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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Hélio Costa se declara o representante do ‘pós-Aécio’

Alan Marques/Folha
Hélio Costa lida com Aécio do mesmo modo que Serra trata Lula: 'É parecido, de fato'

Candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais, o senador Hélio Costa adotou no Estado o discurso da continuidade. Em entrevista ao blog, disse que não vai ao palanque como opositor da gestão tucana de Aécio Neves: “Queremos ser o pós-Aécio. Não necessariamente para continuar apenas, mas para aperfeiçoar”.

Nesta terça (8), a Executiva do PT-MG reuniu-se extraordinariamente. Depois, levou à web uma resolução na qual ratifica o apoio a Hélio Costa, imposto pela direção nacional na véspera. Para o candidato, a unidade “já foi alcançada”. Abaixo, a entrevista:
 
- Durante a negociação, o sr. disse que o casamento PDMB-PT ocorreria. Restava saber se seria na igreja ou na delegacia. Foi na delegacia?
A união se deu na porta da igreja. E agora que nós casamos, vamos rezar juntos no altar.
- Acha que a pretendida unidade da aliança será alcançada?
Acho até que já foi alcançada. Nesta terça, recebi ligações das principais lideranças do PT em Minas. Todos já preocupados com a estruturação da campanha.
- Não receia que o PT faça corpo mole?
O PT é combativo, defende com firmeza suas propostas. Mas, quando fecha um acordo, o PT abraça a causa.
- Pretende sustentar um discurso de oposição à gestão Aécio Neves?
Nossa proposta não é essa. Queremos ser o pós-Aécio. Não necessariamente para continuar apenas, mas para aperfeiçoar. Entendemos que o governo dele é bem avaliado. As pesquisas mostram isso. Mas também mostram que a boa avaliação é dele, pessoal.
- Seu discurso, então, será parecido com o que José Serra faz em relação ao governo Lula: manter o que está funcionando. É isso?
É parecido, de fato. Se o Serra tentar desconstruir o Lula, não precisa nem disputar a eleição. Perde de véspera. Nosso caso é parecido. O Aécio é bem avaliado. Até porque é difícil não fazer um bom governo num Estado que tem receita de R$ 34 bilhões.
- Mal comparando, a candidatura de Antonio Anastasia também é parecida com a de Dilma, não? Assim como faz Lula com Dilma, Aécio vende Anastasia como um gerente competente.
Há uma diferença grande. A Dilma tem atrás dela a importância dos programas sociais, que mudaram a cara do Brasil. O que sensibiliza o eleitorado a votar nela é a inclusão social. Embora Anastasia seja reconhecido como bom gestor, falta a ele a experiência política e essa sensibilidade social, que a Dilma tem de sobra. Tanto que a votação dela cresce extraordinariamente. A dele, não.
- Disputou o governo de Minas duas vezes. Perdeu. O que o faz crer que será diferente agora?
Na primeira eleição, em 1990, eu era um deputado de primeiro mandato. Ia encerrar minha carreira pública. Fui levado à candidatura a governador por um pequeníssimo partido, o PRN. De 853 municípios, havia um único prefeito que me apoiava. Era de Indianópolis, uma cidade de 4 mil habitantes. Disputei com as principais lideranças do Estado. Sozinho, com um prefeito, fui ao segundo turno com o Hélio Garcia e perdi por 1% dos votos.
- E o segundo infortúnio?
Na segunda eleição, em 1994, eu tinha comigo 50 prefeitos de cidades pequenas. Tinha acabado de criar o PP em Minas Gerais. Não fizemos aliança com nenhum outro partido. O Hélio Garcia botou a máquina do governo contra mim. Disputei com nove candidatos, inclusive o José Alencar. E perdi para o Eduardo Azeredo, novamente no segundo turno, de novo por 1% dos votos.
- O que será diferente agora, em 2010?
Hoje, eu tenho o PMDB e o PT juntos. E mais os partidos da base aliada do governo, que também vão compor conosco. E há a experiência de 20 anos. Passei pela Câmara, Senado, ministério. Tenho uma representatividade maior no Estado. Nos últimos 12 anos, tive uma média de 3,5 milhões de votos. Tive esse eleitorado fiel em 90, em 94 e em 2002, quando me elegi senador.
- De quantos votos precisa para chegar ao governo?
Em torno de 4 milhões de votos. Esses 500 mil votos que faltam creio que virão com os partidos que compõem a nossa aliança.
- Que peso eleitoral atribui a Aécio Neves?
Temos medido isso. E, obviamente, também medimos a capacidade de transferência de votos do presidente Lula. O Vox Populi e outros institutos fizeram essa análise. O Aécio transferiria para o José Serra, por exemplo, em torno de 4% dos votos dele. Eu pergunto Será que ele transfere 10% para o candidato dele ao governo de Minas? Não sei. É uma pergunta que fica no ar.
- O Anastasia está subindo nas pesquisas, não?
Num cenário de segundo turno, que não sei se vai ocorrer em Minas, ele está na faixa entre 16% e 20% das intenções de voto há quase oito meses.
- Acha que Lula transfere mais votos que Aécio em Minas?
As pesquisas indicam que sim. O potencial de transferência de votos do Lula supera os 6%. É o que justifica o crescimento da Dilma em Minas. Há seis meses, o Serra tinha em torno de 30% no Estado. Hoje, tem 35%. No mesmo período, a Dilma saiu de 4% e foi a 34%. Esse crescimento extraordinário se deve à identificação da candidatura dela com o presidente. O Aécio tem feito a mesma coisa com o candidato dele a governador. E isso não se reflete na pesquisa.
- Acha que o Anastasia não vai subir.
Na medida em que a eleição se polariza, é inevitável que ele suba um pouquinho. Só que a nossa média é de 40%.
- Lula irá ao seu palanque?
Sem dúvida nenhuma. Ele se esforçou pelo palanque único e assumiu conosco o compromisso do envolvimento direto dele e da Dilma na campanha
- Acredita que Dilma baterá Serra em Minas?
Não tenho dúvidas. Na eleição de 2006, Lula ganhou em Minas, no primeiro turno, com 500 mil votos de frente. Quando nos juntamos no segundo turno, esse mesmo grupo que se une agora –Fernando Pimentel, Patrus Ananias e Hélio Costa—, o Lula pôs 3 milhões de votos de frente sobre o Geraldo Alckmin no Estado. A Dilma pode perfeitamente ter de 50% a 60% da votação que ele teve. Terá uma dianteira de 1,5 milhão a 2 milhões de votos em Minas.