Miran


Ele se chama Eduardo Artur Rodrigues Silva. Por indicação de Erenice Guerra, ocupa a diretoria de Operações dos Correios.
Antes de aportar nos Correios, Eduardo presidia a empresa MTA - Master Top Linhas Aéreas. Uma logomarca que mantém negócios milionários com os Correios.
Nesta segunda (20), Eduardo vai deixar os Correios. "Peço demissão porque não aguento mais tanta pressão, tanta mentira”, disse ele.
Acrescentou: “Tudo isso está destruindo minha vida e minha família". Será o quarto personagem do ‘Erenicegate’ a ser extirpado da folha de pagamento do governo.
Antes dele, foram ao olho da rua dois assessores da Casa Civil da Presidência da República e a própria Erenice Guerra, agora ex-ministra de Lula.
Uma palavra mencionada pelo novo demissionário frequenta o discurso do governo desde a explosão escândalo: “Mentira”.
Curiosamente, a pseudoinverdade produz uma demissão atrás da outra. Nunca antes na história desse país uma “aleivosia” produzira tantas baixas.
Submetido ao noticiário tormentoso, Lula comporta-se como comandante de navio que se queixa do mar. Nos palanques, ele reclama da imprensa.
Sob o lero-lero presidencial, um monturo de evidências. No caso específico da MTA, sabe-se:
1. Para transportar correspondências dos Correios, a empresa dependia da renovação de uma licença da Anac, que havia expirado.
2. Um procurador da firma, Fábio Baracat, recorreu aos bons préstimos de Israel Guerra, filho de Erenice Guerra.
3. Baracat esteve com a própria Erenice. Foi recebido no apartamento funcional dela, à época ainda secretária-executiva da ministra Dilma Rousseff.
4. Hoje, Erenice diz que recebeu Baracat como “amigo” do filho. Jura que a conversa foi “social” e girou em torno de amenidades.
5. Preto no branco, a MTA obteve a renovação da licença na Anac. Israel Guerra admite que ajudou. Erenice reconheceu, em reunião com Lula, que o filho foi remunerado.
6. Vinte dias depois da migração de Eduardo Artur da MTA para os Correios, a ex-empresa do novo demissionário beliscou um contrato de R$ 44,9 milhões.
7. Já munida da licença da Anac, aquele documento que o filho de Erenice azeitara, a MTA passou a servir aos Correios na rota Manaus-Brasília-São Paulo.
8. Tomada pela única entrevista que concedeu até agora, Erenice não parece enxergar na encrenca conflitos entre o público e o privado.
Vale a pena ouvir de novo a ex-ministra: “A sociedade precisa refletir sobre essa questão...”
“...Depois que uma pessoa passa a exercer cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos?...”
“... [...] O que será dos meus filhos e dos meus parentes? Terão todos que viver à minha custa, pois não poderão trabalhar e se relacionar?”
Responsável pela introdução de Erenice na equipe do governo Lula, a hoje presidenciável Dilma Rousseff diz que não sabia.
A parentela de Erenice continua pululando no noticiário. Agora, encontra-se pendurado nas manchetes o marido dela, José Roberto Camargo Campos (aqui e aqui).
De novo, um negócios trançados na Presidência. Novamente numa época em que Dilma era ministra. E ela:
"Eu não tenho como me manifestar sobre uma coisa que não estava na minha alçada. Agora, quem conta um conto aumenta um ponto”.
E Lula: “Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não tem coragem de dizer que têm partidos políticos”.
Enquanto isso, os personagens do caso saltam de suas cadeiras como pulgas no dorso da orelha de um vira-lata.








