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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Diante de empresários, Serra testa discurso econômico de campanha

Tucano eleva tom das críticas à gestão do PT na economia.
Ineficiência e aparelhamento da máquina pública são principais argumentos.

Thiago Guimarães Do G1, em São Paulo
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, elevou nesta segunda-feira (31) o tom de suas críticas à atuação do governo federal na economia.
Dirigindo-se a uma plateia de empresários em seminário em São Paulo, o ex-governador de São Paulo deu uma amostra do que será seu discurso econômico durante a campanha.
A artilharia de Serra centra-se em dois eixos. No primeiro, procura desfazer a ideia de que o Brasil viva um novo "milagre" econômico. Diz que, sob Lula, o país cresceu menos do que poderia _o que avançou, afirma, foi resultado da "bonança extraordinária" da economia mundial pré e pós crise.
"Curiosamente, nos oito primeiros anos depois do Plano Real [governo Fernando Henrique Cardoso] o crescimento do Brasil esteve mais próximo da média mundial do que no atual", disse Serra.
Na ponta do lápis, segundo dados do Banco Central, o crescimento médio anual da economia brasileira nos anos FHC (1995-2002) foi de 2,3%. Sob Lula, esse índice até agora  é de 3,5%.
Para o tucano, para chegar a 2040 como quinta economia do mundo (hoje é a décima, pelo critério de paridade de compra), o Brasil terá que crescer a 4,5% anuais. Levando em conta as médias das décadas, o país não supera esse índice desde os 8,6% dos anos 1970.
Entraves
Serra emenda, neste ponto, a segunda parte de sua argumentação: elege o que vê como obstáculos ao crescimento, associando-os todos a uma suposta ineficiência da gestão petista.
Refere-se muitas vezes, contudo, a problemas que já acompanham o Brasil desde o governo do PSDB, como a carga tributária, que manteve sob Lula praticamente o mesmo ritmo de crescimento da gestão Fernando Henrique Cardoso.
São os entraves citados por Serra:
- taxa de investimento público: "Temos juros reais mais altos do mundo, a carga tributária mais alta entre países emergentes e uma das menores taxas de investimento público do mundo."
- carga tributária: "Compromete os investimentos, do ponto de vista da rentabilidade futura e do próprio custo do investimento."
- política de juros e de câmbio: "É preciso encontrar outro tipo de combinação a médio e longo prazos."
- infraestrutura: "Estamos em 123 lugar entre 134 países em ruindade de portos. E o que dizer então dos aeroportos?"
 - comércio exterior: "O Brasil se projetou muito do ponto de vista político nos últimos anos, mas não se projetou na política de comércio exterior. Não negociou nenhum vantagem nos últimos anos".
Como contraponto à ênfase do governo no petróleo na camada do pré-sal, Serra diz que o Brasil aposta em energia "suja", danosa ao ambiente, como termelétricas.
Enquanto a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, ao participar do mesmo evento pela manhã, citou o pré-sal como "passaporte para o futuro" do país, Serra não citou o recurso em sua exposição aos empresários. Preferiu apontar, mais uma vez, falta de planejamento do governo no setor.
Em linha com sua atuação nos últimos dez dias, quando passou a ser mais incisivo nos ataques ao governo Lula, Serra associou a suposta ineficiência do PT na economia ao que vê como loteamento político da máquina pública.
"Eu, em São Paulo, não permiti que nenhum partido, nenhum grupo de deputados, nomeasse diretores de empresas [estatais]. Nem por isso perdi maioria na Assembleia. O que aconteceu no governo federal é gravíssimo."
A mudança de tom de Serra coincide com o avanço de Dilma nas pesquisas eleitorais. Pelos últimos levantamentos do Sensus e do Datafolha, ambos dividem agora a liderança na preferência dos eleitores, em uma situação de empate técnico