No livro de São João, a Bíblia anota: “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus”.Não está escrito, mas é evidente que, depois, veio o substantivo. Era preciso designar os seres e as coisas da criação divina.
Deve-se ao Tinhoso, porém, o surgimento do adjetivo, que tanta falta fazia para a composição das ofensas.
Decidido a levar Dilma Rousseff para dar explicações sobre o ‘Erenigate’ no Senado, o tucano Álvaro Dias disse que formalizará nesta segunda (20) um “convite”.
Em verdade, Álvaro gostaria de protocolar uma “convocação”. Mas só as CPIs tem poder para tanto. Daí o “convite”.
Ao comentar, Dilma enxergou por trás do substantivo uma arapuca que a sujeitaria à audição de muitos adjetivos. Preferiu soltar o verbo:
"O senador sistematicamente tenta tumultar essas eleições. Eu já fui acusada de tudo. Convite do senador Alvaro Dias eu não aceito nem para cafezinho".
Como se vê, numa campanha marcada pelo acirramento de ânimos, qualquer palavra bem dita pode ocultar intenções malditas.
Vive-se uma quadra curiosa. Além dos políticos, também a semântica foi desobrigada de fazer sentido.








