, esgrimindo velhas bandeiras liberais, conseguirá acomodar as ideias "à frente dos interesses pessoais".
Sobre a migração de Kassab e dos que se animarem a acompanhá-lo, Agripino disse: "Se sair do partido, a Executiva tomará iniciativas que a lei recomenda".