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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lula, com Hélio: ‘Não tenho nada contra’ o Anastasia

Divulgação

Lula estrelou, na noite desta quarta (8), seu 14º comício ao lado de Dilma Rousseff. Deu-se em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte.

Beneficiado pela transmissão simultânea na web, o signatário do blog assistiu à pajelança ao vivo. Perto do encerramento, às 21h22, Lula pediu votos para Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo de Minas.

Hélio mede forças com Antonio Anastasia. Um tucano que, mal comparando, mimetiza na cena mineira o papel que Dilma desenvolve no plano nacional.

Carregado por Aécio ‘Cabo Eleitoral’ Neves, Anastasia frequenta as pesquisas com a aparência de ex-poste. No intervalo de um mês, mastigou os mais de 20 pontos percentuais que o separavam de Hélio. Daí a presença de Lula.

Pois bem. Antes de encarecer à platéia que votasse em Hélio Costa, Lula disse meia dúzia de palavras sobre Anastasia. Soou menos tóxico que o habitual: “Não tenho nada contra o nosso adversário”, disse ele. “Não vou falar mal dele. Se não posso falar bem, mal também não falo”.

Curioso, muito curioso, curiosíssimo. Nos últimos dias, correu pelos subterrâneos de Brasília a versão de que Aécio enviara um emissário a Lula. Para quê? Para pedir-lhe que aliviasse o timbre na passagem por Minas. Ao blog, Aécio negou.

Mandou dizer que, na última vez que falara com Lula, ainda era governador do Estado. Antes de abril, portanto. Emissário? Não, não. Absolutamente. Seja como for, com ou sem pedido, Lula serviu no comício de Betim um inusitado refresco para Anastasia.

É como se desejasse manter desobstruído o canal de diálogo com Aécio. Um duto pelo qual as conversas fluíram desenvoltas no curso de seus dois mandatos.

Só depois de poupar Anastasia de críticas Lula se voltou para Hélio Costa. Puxou-o para a boca do palanque. Postou-se entre ele e Dilma. Ergueu os braços de ambos. E discorreu sobre as vantagens de uma dobradinha. “Quem pode ajudar mais a Dilma em Minas?”, perguntou.

“Não será ninguém do DEM e nenhum tucano. Tem que ser um companheiro da qualidade do Hélio costa. Dilma e Hélio para Minas ficar melhor!”

Afora a referência a Anastasia, com gosto de pão de queijo, Lula repetiu em Betim o roteiro dos comícios anteriores. Dedicou um bom pedaço do dicurso ao Senado. Despejou sobre o microfone o mesmo lero-lero segundo o qual Dilma não pode ter o Senado que ele teve.

Uma Casa de “maioria frágil”, apinhada de opositores movidos a “ódio e vingança”. Um rancor que privou o governo da CPMF, mandada à cova em 2007.

Repetiu que, junto com o tributo, enterrou-se a possibilidade de o governo investir R$ 40 bilhões anuais na Saúde. Em três anos, R$ 120 bilhões. Em Minas, as pesquisas indicam que os favoritos à obtenção das duas cadeiras de senador são oposicionistas.

Um deles, líder de todas as sondagens, é Aécio. O outro é Itamar Franco (PPS), cerca de 20 pontos à frente do petista Fernando Pimentel. Lula não fez referência às pretensões senatoriais de Aécio e Itamar. Voltou suas baterias contra o representante do DEM no Senado: Eliseu Resende.

Disse:a única coisa que o ‘demo’ Eliseu fez em sua carreira de senador foi “votar contra a CPMF". De novo: “Por ódio, vingança”.

Para não dizerem que só levou flores para Aécio, Lula mostrou um par de espinhos. Fez referência ao papel de Aécio na derrocada da CPMF. Misturou-o a José Serra. Na época da votação, Aécio governava Minas. Serra, São Paulo. Nos subterrâneos, ambos defendiam que a oposição renovasse o imposto. Foram vencidos.

Lula insinuou que a dupla fez corpo mole. “E não foi por falta de pedir apoio ao Aécio, de pedir apoio ao Serra”, rememorou o orador. Disse ter encarecido: “Não votem contra porque vocês vão prejudicar os pobres”. A despeito disso, as bancacadas oposicionistas “votaram contra”.

Noutra referência negativa a Aécio, Lula declarou que, na gestão dele, o Estado não destinava à saúde os 12% previstos na Constituição. Sustentou que, sob Aécio, Minas só “colocava 6%” de sua receita na saúde. “As pessoas precisam saber disso”, realçou.

Valeu-se de uma metáfora ofídica. Disse que, na hora do voto, materializam-se na frente do eleitor “dez cobras”. E fica difícil saber “qual é a venenosa”. Ao pedir votos para Dilma, o patrono tratou a pupila como eleita. Não parece contemplar a hipótese de a eleição escorregar para o segundo turno.

Declarou que o Brasil vai eleger sua primenra “presidenta” no dia “3 de outubro”, data da realização do primeiro turno Recorreu, uma vez mais, à imagem maternal que cunhou para sua candidata. Eleita, ela não vai “apenas governar” o país. Vai “cuidar do povo”.

Numa alusão a Gabriel, o neto que Paula, a filha de Dilma, está na bica de dar à luz, Lula disse: “A Dilma vai cuidar do povo com o mesmo carinho que cuida da filha e vai cuidar do neto”.

Avó iminente, a futura “mãe” dos brasileiros discursou antes do paizão de sua candidatura. A exemplo de Lula, serviu à audiência o discurso usual. Soou repetitiva. Algo inevitável depois de tantos comícios.

Disse que a oposição fez, no alvorecer do governo Lula, uma “aposta errada”. Jogou suas fichas no insucesso da administração do ex-operário. Contra as promessas de continuidade proferidas por Serra, Dilma borrifou na atmosfera o risco de interrupção dos investimentos sociais.

Recordou que os antagonistas do governo chamavam o Bolsa Família de “bolsa esmola”. Repetiu que o PFL –ela se recusa a chamar o ex-pefelê de DEM— ajuizou no STF uma ação contra o Prouni, o programa de distribuição de bolsas universitárias.

Numa segunda referência ao estilo morde-e-assopra de Serra, Dilma espetou: "Chega na hora da eleição, eles querem se confundir conosco".

De resto, dando a vitória como favas contadas, Dilma ecoou Lula. Disse que a “primeira mulher presidenta” precisa dispor de “uma bancada de senadores”.

Se as pesquisas não estiverem enganadas, a “presidenta” terá de lidar, no caso de Minas, com os “senadores” Aécio e Itamar.