Sérgio Lima/Folha
José Serra esteve, nesta segunda (13), na Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília.
Convidado a expor seus planos de governo, Serra dedicou-se, na maior parte do tempo, a espinafrar a antagonista Dilma Rousseff.
Em meio a caras e bocas, Serra evocou uma resposta que Dilma dera na véspera, no debate presidencial, sobre o ‘Erenicegate’.
Disse que a rival "não botou a mão no fogo” pela ex-auxiliar Erenice Guerra. Preferiu dizer que a denúncia contra ela é “uma jogada eleitoral”.
Acrescentou: “Ou seja, [Dilma] atacou aqueles que denunciaram. Quem denunciou passa a ser culpado. A culpa é de quem foi atropelado".
Sobre a notícia de que a Comissão de Ética da Presidência da República abrira procedimento preliminar para “invesigar” Erenice, Serra levou o pé atrás:
"O que eles têm que fazer é abrir, é dar transparência. Abrir uma investigação séria, não de fachada".
No debate da véspera, promovido pela Folha e pela Rede TV, Dilma dissera que não admitiria ser julgada por acusações feitas contra o filho de uma ex-assessora.
Servira-se de uma meia verdade ao dizer que a denúncia era contrea Israel Guerra, filha de sua sucessora na Casa Civil. Em verdade, o caso envolve também Erenice.
Dima destoara do tom habitual. Antes, só se referia à gestão Lula como “nosso governo”.
Agora, submetida a um episódio que traz no epicentro sua ex-braço direito na Casa Civil, Dilma diz que cabe ao governo, não a ela, prover as explicações.
Serra também repisou o caso da violação do sigilo fiscal de tucanos, da filha Verônica e do genro Alexandre Bourgeois.
De novo, referiu-se a declarações feitas por Dilma no debate da véspera. A rival repetira que os sigilos foram quebrados em 2009, quando não era candidata.
E Serra: "A ideia de que ela não era candidata é hilariante. A Dilma, já desde meados de 2008, começou a campanha ao lado do presidente da República...”
“...Inclusive, quem tocava a Casa Civil, na prática, era precisamente a atual ministra da Casa Civil [Erenice Guerra...”
“...Isso até as paredes, os gramados da Esplanada, as lâmpadas aqui da OAB, todo mundo sabe disso".
Reiterou a acusação de que, por trás do “Fiscogate”, há propósitos eleitorais. Recordou notícia veiculada na Folha, que dera origem às investigações.
Nessa notícia, o repórter Leonardo Souza, informara que os dados fiscais do dirigente tucano Eduardo Jorge constavam de dossiê obtido no comitê de Dilma.
De resto, Serra voltou a criticar o “aparelhamento” da máquina pública. Disse que, eleito, pretende reestatizar o Estado.
Insinuou que, sob ocupação partidária, o Estado protege os amigos e persegue os inimigos.
"Aqueles que se dizem de esquerda hoje, que não são, eles menosprezam o Estado de Direito...”
“...Passam por cima dele não para fazer transformação ou revolução, mas para defender a impunidade, acobertar os seus crimes. Essa é que é a situação".
Não disse palavra sobre o fisiologismo praticado sob FHC. Tampouco mencionou que está aliado a partidos como o DEM e o PTB, historicamente vinculados à prática.








