TEERÃ (IRÃ) - Apesar das palavras afáveis do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinead, dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da SIlva, até as 19h45 locais (12h15 em Brasilia) deste domingo, o tão esperado acordo para que o Irã aceite enviar seu urânio para enriquecimento em outro país, como a Turquia, até o momento não foi fechado. Desde as 7h locais, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, está reunido com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Manouchehr Mottaki, em negociações. No sábado, os dois também passaram o dia juntos, tentando encontrar alguma forma que permita o anúncio de um acordo.
O dia de Lula começou às 10h (horário do Irã) para um encontro privado com seu amigo, que durou apenas vinte minutos. Depois, Lula esteve com o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, que o elogiou, afirmando que o Brasil é independente diante da arrogância dos Estados Unidos. A programação oficial previa, pela manhã, uma cerimônia de assinatura de atos e uma coletiva de imprensa, que não aconteceram.
Assessores dizem que Lula só irá dar entrevista depois que as negociações forem concluídas, o que não significa que isso ocorrerá ainda neste domingo. Na segunda-feira, o presidente participa da reunião do G-15, e o governo brasileiro ainda espera que haja algum avanço nas conversações. Na parte da tarde, depois de visitar o presidente da Assembleia Consultiva Islâmica, Ali Larijani, Lula e Ahmadinejad participaram do encerramento do 4º Encontro Empresarial Brasil-Irã.
Ao contrário do que costuma fazer nessas ocasiões, Lula deteve-se no discurso protocolar, lido, procedimento que raramente adota. A única parte que improvisou foi quando informou que o governo brasileiro havia preparado uma cartilha, em farsi, idioma oficial do Irã, ensinando os empresários a exportar para o Brasil. E fez uma graça ao pedir que o representante iraniano se encaminhasse até ele para pegar o documento:
- É bom vir aqui porque tiramos uma foto. Embora eu não seja candidato nas próximas eleições, uma foto sempre ajuda.
Ahmadinejad, por sua vez, depois de elogiar a economia brasileira, terminou seu discurso, de vinte minutos, de forma dúbia, com elogios mas sem anúncio de resultado prático.
- Gostaria de agradecer mais uma vez meu grande amigo pela perspectiva independente e muito otimista que ele tem para as relações mundiais com base na justiça e na amizade - disse Ahmadinejad.
O presidente do Irã afirmou ainda que Lula é uma personalidade mundial e que usa de seu prestígio na comunidade internacional para tentar intervir e ajudar em questões de outros países.
- Ele é uma personalidade que, apesar de todas as dificuldades e pontos complicados, devido à ordem injusta que prevalece no mundo, é a pessoa que chegou para enfrentar tudo isso. É a pessoa que está fazendo o máximo para, em primeiro lugar, liderar o povo do Brasil ao ponto e status que merece no mundo. Em segundo lugar, utilizar a dignidade e credibilidade do Brasil para a própria Nação e também para corrigir a ordem que prevalece em todo o mundo. Estas são as opiniões e características que, no olhar do povo do Irã, são altamente valorizadas e respeitados - disse Ahmadinejad, que concluiu:
- Portanto, o povo do Irã tem altíssimo respeito pelo senhor presidente e temos certeza que a colaboração entre os dois países, para estabelecimento de uma nova ordem mundial, baseada em valores humanos e justiça, terá grande efeito. Por sua visita, por sua paciência e por todas as suas palavras de encorajamento quero lhe agradecer.
