Pesquisa feita pelo Gallup em parceria com o diário USA Today revela: a maioria dos americanos desaprova o comportamento dos partidos na batalha da dívida dos EUA.

O presidente Barack Obama reivindica no Congresso autorização para elevar o teto de endividamento do Tesouro americano, hoje fixado em R$ 14,3 trilhões.
A decisão precisa ser tomada até 2 de agosto. Do contrário, o Tesouro americano não terá como rolar sua dívida, inaugurando um calote de reflexos planetários.
O Gallup perguntou aos pesquisados se os personagens da batalha acomodam os interesses do país acima dos seus próprios interesses políticos.
Para 72%, os membros do Partido Republicano, antagonista de Obama, comparecem ao debate da dívida mais interessados em suas conveniências políticas que no país.
Para 65%, também o Partido Democrata, legenda de Obama, debate o teto da dívida mais preocupado com a política do que com o interesse dos EUA.
Quanto ao papel desempenhado por Obama no front da dívida, o eleitorado americano dividiu-se praticamente ao meio.
Na opinião de 47% dos entrevistados, o presidente move-se pelo país. Para 49%, Obama não mira senão propósitos políticos.
Ou seja: no confronto estatístico, Obama fica mais bem posto na foto do que os congressistas republicanos e democratas.
Realizada entre os dias 15 e 17 de julho, a sondagem foi divulgadanesta terça (19). A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
A exposição dos dados coincidiu com a aprovação, na Câmara dos Representantes dos EUA, de projeto de lei que autoriza, sob condições, a elevação do teto da dívida.
O texto aprovado na Câmara, de maioria republicana, vai na contramão do que pede Obama. Carrega nos cortes de gastos, inclusive os sociais, e inibe a elevação de impostos.
Porém, costura-se uma proposta diferente no Senado, Casa em que os democratas dispõem de maioria frágil.
Com a participação dos republicanos e sob aplausos de Obama, os senadores empinam um projeto que combina cortes e aumentos de impostos.
A pesquisa Gallup/USA Today ajuda a compreender a súbita busca pela harmonia no Senado.
Afora a percepção de que os políticos pensam mais em si mesmos do que nos EUA, os pesquisados atribuíram aos atores da guerra baixos índices de aprovação.
Os republicanos amealharam taxa de aprovação de 28%. Os democratas, 33%. E Obama, 45%.
Nada muito diferente da média captada pelo Gallup nas pesquisas realizadas desde agosto do ano passado. São taxas muito baixas, contudo.
Desde que tomou posse, em 2009, o índice de aprovação mais miúdo de Obama fora de 41%.
O prestígio dos partidos começou a ser medido em junho de 1999. Desde então, a menor taxa de aprovação dos republicanos fora de 25%. Dos democratas, 30%.
Quer dizer: em meio ao debate sobre o pé direito do endividamento dos EUA, os partidos roçam o piso da aprovação junto ao eleitorado.
Obama, embora não tenha motivos para soltar fogos, emerge da pesquisa em posição menos incômoda do que a dos congressistas.
No geral, O Gallup revela que o eleitor americano não ignora o essencial: a discussão sobre a rolagem da dívida está intoxicada pelo veneno sucessório.
A sucessão dos EUA está agendada para 2012. Os republicanos enxergaram no embate da dívida uma oportunidade para fragilizar Obama, candidato à reeleição.
A julgar pelos dados colecionados pelo Gallup, o eleitor americano, assediado pela crise, acha que os políticos deveriam esquecer as urnas.
Vem daí o cheiro de consenso que começa a exalar dos debates travados no Senado. Melhor para os mercados mundiais.